03/09/2007

Vale: investidor não deve temer plebiscito sobre reestatização, diz analista

Os investidores que possuem aplicações nas ações da Vale do Rio Doce ou nos fundos que utilizam recursos do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) para investir na mineradora não devem temer o "plebiscito" realizado nesta semana que pede a reestatização da companhia, dizem analistas.

Organizado pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), a Via Campesina e a Central Única dos Trabalhadores (CUT), a consulta popular visa iniciar um processo de anulação do leilão que tornou a companhia privada em 1997.

O movimento também ganhou apoio do Partido dos Trabalhadores (PT) e da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). A consulta será realizada pelos grupos entre os dias 1º e 7 de setembro.

Vendida por US$ 3,3 bilhões
À época, o Consórcio Brasil, liderado pela Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), venceu o leilão adquirindo 41,73% das ações ordinárias do Governo Federal por US$ 3,338 bilhões. Hoje, a companhia possui um valor de mercado aproximado em US$ 120 bilhões.

A pergunta que estará impressa nas cédulas é a seguinte: "Em 1997, a Companhia Vale do Rio Doce - patrimônio construído pelo povo brasileiro - foi fraudulentamente privatizada, ação que o Governo e o Poder Judiciário podem anular. A Vale deve continuar nas mãos do capital privado?".

Sem impacto
"Eu não vejo impacto nas ações por causa disso", avalia Ricardo Tadeu Martins, analista da corretora Planner. Segundo o especialista, os investidores que possuem investimentos na companhia, como aplicações com recursos do FGTS, não devem temer a notícia.

Os papéis da Vale estão entre os mais negociados na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), com um peso de aproximadamente 13% no total do índice. A Petrobras, por exemplo, tem participação de 16%.

"Uma consulta à população é normal. Agora, seguir com o procedimento de reestatização é outra história", afirma Martins. Atualmente, do capital total da Vale do Rio Doce, 32,5% está detido com a Valepar, 5,5% com o Governo Federal, 4,2% nas mãos do BNDESPar, 1,3% no Tesouro Nacional e 62,1% estão em negociação no mercado (Free Float).

Relatório publicado pelo Banco Santander nesta segunda-feira também mostra o ceticismo dos analistas em relação ao efetivo impacto da consulta. "Para o mercado, a Resolução [do PT] apoiando o plebiscito sobre a privatização da Cia. Vale do Rio Doce deve ter impacto limitado", diz o banco.

Nesta segunda-feira, as ações ordinárias da mineradora (VALE3) operam em alta de 0,94%. As preferenciais de classe B (VALE5) registram valorização de 0,66%.

Fonte: InfoMoney