26/08/2011

Gestoras de fortunas perderam quase 14 mil profissionais nos EUA

Por Joseph A. Giannone

O setor de administração de fortunas dos Estados Unidos está encolhendo e perdendo legiões de consultores, justo no momento em que a demanda por seus serviços aumenta. As fileiras de corretores e consultores de investimentos que trabalham em corretoras, bancos, seguradoras e empresas independentes perderam quase 14 mil profissionais, ou 4,1% do total no ano passado. É o que mostra o mais novo relatório da Cerulli Associates, que monitora a movimentação de pessoal e ativos entre as companhias dos Estados Unidos.

Enquanto isso, as quatro maiores corretoras do país - Morgan Stanley Smith Barney, Merrill Lynch Bank of America, Wells Fargo Advisors e UBS Wealth Management - estão perdendo consultores e clientes para corretoras e consultores de investimentos independentes, segundo a Cerulli.

Isso significa que as grandes companhias de Wall Street, que durante anos pagaram mais para recrutar os melhores corretores e consultores umas das outras, provavelmente terão despesas maiores, afirma Bing Waldert, analista da Cerulli.

Dentro do setor, "a população de consultores não cresce há algum tempo e seu encolhimento se acelerou em 2010", afirma Waldert, um dos autores do renomado relatório.

A queda da força de trabalho, depois de anos de estagnação, reflete em parte uma população de consultores que se aproxima da idade de aposentadoria. Também revela a convulsão sofrida pelos corretores e consultores habilidosos cujos meios de vida foram afetados pela grande crise financeira.

Os bancos e outras partes da indústria da administração de fortunas empregavam cerca de 320.000 consultores no fim do ano passado, número que mudou pouco em sete anos. Até 2015 o número total poderá encolher em outras 8 mil pessoas, para cerca de 312.000 consultores. "Isso levanta dúvidas sobre como o setor vai tirar vantagem de todos os 'baby boomers' que caminham para a aposentadoria, se as firmas não conseguirem novos talentos", diz ele.

As grandes corretoras nacionais, "wirehouses" no jargão do setor, estão perdendo consultores, que estão saindo em busca de salários maiores e um maior controle sobre suas práticas, o que eles conseguem sendo corretores independentes, diz Waldert.

Nos últimos quatro anos, o número de consultores de investimentos registrados (RIAs) cresceu quase 7% ao ano, enquanto o número de corretores contratados pelas grandes firmas nacionais caiu 3,7%.

No entanto, a tendência de ruptura é menos dramática que o normalmente apresentado. A movimentação está em queda dramática desde que números recordes de corretores mudaram para concorrentes depois da crise financeira de 2008.

No geral, as corretoras independentes registram uma queda de menos de 1% no número de funcionários desde 2007. Uma consolidação entre as firmas menores com dificuldades e uma desaceleração nos recrutamentos compensaram os ganhos obtidos por grandes concorrentes como a LPL Investment Holdings. "Há uma tendência muito real e secular em direção à independência", continua Waldert, com os consultores que trabalham por conta própria ganhando cerca de um ou dois pontos porcentuais em participação de mercado a cada ano, às custas das corretoras nacionais e regionais.

No ano passado, os consultores autônomos representaram 41% do número de profissionais do setor, em comparação a 37% em 2004. O número de consultores registrados (RIAs) cresceu 6,7% nos últimos três anos, à medida que um número crescente de investidores vem procurando consultores que não trabalham com base nos negócios e nas vendas de produtos.

Os ativos gerenciados por corretores e consultores independentes cresceram de 30% para quase 35% em apenas quatro anos. Certamente, os bancos de Wall Street vêm contratando centenas de profissionais menos gabaritados para reduzir os custos e reforçar os lucros.

As corretoras regionais, um grupo que inclui a Raymond James Financial e a Edward Jones, viram seus quadros de consultores encolher em quase 4 mil, ou 10%, no mesmo período. E o encolhimento continuará para as quatro grandes firmas. A Cerulli prevê que a participação de mercado dessas firmas vai cair 7 pontos porcentuais até 2013, deixando-as com 35% dos ativos dos clientes no âmbito setorial. Pela mesma medida, os consultores registrados vão aumentar sua participação em 2,5 pontos, para 14%.

As corretoras independentes, ultimamente alvos de aquisições, deverão aumentar sua participação de mercado em 2 pontos para 18% dos ativos nos próximos anos, afirma a Cerulli.

Executivos das grandes corretoras afirmam que a tendência de ruptura está sendo exagerada. De fato, eles comandam duas vezes mais ativos que as corretoras independentes. Mesmo assim, as grandes firmas enfrentam a difícil tarefa de aumentar suas forças de vendas e preservar posição de mercado. "O setor precisa descobrir como atrair de maneira proveitosa novos talentos", diz Waldert. "As pessoas não vêm para as wirehouses de outros canais, esta é uma rua de uma mão só".

 

 

 

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