30/09/2011

Cambio e Juros

O governo deu condições para que o Banco Central reduza "cautelosamente" a taxa básica de juros, disse hoje em evento em São Paulo a presidente Dilma Rousseff.

O governo não vai manipular a taxa de câmbio, ainda que veja risco de aumento do protecionismo por conta da crise financeira internacional, disse hoje em evento em São Paulo a presidente Dilma Rousseff.

Fonte: Bloomberg

Juro baixo, dividendo alto

Por Antonio Perez | De São Paulo

 


As "viúvas da bolsa" estão rindo à toa. Nos últimos meses, as ações de empresas boas pagadoras de dividendos - apelidadas justamente de "papéis de viúva", por rechearem as carteiras dos investidores menos afeitos ao vaivém alucinante dos pregões - deram um baile no Índice Bovespa. Um bom exemplo é a Carteira Valor de Dividendos, composta por cinco papéis selecionados a partir da indicação de dez corretoras. Entre 17 de maio, data da última edição do portfólio, e ontem, a Carteira Valor de Dividendos subiu 5,81%, ao passo que o Ibovespa tombou 16,16%.

Ampliar imagem

 

O grande aliado das viúvas nos últimos meses foi, ironicamente, a crise externa, que afastou os investidores, sobretudo os estrangeiros, de Vale, Petrobras e dos bancos, que dominam o Ibovespa. Em momentos conturbados, as ações de dividendos tendem a ter um desempenho positivo, já que garantem "dinheiro no bolso" do investidor, explica Sandra Peres, analista da corretora Coinvalores, que passa, a partir de agora, a integrar a Carteira Valor de Dividendos, em substituição à Link Investimentos. "E com esse cenário ruim lá fora, essas ações devem continuar a atrair o investidor", diz Sandra.

Não bastassem os ventos externos, as viúvas acabam de ganhar um aliado doméstico: a disposição do Banco Central (BC) em reduzir a extravagante taxa Selic, hoje em 12% ao ano. A perspectiva dos analistas é que a Selic termine 2011 entre 10% e 11%. Com isso, a remuneração que o investidor recebe apenas com dividendos, parte do lucro distribuído aos acionistas, passa a rivalizar com os ganhos das aplicações mais conservadoras.

Com a Selic menos gorda, os fundos DI, por exemplo, a depender da taxa de administração e da alíquota do imposto de renda sobre os ganhos, vão render menos que 9% ao ano. A campeã em indicações da Carteira Valor de Dividendos, a ação preferencial (PN, sem direito a voto) da geradora de energia AES Tietê, recomendada por oito corretoras, tem um "dividend yield" (medida da remuneração com dividendos) estimado em torno de 10%. Trocando em miúdos, se o investidor comprar R$ 10 mil em papéis da AES Tietê, deverá levar para casa, em um ano, R$ 1 mil apenas com o pagamento de dividendos, sem contar a variação no preço da ação.

Essa comparação entre o rendimento das aplicações conservadoras e o proporcionado pelo "dividend yield" leva em conta o chamado ganho nominal, ou seja, antes de descontar a inflação. Com a queda da Selic e a inflação no nível atual, o ganho real (já descontada a alta dos preços) dos fundos DI tende a encolher. O mesmo raciocínio vale, em tese, para os dividendos. Em tese, porque na prática as receitas das boas pagadoras de dividendos, como companhias de energia elétrica, são corrigidas pela inflação. A tendência, portanto, é de que, no médio e longo prazos, o preço das ações dessas empresas acompanhe o ritmo da inflação.

Um bom exemplo é a própria AES Tietê. A "queridinha" das corretoras tem como grande trunfo uma geração de caixa estável graças a um contrato de fornecimento de energia à Eletropaulo até 2015, corrigido anualmente com base na variação do Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) dos 12 meses anteriores. "Com isso, o caixa da empresa tende a se beneficiar caso haja uma alta dos preços", afirma Cristiane Fensterseifer, analista do banco Geração Futuro, que estima um "dividend yield" de 10,3% para este ano e de 10,9% para 2012.

As grandes dúvidas em relação à AES Tietê giram em torno de dois pontos. Primeiro, a remuneração dos contratos de fornecimento após o fim do acordo com a Eletropaulo. Segundo, a perspectiva de que a empresa seja obrigada a acelerar investimentos para expandir a capacidade de geração, conforma estabelecido pelo Estado de São Paulo à época da privatização da companhia, em 1999.

No primeiro caso, Cristiane lembra que, além de a mudança ainda demorar a ocorrer, os novos contratos, mesmo tendo preços inferiores, ainda serão vantajosos para a companhia. No segundo caso, a empresa já tem um projeto de construção de uma termelétrica a gás que supre as exigências e que não exige grandes desembolsos. "No médio prazo, a empresa continua sem dívidas e com uma geração de caixa muito previsível, o que permite distribuir quase 100% do lucro ao acionista", afirma a analista da Geração.

Em segundo lugar em indicações para a Carteira Valor de Dividendos, com sete recomendações, aparecem as ações PN da Telesp, que caíram nas graças dos analistas após a fusão com a Vivo, também do grupo espanhol Telefónica. A Itaú Corretora, por exemplo, estima "dividend yield" de 6,8% para este ano e de 9,3% para 2012. Os analistas de telecomunicação da corretora, Susana Salaru e Carlos Constantini, destacam as expectativas de forte crescimento e expansão das margens, refletindo as sinergias operacionais com a fusão. Eles têm preço-alvo de R$ 65,20 para as ações da companhia, alta potencial de 33,88% ante o fechamento de ontem, a R$ 48,70.

Terceira mais recomendada na Carteira Valor de Dividendos, com cinco indicações, os papéis PN da Transmissão Paulista têm "dividend yield" estimado em 11,50% pela Planner Corretora. É uma empresa com forte geração de caixa e receita muito previsível, diz Mario Mariante, chefe de análise da Planner. Ele tem um preço-alvo de R$ 54 para a ação da companhia, valorização esperada de 10,9% ante o fechamento de ontem, a R$ 48,69. "O nível de preço atual da ação é um ponto interessante de entrada para o investidor que busca dividendos", afirma Mariante.

 

 

Nadir Figueiredo compra Santa Marina

Por Adriana Mattos | De São Paulo

Nadir ficará com suas duas fábricas - em Suzano (foto) e em São Paulo - e mais duas do grupo Saint-Gobain

A Nadir Figueiredo assinou na tarde de ontem contrato de compra da Santa Marina, divisão de utilidades domésticas controlada pelo grupo francês Saint-Gobain. Com o negócio, a centenária Nadir Figueiredo fortalece a atuação mundial e se torna a maior fabricante de vidros ocos do Brasil, com faturamento bruto anual que deve superar R$ 700 milhões em 2011. A empresa não informou o valor da operação.

Os recursos para a aquisição devem vir do caixa da Nadir, e de linhas de financiamento em bancos e no BNDES. O negócio envolve a aquisição das marcas Marinex, Duralex e Santa Marina, que em alguns segmentos chegam a ter mais de 60% de participação de mercado no Brasil. "Nós perguntamos se eles queriam vender, e eles aceitaram. Foi uma longa negociação e temos muito a fazer pela frente ainda", disse, na noite de ontem ao Valor, Morvan Figueiredo de Paula e Silva, presidente da Nadir Figueiredo, empresa liderada pela quarta geração da família e que completa cem anos em 2012

Esta é a maior aquisição do grupo no país e foi anunciada após cerca de um ano de negociações. Uma antiga decisão da Saint-Gobain de sair desse mercado motivou a aproximação dos grupos. Com mais de R$ 6 bilhões de receita no Brasil, a Saint-Gobain quer focar a atuação local no segmento de material de construção e no varejo - a companhia controla a rede TelhaNorte e é dona das marcas Brasilit e Quartzolit. A Santa Marina, que fazia parte da divisão Saint-Gobain Vidros, existe no país há mais de 115 anos, segundo informa o site da empresa. Procurado, o comando da Santa Marina não foi localizado ontem.

Segundo apurou o Valor, o faturamento da Santa Marina deve ficar entre R$ 290 milhões e R$ 300 milhões em 2011. A Nadir Figueiredo faturou R$ 433 milhões em 2010 e analistas do setor esperam expansão de 10% para a companhia neste ano.

Ainda deve ser finalizada a due diligence da Nadir na Santa Marina e a expectativa é que no início de novembro esse processo termine. A partir daí, deve começar a integração dos negócios e das equipes de colaboradores. A Nadir diz que não deve demitir. "Para crescer, precisamos contratar e não cortar", afirma Silva.

A Nadir passará a operar com quatro fábricas no país - duas unidades da Saint-Gobain, em Canoas (RS) e São Paulo, e duas da Nadir, também em São Paulo e em Suzano (SP). A unidade da Nadir em Caçapava, no interior paulista, deve ser fechada e pode ser vendida. Já não havia produção no local, esclarece a companhia brasileira.

O presidente da Nadir não informou detalhes do ganho de sinergia com a aquisição e reforçou que o processo de integração das estruturas deve ser complexo. "Será algo difícil. Somos companhias que operam de forma diferente, da tecnologia à maneira de administrar [o negócio]. Não vai ser muito simples, mas achamos que daremos conta disso".

A aquisição é parte da estratégia de fortalecimento da Nadir no país e da internacionalização da companhia. Cerca de 45% da produção da Santa Marina é exportada e a companhia é a maior empresa de produtos de utilidades domésticas em vidro no país - mercado que a Nadir quer crescer. O segmento tem margem operacional mais alta que outros, como copos e pratos, com atuação forte da Nadir. A empresa brasileira é a fabricante mundial do copo americano.

"Passamos a ter marcas reconhecidas mundialmente e ganhamos escala para nos fortalecermos num negócio em que os concorrentes têm operaçôes globais", disse o empresário.

A companhia irá submeter a operação aos órgãos de concorrência, mas acredita que não haverá problemas para a aprovação. "O mercado da UD é enorme, tem produtos de plástico, por exemplo, de diversas empresas. Não acreditamos que teremos que vender nenhuma marca", conta.

 

 

Research
Research & Institucional

 

Um Investimentos
Corretora de Valores
Av. Chedid Jafet, 222/Bl. A - 4° andar. CEP: 04551-065 - São Paulo - SP – Brasil

T +55 11 3525-3525

calls@eum.com.br | www.uminvestimentos.com.br

 

Falta convencer

Celso Ming

O Banco Central, presidido por Alexandre Tombini, seguirá enfrentando dificuldades para convencer os “fazedores de preços” de que a inflação ficará sob controle, a ponto de convergir para a meta de 4,5% ao longo de 2012.

Como ficou claro na ata da última reunião do Copom, as apostas do Banco Central se concentram no que ele entende como consequências desinflacionárias da forte deterioração econômica dos países ricos – que prefere chamar de “economias maduras”.


Tombini. Apostas arriscadas (FOTO: ED FERREIRA/AE )

É o que está no Relatório de Inflação de setembro, divulgado nesta quinta-feira. Uma peça, desta vez de 145 páginas, que se propõe a examinar todos os fatores que, direta ou indiretamente, agem sobre os preços internos.

A piora da crise externa tem, de fato, probabilidade de produzir baixo crescimento nos países avançados. Esse, por sua vez, é um fator que deve manter achatada a demanda mundial de matérias-primas, energia e alimentos.

Em consequência, os preços dos produtos industrializados em escala global tendem a se manter estáveis ou em queda; as encomendas dos países industrializados ao exterior, provavelmente, se retrairão; e o resultado básico é de uma inflação internacional muito baixa ou em retração. Assim, resumidamente, a aposta do Banco Central é de que o colapso externo sobre a inflação externa agirá como freio na alta dos preços internos.

Embora não ignore o risco de aprofundamento da crise de confiança, o Relatório de Inflação não leva em conta que essa mesma situação também pode provocar uma fuga de capitais, portanto, uma disparada das cotações da moeda estrangeira no câmbio interno – como a das últimas três semanas. Não está considerada a possibilidade de que a desvalorização do real (alta da cotação do dólar) encareça os produtos importados e, na contramão do sugerido, produza mais inflação interna.

Mas há outros elementos a avaliar. O Banco Central reconhece que o avanço do consumo interno está mais rápido que o da capacidade de oferta do sistema produtivo – o que atua contra o controle da inflação. E admite que o mercado de trabalho segue excessivamente aquecido; que os salários vêm sendo reajustados bem acima dos ganhos de produtividade interna; e que o grande crescimento da massa salarial também pressiona os preços. Mas, por outro lado, vê “sinais de moderação” e reforça a crença na convergência da inflação para a meta, conclusão pouco condizente com as premissas assumidas.

Em outro item, parece haver um engano: o atual avanço do crédito, 19,4% ao ano, continua acima do planejado, 15%. Mas, fora do Relatório, o Banco Central aponta para uma expansão de 17% em 12 meses, o que não deixa de ser mais um estimulador excessivo do consumo.

Isto posto, o que esperar dos juros? Surpreendentemente, o Banco Central avisa que ninguém deve contar com uma farta safra de cortes, como transpareceu na última Ata do Copom. Ao contrário, fala em “ajustes moderados, consistentes com a meta de inflação de 2012”.

Aposta é aposta. E o Banco Central pode até acabar acertando em suas avaliações. No entanto, a incompatibilidade entre o que enxerga e seus desdobramentos sobre os preços não o ajuda a recuperar a condução das expectativas.

Até agora, o Banco Central foi obrigado a rever para cima todas as suas projeções oficiais de inflação de 2011. Se esteve equivocado até agora, o que garante que vá acertar em 2012?

CONFIRA

Mais magro. O Relatório de Inflação reviu para baixo a evolução do PIB neste ano, de 4,0% para 3,5%. E, sem citar números, espera que a paradeira externa trabalhe como um breque também na atividade interna em 2012. No entanto, o Ministério do Planejamento continua cravando avanço do PIB de 4,5% em 2011 e de 5,0% no próximo ano.

É, mas pode não ser. A aposta básica do Banco Central é a de que os preços das commodities passarão a ser contidos pela crise externa, que tenderia a derrubar a demanda. Mas o Banco Central não exclui outra hipótese, a de os grandes bancos centrais optarem por uma “nova rodada de ações monetárias não convencionais” (afrouxamento quantitativo), as quais foram vistas como elemento de apoio para a escalada dos preços das commodities.

A outra aposta. Embora 2012 seja ano eleitoral – historicamente mais propício a gastanças –, o Banco Central aposta no respeito ao superávit primário e na convergência da inflação para meta.

 

 

 

Cesp tem de pagar R$ 100 mil ao dia por suspender obra em MS



DE SÃO PAULO -
A Cesp (Companhia Energética de São Paulo) foi condenada a pagar R$ 100 mil por dia por ter paralisado obras de contenção de encostas no município de Anaurilândia (MS). A obra foi determinada pela Justiça e tem como finalidade interromper o processo de erosão da margem direita do lago da usina de Porto Primavera.
A estatal paulista havia sido condenada a estabilizar 33 quilômetros de margens, mas interrompeu as obras após ter decidido não fazer novo aditivo a um contrato com a Construtora Camargo Corrêa.
Segundo decisão da Justiça de MS, a multa de R$ 100 mil vigora desde o dia 20 de julho, quando a obra foi interrompida. O valor da multa já está em R$ 7,3 milhões.
A decisão judicial ainda determina a retomada das obras em até 30 dias, sob pena de a multa diária passar para R$ 150 mil. O presidente da Cesp, Mauro Arce, disse à reportagem da Folha que a estatal irá recorrer da decisão e negou a acusação da Justiça de que esteja usando de "malícia" ou de "meios artificiosos" para não executar a obra.
"Não posso contratar sem licitação, que já está em curso. Então, não estamos usando subterfúgio para não fazer a obra", diz Arce. A estatal paulista responde a cerca de 3.500 ações judiciais. Cerca de 80% desses processos pedem algum tipo de indenização. Arce explica que esse conjunto de ações pede indenizações equivalente ao total dos ativos da companhia -R$ 7 bilhões.
Anaurilândia é a cidade mais atingida pela erosão provocada pelo lago de Porto Primavera.

 

 

 

Gestores fundem carteiras para esconder fraco retorno

 

Autor(es): Por Alice Ross | Financial Times.

Valor Econômico - 30/09/2011

 

 

Consultores financeiros estão acusando gestores de recursos de continuarem fundindo seus fundos com fraco desempenho com outros melhores, com a finalidade de ocultar o verdadeiro histórico dessas carteiras. Essas reclamações ocorrem no momento em que uma nova pesquisa revela que as fusões de fundos estão novamente em alta - com a previsão de que 50 carteiras deverão desaparecer das tabelas de desempenho somente neste ano.

Dados da Lipper mostram que 39 fundos de investimento foram fundidos a outros gerenciados pela mesma instituição no ano passado, enquanto 81 foram completamente fechados. Em 2009, quando muitos fundos encolheram a tamanhos impossíveis de serem mantidos, após a crise financeira, houve 56 fusões de portfólios e 127 foram fechamentos.

Com o aumento da volatilidade do mercado, as fusões passaram a ocorrer com mais frequência. A Lipper calcula que, até o fim de julho, elas somaram 29 e o número deverá subir para 50 até o fim do ano. A instituição projeta que outros 72 serão fechados até lá.

As empresas que gerenciam fundos de investimento tendem a fechar ou fundir portfólios com concorrentes de melhor desempenho após um período de atuação fraca - ou quando eles ficam tão pequenos que seus custos fixos levam suas despesas a níveis não competitivos.

"Com muita frequência, isso é uma desculpa para se conseguir ocultar um desempenho fraco, ou porque um fundo ficou pequeno demais", afirma Justin Urquhart Stewart, da 7 Investment Managers. "Quando uma carteira é fundido silenciosamente a outra, ou tem seu nome mudado, as pessoas do fundo original podem se ver em algo completamente diferente. Isso se tornou uma norma no setor e eu acho que não está certo."

Várias gestoras conhecidas fundiram carteiras recentemente. Nos 12 meses até o fim de abril, o Schroder Pacific proporcionou um retorno de 8,3% para os investidores, antes de ser absorvido pelo Schroder Asian Alpha Plus, que teve ganho de 17,2%.

O Henderson Multi-Manager Tactical Fund perdeu 1,6% antes de ser combinado com o Henderson Multi-Manager Active Fund, que teve rentabilidade de 6,8% no mesmo período de tempo.

E antes de ser fundido ao F&C UK Alpha, que proporcionou um retorno de 22,6% para os investidores, o F&C UK Opportunities Fund teve alta de apenas 14,3%.

Entretanto, Ed Moisson, diretor de análise de fundos da Lipper, afirma que fundir um portfólio nem sempre é uma coisa ruim para os cotistas. "Um grande número de investidores fecha os olhos e não liga para os comunicados de seus fundos, de modo que eles podem estar tendo um desempenho inferior sem saber disso. Se o setor lidasse com isso de uma maneira preventiva, isso poderia ser uma coisa boa", afirma ele.

Mesmo assim, Moisson admite que as fusões também podem ser um sinal de que os gestores de fundos foram rápidos demais ao seguir uma tendência e lançar fundos para aproveitar o sentimento do público - sem considerar se tinham ou não algum conhecimento específico na área.

"A bolha tecnológica é o melhor exemplo: houve um grande repique nos fundos de tecnologia que aconteceu tarde demais e muitos deles nem deveriam ter sido lançados", afirma Moisson.

O fechamento de fundos com desempenho fraco também cria um "viés de sobrevivência", em que o desempenho de longo prazo de fundos com gestão ativa parece mais promissor, uma vez que as carteiras com fraco desempenho foram ocultadas.

Cartas enviadas por gestores de fundos a investidores e consultores informando-os sobre fusões ou fechamentos também vêm provocando confusão.

Na semana passada, a Franklin Templeton enviou uma carta aos investidores informando-os sobre os planos de fusão do Rensburg UK Select Growth Trust, um fundo mútuo, em um novo "subfundo" da Franklin Templeton. A carta informou que as despesas continuariam as mesmas, no valor de 1,5% ao mês.

Mas um investidor descobriu que o novo fundo terá uma "despesa de administração" de 0,05% ao ano. "Os cotistas do fundo mútuo estão sendo solicitados a votar uma mudança que levará a um aumento das despesas", diz Moisson. "Isso, por si só, já é ruim, mas piora pelo fato de que isso envolve um fundo que vem tendo um desempenho bem mediano", diz o executivo.

A BNY Mellon escreveu a consultores financeiros na semana passada para informá-los dos planos de fusão dos fundos Newton Growth Fund e Newton Income Fund em uma nova carteira chamada de Newton UK Equity Fund.

Contribuindo para a confusão sobre os nomes dos fundos, um porta-voz disse que o Newton Income Fund era, na verdade, um "fundo de growth" - aquele que aposta em ações com bom potencial de valorização - do setor UK All Companies.

David Barnett, analista financeiro independente de Middlesex, diz que a carta que ele recebeu da BNY Mellon sobre a fusão dos fundos não estava clara. "Nunca recebi uma carta desse tipo tão confusa", diz ele. "Ela faz você imaginar o que eles estão fazendo com os portfólios - por quê eles estão fazendo essa confusão com os fundos?"

A BNY Mellon disse que mais informações serão enviadas para os investidores oportunamente, uma vez que as fusões são apenas uma proposta no estágio em que estão. Mas Urquhart Stewart, da 7 Investment Managers, acredita que parte do problema poderia ser resolvido se os investidores prestassem mais atenção ao desempenho de suas carteiras, antes que um gestor pense em fechá-las.

"Acho que os investidores deveriam observar o que seus portfólios estão fazendo, e se não estiverem fazendo o que deveriam estar, eles devem se mudar para outro lugar", aconselha.

 

 

 

 

Montadoras disputam executivos experientes

Por Dauro Veras | Para o Valor, de São Paulo

Depois de atuar por dez anos na empresa sueca Volvo, o diretor de pós-venda Vitor Franchini aceitou proposta para ganhar 60% a mais na chinesa Chery

Mesmo com o recente aumento do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) anunciado pelo governo para o setor automotivo, a movimentação de executivos na área que já está em curso deverá se intensificar em 2012. A expectativa é que o número de fábricas de automóveis no país salte de 26 para 35 até 2014. Por essa razão, profissionais com experiência em cargos de comando nesse segmento ou em áreas correlatas já estão sendo sondados pelos headhunters. Os mais demandados são os que ocuparão o topo da pirâmide e os de marketing e vendas.

O presidente da montadora de origem japonesa Suzuki Veículos, Luiz Rosenfeld, informou que o aumento do IPI não afetará o plano de construção da fábrica no município de Itumbiara, em Goiás. O empreendimento tem inauguração programada para o segundo semestre de 2012. Com ele, a empresa passará a produzir os veículos no Brasil, o que deve diminuir o impacto frente às medidas anunciadas. "A construção da fábrica representa um marco decisivo na consolidação e expansão da marca no Brasil", diz Rosenfeld. "A Suzuki pretende crescer de forma sustentável, com solidez e segurança."

Em julho, a montadora chinesa Chery International lançou a pedra fundamental de uma fábrica em Jacareí (SP). Com investimento de US$ 400 milhões e inauguração prevista para setembro de 2013, deve gerar 1.200 empregos diretos na primeira fase e até 4 mil em cinco anos. A empresa informou que a manterá o preço de seus veículos sem o reajuste do IPI até o fim do estoque. No dia 20 de setembro, a Venko Motors, responsável pela distribuição dos veículos da marca, obteve na Justiça Federal em Vitória uma liminar que adia por 90 dias a cobrança do aumento de 30 pontos percentuais sobre o imposto. Em nota, a companhia diz que a medida foi adotada "como alternativa momentânea para a sobrevivência das 90 concessionárias Chery que empregam mais de 3 mil colaboradores."

Com duas décadas de experiência no setor, o administrador e pós-graduado em economia Vitor Franchini, 45, é um dos beneficiados pela chegada das novas montadoras. Em maio, trocou a direção de pós-vendas na Volvo Automóveis, onde trabalhava havia dez anos, pelo mesmo cargo na Chery. Embora o salário 60% maior tenha influenciado bastante na mudança, ele diz que o fator decisivo foi o desafio: "Na proposta ficou claro que eu teria boas chances de contato com o mercado chinês, que vai crescer muito no Brasil". Em novembro, Franchini vai participar de um grande evento de pós-venda em Xangai, com a presença de executivos de todos os países onde a empresa atua. A Chery quer chegar a 150 concessionárias em 2012. Para isso, vai ser necessário contratar mais executivos. "Buscamos profissionais com capacidade empreendedora, boa comunicação, criatividade e disposição para trabalhar sob pressão", acrescenta.

Entre R$ 3,5 bilhões e R$ 4 bilhões serão investidos pela Fiat na nova fábrica em Goiana, a 65 km de Recife. A montadora italiana informa que vai priorizar contratações locais, sempre que possível. Existem oportunidades em diversas profissões como engenharia, design, administração, ciências contábeis, economia, ciência da computação, comunicação social, direito, relações públicas, relações internacionais e psicologia. Além do repertório técnico para o exercício da função e do perfil adequado aos valores corporativos, a empresa considera como atributo indispensável a excelência na capacidade de liderar pessoas.

Outras fabricantes de veículos que anunciaram projetos no país são a sul-coreana Hyundai, a chinesa JAC, as japonesas Toyota e Nissan e a uruguaia Effa, que terá duas parcerias com a chinesa Lifan. Com a instalação dessas fábricas, os investimentos estrangeiros do setor automobilístico brasileiro devem superar US$ 5 bilhões. Hoje, o Brasil ocupa a quinta posição entre os fabricantes de automóveis, atrás da China, Estados Unidos, Japão e Alemanha. O mercado nacional, porém, está em expansão. No primeiro semestre, as vendas foram 9,5% superiores ao mesmo período de 2010. Executivos que conhecem o ramo e focam em resultados são elementos-chave na estratégia dessas companhias.

"Quando era diretor de uma agência de propaganda, fui procurado por uma empresa de hunting que monitorava meu currículo desde a época em que trabalhei na Fiat", conta o publicitário Carlos Murilo Moreno. Ele foi negociar a proposta com três condições: queria trabalhar no varejo, que a empresa atuasse no país inteiro e que o desafio fosse grande. Depois de sete entrevistas, foi contratado como diretor de marketing da Nissan, com a missão de tornar a marca conhecida no Brasil. A estratégia foi, a princípio, comparar-se aos competidores mais lembrados em diferentes categorias. "Em certa altura, passamos a falar mais de nós mesmos. Foi aí que surgiram os 'pôneis malditos', que superaram as expectativas."

A ousada campanha publicitária já foi vista mais de 13 milhões de vezes na internet. Em agosto, houve recorde de vendas do veículo: 1.488 unidades, 110% a mais que no mesmo período em 2010. Em toda a linha, as vendas aumentaram 81% e a lembrança da marca triplicou. A participação no mercado, que era de 1% em 2010, chegou a 1,8% em agosto e a meta é atingir 5% em 2014. "Estamos finalizando o processo de escolha do local da nova fábrica no Brasil, com capacidade para 200 mil carros/ano. Devemos contratar em todas as áreas", diz. Nos últimos meses, foram preenchidas vagas em logística, vendas, engenharia e departamentos jurídico e financeiro.

O engenheiro mecânico e consultor Ricardo Cipullo, 52 anos, estuda proposta que recebeu de uma montadora com planos de se instalar no país. Seu currículo o credencia. Com 30 anos de carreira na indústria automobilística, foi executivo da Ford do Brasil, diretor-superintendente da divisão de componentes automotivos do Grupo Iochpe-Maxion e presidiu por 11 anos a Brose do Brasil em Curitiba. Ele acredita que esse é apenas o início do processo de contratações locais de alto nível. "Em um primeiro momento, a multinacional traz muita coisa pronta do país de origem. Só depois é que o executivo brasileiro passa a ter importância maior", diz. A consolidação do empreendimento leva de cinco a sete anos, mais ou menos o ciclo de um produto.

Os salários são altos. Não é incomum um executivo brasileiro da indústria automobilística receber R$ 1 milhão por ano. "Provavelmente, é uma remuneração maior que a do chefe dele no exterior. Isso gera situações curiosas como a de profissionais que são promovidos para a matriz, mas não ganham aumento", relata Cipullo. Para ele, a maior carência é na área de engenharia, cujo salário inicial mais que dobrou nos últimos três anos. Com cinco anos de experiência, ganha-se em torno dos R$ 9 mil.

A carência de executivos experientes também é observada por Stephan Keese, sócio da empresa de consultoria Roland Berger. "Indústrias asiáticas, em especial, têm dificuldades em recrutar", diz. "Conheço montadoras que ainda não conseguiram encontrar profissionais para setores como gerência de desenvolvimento das concessionárias e de pós-vendas". Conforme o local onde a montadora vai se instalar, o número de vagas para alta gerência é mais restrito, pondera o headhunter Márcio Bamberg. Com a experiência de quem liderou o processo seletivo da Chrysler no Paraná nos anos 1990, ele ressalta que o centro de decisões costuma ficar em São Paulo. Bamberg destaca a importância de investir nas redes de contatos, onde surge a maior parte das oportunidades, e adverte: "Esse perfil de profissional faz opção pela carreira, não pela família."

Toda negociação para o alto escalão tem a confidencialidade como característica. "Enviar o currículo direto à montadora expõe o profissional, o que diminui o seu poder de negociação", observa Luiz Alberto Panelli, sócio da consultoria Amrop Panelli Motta Cabrera. Ele orienta os candidatos a fazer uso discreto de sua rede de contatos ou do serviço de empresas de consultoria.

"Fizemos um trabalho para uma montadora buscando gerentes regionais de vendas", revela o sócio-diretor da Heidrick & Struggles Brasil, Dárcio Crespi. "Duas novas montadoras já nos procuraram", conta Jacques Sarfatti, sócio da consultoria Russell Reynolds. "Em geral, elas querem entender melhor o mercado e se aculturar ao Brasil". Sarfatti confirma que os salários dos executivos estão se elevando. "Desde o ano passado, é um incremento contínuo que já chega a 20%."

"O setor automobilístico é uma das áreas em que a competição tem sido mais acirrada", avalia André Kaufmann, presidente do Renaissance Executive Forum no Brasil, uma espécie de conselho consultivo com 70 integrantes - todos presidentes, CEOs ou donos de empresas. A formação de executivos tem sido tema recorrente nos debates. "De certa forma, os automóveis estão se 'comoditizando' ", afirma. "Isso faz com que os dirigentes sejam muito disputados e também pressionados em termo de resultados de curto prazo."

 

 

 

BB transfere suas atividades para SP e esvazia Brasília

 


DE BRASÍLIA -
A transferência de setores estratégicos do BB de Brasília para São Paulo gerou uma polêmica no governo. A avaliação é que esse movimento -iniciado nos últimos anos e que deve ser reforçado com a transferência de parte da área de marketing- confirma o esvaziamento da sede. A transferência deverá seguir o caminho de outras diretorias. Executivos do BB dizem que o objetivo é dar mais competitividade ao banco e reduzir custos (como passagens).
Mas, segundo a Folha apurou, as avaliações de esvaziamento -que irritaram a presidente Dilma Rousseff- levam em conta mais a importância das áreas que passariam a se concentrar em São Paulo.

 

 

 

O poder da classe C

Por Jacilio Saraiva | Para o Valor, de São Paulo

Pequenas e médias empresas redefinem preços e redesenham mercadorias para atender a classe C. De acordo com especialistas em marketing e finanças ouvidos pelo Valor, setores como capacitação profissional, alimentação, comércio e informática têm as mais chances de aproveitar o filão, que ganhou maior poder de compra graças a políticas públicas de distribuição de renda, como o Bolsa Família, à expansão do crédito e do emprego.

Pela primeira vez, a camada social que abrange mais de 90 milhões de pessoas corresponde a quase metade da população brasileira. Segundo dados da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE), com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), são consumidores com renda mensal familiar de R$ 1 mil a R$ 4 mil.

De olho nesse público, além de criar novas linhas de produtos, os empreendedores de menor porte querem expandir atividades em pequenas cidades e polos econômicos regionais. Segundo pesquisa da consultoria Data Popular, especializada em baixa renda, três de cada dez pessoas que entraram na nova classe média estão no Nordeste.

Para Henrique Santos, planejador estratégico da agência de publicidade Rae,MP, que atende shoppings populares, as pequenas marcas podem tornar-se as preferidas da classe C, pela boa relação custo-benefício. "Mas um dos grandes desafios é conquistar o público feminino. 56% das mulheres desse extrato da população sonham em consumir roupas e acessórios de grifes conhecidas."

Na Touch Watches, rede de lojas de relógios populares com tíquete médio de venda de R$ 145, 75% dos produtos são destinados à classe C. "Esses compradores sempre estiveram no nosso foco", diz Bruno Lattari, dono de sete quiosques em São Paulo. No ano passado, o empresário faturou R$ 1,5 milhão e a previsão para 2011 é chegar a R$ 2,8 milhões de faturamento. "Metade dos negócios deve ser obtida com os novos clientes", prevê.

Para atrair mais consumidores, a marca desenvolve produtos para o público infanto-juvenil e uma linha de óculos de sol. No próximo ano, além de quiosques, Lattari deseja abrir as primeiras lojas no cobiçado setor de shopping centers.

Na visão de Rodrigo Geammal, diretor da Elos Cross, agência especializada em marketing de resultados, a receita de sucesso no setor emergente não se limita a conseguir oferecer preços baixos. "O preço não é o único fator de decisão de compra da população de baixa renda", avisa. "As pessoas desejam ser percebidas e pertencer a uma segmentação com características próprias. Assim, o mercado precisa entender as novas demandas e bolar estratégias que encantem o comprador."

Na Vallor Urbano, de venda de loteamentos residenciais, a meta é expandir contratos para as regiões Norte e Nordeste do país, em cidades com aproximadamente 100 mil habitantes ou em centros regionais que vivem fase de crescimento econômico. Até 2017, a organização, que faturou R$ 20 milhões em 2010, pretende lançar cinco mil unidades, anualmente.

"Cerca de 85% das receitas em 2011 virão da classe C", afirma Sérgio Guimarães Pereira Júnior, diretor da Vallor Urbano, que vende terrenos a partir de R$ 27 mil. "Os 15% restantes do faturamento total serão do segmento B, oriundo da nova classe média."

De acordo com Luiz Felizardo Barroso, consultor do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Estado do Rio de Janeiro (Sebrae-RJ) e presidente da Cobrart, de recuperação de ativos financeiros, os empresários interessados em explorar o arranque econômico da nova classe média precisam ter cautela nas formas de pagamento oferecidas.

"O prazo das prestações não pode ser muito dilatado e, mesmo assim, é preciso cercar-se de garantias", aconselha. Barroso afirma que há tendência de diminuição da inadimplência no setor. "A facilidade de obtenção de novos empréstimos levou à liquidação de outros financiamentos em atraso."

Em São José do Rio Preto (SP), a Finnance, companhia de 15 funcionários que trabalha com empréstimos pessoais, viu a participação da classe C nos negócios passar de 70% para 80%, nos últimos dois anos. "São clientes que utilizam todo o crédito que é oferecido, com operações de R$ 1 mil a R$ 5 mil", explica a diretora Gláucia Gallo Pereira, que pretende investir R$ 500 mil em 2012, com a abertura de franquias da empresa e um cartão de crédito próprio.

Também fundada no interior paulista, a Dr. Vedação, rede de franquias especializada em produtos de baixo custo para a construção civil, também faz planos de ampliação geográfica, impulsionados pela nova corrente de compradores.

Com duas lojas, em São Paulo e em Minas Gerais, a empresa criada no ano passado tem um portfólio de 400 itens, entre impermeabilizantes, ferramentas e selantes. "No próximo ano, a previsão é chegar a 20 unidades em funcionamento", diz o gerente de expansão da rede, Paulo Pedrini.

 

 

 

Confiança da indústria recua pelo nono mês consecutivo

Brasil Econômico   (redacao@brasileconomico.com.br)

 

A diminuição da confiança em setembro foi influenciada principalmente pela piora das perspectivas em relação aos próximos meses

 

Índice de Confiança da Indústria tem nona queda consecutiva em setembro e atinge menor patamar desde agosto de 2009.

O Índice de Confiança da Indústria (ICI) caiu 1,6% entre agosto e setembro de 2011, ao passar de 102,7 para 101,1 pontos, conforme informou nesta sexta-feira (30/9) a Fundação Getulio Vargas (FGV).

Após a nona queda consecutiva, o índice é o menor desde agosto de 2009 (100,2).

"A diminuição da confiança em setembro foi influenciada principalmente pela piora das perspectivas em relação aos próximos meses", explicou a entidade.

O Índice de Expectativas (IE) recuou 2,6%, para 99,2 pontos, ficando abaixo da linha divisória entre expectativas favoráveis e desfavoráveis pela primeira vez desde agosto de 2009 (99,1 pontos).

Já o Índice da Situação Atual (ISA) caiu 0,6%, para 102,9 pontos. Entre os quesitos integrantes deste índice, houve estabilidade nos que medem a satisfação com a situação dos negócios e o nível dos estoques, e queda no indicador do nível atual da demanda, que atingiu 102,3 pontos.

A proporção de empresas que consideram o nível atual de demanda como forte diminuiu de 14,9% para 14,0%, enquanto a parcela das que o avaliam como fraco aumentou de 10,6% para para 11,7%.

Entre os elementos que compõem o IE, o emprego industrial voltou a se destacar negativamente. Das 1.241 empresas consultadas, 17,7% preveem aumentar o efetivo de mão de obra nos três meses seguintes (contra 22,6% em agosto), enquanto 12,6% pretendem diminui-lo (contra 11,9%).

Por sua vez, o Nível de Utilização da Capacidade Instalada (Nuci) manteve-se em 83,6% em setembro.

 

 

BofA alerta sobre possível contaminação dos mercados para economia real

SÃO PAULO - Há uma crescente chance de que a economia real seja afetada pela atual turbulência enfrentada pelos mercados financeiros, alerta o Bank of America Merrill Lynch. Para os economistas Neil Dutta e Ethan Harris, o mercado tem funcionado no curto prazo como um indicador de riscos macroeconômicos ultimamente, perdendo parte de sua função como mero reflexo dos valores das companhias.

Assim, o risco reside nos seus efeitos no curto prazo, já que uma piora do sentimento do investidor leva a uma queda na atividade econômica. "Esse é o grande risco para a economia atualmente", destacam os economistas. Além disso, o poder que o mercado tem sobre as expectativas também implica em um aumento do custo do crédito, prejudicando novos investimentos. 

Pé está no freio
Investimentos e o mercado acionário, então, podem ser vistos como ciclicamente correlacionados, mas um não é causa o outro. Para os economistas do BofA, um executivo de uma empresa de capital aberto faz três perguntas quando olha para as ações: o preço do papel reflete o que eu já sei sobre a companhia? Ele reflete algo que eu não sei sobre a empresa? Ou o mercado está me informando algo sobre a economia?

E enquanto as duas primeiras questões transformam o mercado em um informante passivo, a terceira o transforma em ativo, algo cada vez mais comum. A recente turbulência que fez com que os valuations das empresas importassem menos do que o risco macroeconômico. "Investidores podem ter visões futuras afetando os preços atualmente e distorcendo decisões de investimento atualmente", destacam os economistas.

Mas podia estar no acelerador
O estresse nos mercados também deteriora as condições financeiras, transformando o crédito em mais barato ou caro. "Quando o mercado está operando com calma, transfere-se fundos de poupadoras para tomadores. Sob stress, fica mais díficil direcionar esses fundos", lembram Dutta e Harris, afirmando que nesses momentos os investimentos e o consumo diminui.

Isso faz com que o mercado acionário seja um possível acelerador das condições financeiras. Em um ciclo econômico, desempenha funções distintas. Durante o crescimento, cria um loop positivo, fazendo com que os investimentos fiquem mais baratos, fortaleçam a economia e crie um ciclo virtuoso no preço das ações. Em recessões, cria-se um loop negativo - justamente o que tem ocorrido, por conta dos efeitos inversos.

Concurso de beleza? 
Assim, a teoria de John Maynard Keynes - de que o mercado acionário é um mero concurso de beleza, onde os investidores formam preços em um mercado puramente especulativo, foi levada para a macroeconomia na visão dos economistas: investidores atualmente têm especulado os eventos. 

Isso tem garantido que o mercado tenha respondido mais agressivamente, assim como quando surgiram os possíveis investimentos chineses na Europa e o corte do rating norte-americano por uma única agência. Para eles, os fundamentos deveriam ser o que os investidores olhassem: os balanços de pagamentos estão saudáveis, o mercado acionário está com valuation conservador e a economia está fraca, não no buraco.

Porém, o medo é que isso não esteja ocorrendo, e sim, o mercado esteja tomando posição de premeditador dos riscos macroeconômicos. E, se isso estiver realmente acontecendo, vai parecer que George Soros, megainvestidor húngaro, estará certo ao afirmar que o mercado financeiro é um bom premeditador do futuro justamente por ser a causa dele.

 

 

 

Renar Maçãs reestrutura operações para voltar ao azul

Por Natalia Viri | De São Paulo

Com as ações em seu menor nível histórico, a Renar Maçãs rompeu o silêncio com o mercado e anunciou um plano de reestruturação operacional e financeira para aumentar sua rentabilidade, em reunião organizada nesta semana pela Associação dos Analistas e Profissionais do Mercado de Capitais (Apimec).

O plano, liderado pelo fundo Ensurance Capital Partners (ECP), que entrou no bloco de controle em 2009, tenta reverter a crônica de um problema anunciado.

Terceira maior produtora de maçãs do país, a Renar entrou no Novo Mercado em 2005, em uma operação coordenada por corretoras independentes que levantou R$ 16 milhões.

 

De lá pra cá, todos os riscos associados ao negócio se materializaram. As quebras de safra por conta de problemas climáticos prejudicaram a produção, ao mesmo tempo que o real se valorizava, prejudicando as exportações. Além disso, a sazonalidade da cultura, cuja safra se concentra no primeiro semestre, com preços menores nessa época do ano, teve impacto nas receitas da empresa, que não chegou a fechar um ano com um número positivo na última linha do balanço.

Com isso, após atingir o pico de R$ 2,57 em meados de 2008, os papéis da Renar vêm em queda livre desde 2009. No pregão do dia 22, a ação atingiu seu piso, cotada a R$ 0,33, 63% abaixo dos R$ 0,90 registrados na oferta inicial.

Ontem, o papel fechou a sessão em R$ 0,34, em um recuo acumulado de 46% desde o início do ano. No mesmo período, as ações preferenciais da Rasip, outra produtora de maçãs listada na bolsa, recuaram bem menos, 5%. Já o Índice de Small Cap (SMLL), que mede o desempenho de um conjunto de empresas de menor liquidez, caiu 19,5%.

Com prejuízos acumulados em R$ 76,8 milhões, a empresa apresentava uma dívida de curto prazo de R$ 72 milhões em junho, frente a um caixa praticamente zerado, de R$ 81 mil.

Os resultados operacionais nos últimos dois anos não foram mais animadores: em 2009, o lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda) ficou negativo em R$ 3,9 milhões e, em 2010, foi um prejuízo de R$ 8,4 milhões.

Agora, a companhia garante que trará o Ebitda para o terreno positivo já neste ano, absorvendo os ganhos de escala e redução de custos advindos da fusão com a também produtora de maçãs PomiFrai Alimentos, em 2009.

A previsão é de que o indicador encerre 2011 entre R$ 5 milhões e R$ 8 milhões. No primeiro semestre deste ano, no entanto, o Ebitda estava negativo em R$ 2,7 milhões.

Henrique Roloff, diretor financeiro da companhia, explica que, nos últimos anos, a maior parte da produção tem sido vendida na primeira metade do ano, mesmo a preços mais baixos, para fazer frente às despesas com dívida.

A partir da reestruturação dos passivos, a ideia é concentrar a comercialização da maior parte das maçãs no segundo semestre, quando os preços sobem por conta da entressafra, o que impulsionaria as margens da companhia na segunda metade do ano. "Ao contrário dos pequenos produtores, temos estrutura para segurar a produção de seis a oito meses, e é aí que podemos ganhar nos preços."

Roloff afirma que cerca de R$ 30 milhões do passivo mais pesado, de R$ 50 milhões com o Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), serão quitados por meio da venda de ativos improdutivos e os R$ 20 milhões restantes serão rolados para dez anos. "Já temos o 'de acordo' com a área técnica do banco, estamos apenas esperando a assinatura do contrato, que deve sair nas próximas semanas".

Outra dívida de R$ 21 milhões com um banco comercial foi alongada para quatro anos.

A venda de ativos improdutivos é outra peça crucial para reduzir o endividamento e reforçar o caixa para investimentos. De acordo com Rômulo Figueiredo, sócio da ECP e presidente do conselho de administração da Renar, com a fusão com a PomiFrai, a empresa concentrou sua produção nos pomares de maior produtividade e atualmente tem 3 mil hectares disponíveis para venda.

Isso compensaria em parte a tentativa frustrada da companhia de levantar fundos junto ao mercado recentemente, garante.

Em julho, a companhia anunciou um aumento de privado de capital de R$ 16 milhões, por meio da emissão de 40 mil ações, por R$ 0,40 cada - média do preço dos dez dias anteriores ao anúncio, com desconto de 12%.

Desde então, com as ações em queda, foram levantados apenas R$ 10,6 milhões. "Esse valor é suficiente para as necessidades de curto prazo da empresa." O último leilão de sobras de subscrição foi encerrado em 14 de setembro, quando os papéis da empresa já estavam sendo negociados pelo mercado na casa dos R$ 0,30.

Para Sandra Peres, analista do setor de consumo da Coinvalores, que acompanhou a apresentação da Renar, o plano estratégico da empresa é consistente. "A reestruturação da dívida é uma boa notícia, mas vai ser preciso acompanhar os próximos resultados para ver se há de fato melhora operacional", afirma.

 

 

Cetesb afirma que risco de explosão no Cingapura é igual ao do shopping

Órgão ambiental diz que pode autuar Prefeitura, responsável pelo local. Cerca de 7 mil pessoas moram hoje no conjunto habitacional

Diego Zanchetta e Rodrigo Brancatelli - O Estado de S. Paulo

SÃO PAULO - O conjunto habitacional Cingapura da Avenida Zaki Narchi, na zona norte da capital paulista, tem exatamente o mesmo risco de explodir que o vizinho Center Norte - shopping que obteve liminar nesta quinta-feira, 29, para impedir seu fechamento, determinado pela Prefeitura por perigo da contaminação de metano no subsolo. A conclusão está em parecer da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), que pediu diversas ações de emergência à Prefeitura.

 

 

Leonardo Soares/AE - 23/9/2011

Medidas para o Cingapura podem ser ainda mais complicada: um dreno por bloco dos 35 conjuntos

Caso o governo municipal não faça um monitoramento diário do metano no terreno, instale imediatamente os drenos para dispersar o gás e faça uma investigação profunda no terreno em até 30 dias, a Cetesb pode autuar a Prefeitura e exigir as mesmas sanções impostas ao Center Norte. A adoção das medidas pode ser ainda mais complicada do que no centro de compras - enquanto o shopping será obrigado a instalar um sistema com 9 drenos, o Cingapura pode necessitar de um dreno para cada um dos 35 blocos do conjunto. Nos prédios moram atualmente cerca de 7 mil pessoas.

"O Cingapura tem risco potencial de explosão idêntico ao do Center Norte", afirma Vicente Aquino, gerente do setor de avaliação e auditoria de áreas contaminadas da Cetesb. "Há gás no subsolo da mesma forma que existe no shopping. Pelo que recebemos da Prefeitura, não foi encontrado gás nos apartamentos, mas nós não tivemos acesso às unidades para fazer análise. Da mesma forma que foi pedido o monitoramento e a instalação dos drenos no Center Norte, a Cetesb pediu que a Prefeitura faça o mesmo no Cingapura. Também pedimos que seja feito o monitoramento de todos os apartamentos."

Por causa das últimas descobertas, a Cetesb vai investigar agora a presença de metano na área entre o shopping e o Cingapura - onde ficam o hotel Novotel e o Instituto de Previdência Municipal de São Paulo. Todos esses imóveis foram construídos sobre o Aterro Carandiru, desativado em 1978. No começo da semana, a Prefeitura havia informado que um córrego que corta o terreno atenuaria o problema do gás. A Cetesb, no entanto, não concorda. "Isso do córrego, a consultoria (contratada pela Prefeitura) colocou no processo, mas para a Cetesb não está comprovado", diz Aquino. "Tanto que, mesmo com o córrego, encontramos concentrações de metano superiores ao limite de explosividade."

Perigo. Um Auto de Advertência já foi encaminhado pela Cetesb à Secretaria de Habitação (Sehab) e exige que "seja feita a complementação da investigação detalhada e avaliação de risco da área contaminada do Conjunto Cingapura e instalado, de imediato, sistema de mitigação em toda a área do empreendimento". A Prefeitura, por sua vez, informou apenas que "vai cumprir todas as determinações colocadas pela Cetesb". O governo ressalta ainda "monitorar a área do conjunto e ter feito todas as análises solicitadas desde 2009 pelo órgão estadual". A Sehab não divulgou prazos para atender às exigências da Cetesb.

O Ministério Público Estadual (MPE) já recebeu todos os pareceres da Cetesb sobre o Cingapura e vai convocar a Prefeitura na semana que vem para prestar esclarecimentos. "A situação é semelhante à do shopping, com risco potencial (de explosão). Vamos convocar a Sehab para que nos detalhem as providências que serão tomadas a partir de agora", afirmou a promotora Cláudia Fedelli, que ainda analisava o caso na tarde desta quinta.

 

 

 

4 dúvidas que deixam os investidores com a pulga atrás da orelha

Bank of America Merrill Lynch identificou os pontos mais importantes em uma reunião realizada em Washington

Gustavo Kahil, de

Getty Images

 

Inflação, juro, real e demanda do consumidor são os principais temas que intrigam os investidores americanos

São Paulo – Quatro perguntas têm deixado os investidores americanos com a pulga atrás da orelha. Essa foi a impressão da equipe do Bank of America Merrill Lynch durante uma conferência realizada em Washington na semana passada pelo banco em paralelo ao encontro do FMI (Fundo Monetário Internacional). Abaixo, as 4 dúvidas e também as respostas, conforme mostra um relatório publicado hoje:

1 - A inflação irá ficar dentro da meta?

“Achamos que sim”. Para o banco, o IPCA irá se manter entre o intervalo de 2,5% e 6,5% perseguido pelo Banco Central, a não ser que ocorra uma importante recuperação no panorama internacional. “É crucial neste ponto ancorar bem as expectativas de inflação e, em nossa visão, notícias positivas do lado fiscal iriam claramente ajudar”, explica o banco.

O BC, contudo, já começa a admitir que a inflação salte o teto de 6,5% em 2011. "Existe possibilidade de que a inflação este ano fique acima da meta", destacou nesta quinta-feira o diretor de Política Econômica, Carlos Hamilton Araújo. A autoridade monetária subiu hoje a sua própria estimativa para o aumento dos preços de 5,8% para 6,4%.

2 - Quantos cortes na Selic devemos esperar?

Para a Merrill Lynch, vale a pena esperar por mais três cortes de 50 pontos-base na Selic. A taxa foi tesourada no mesmo montante no final de agosto pelo Copom (Comitê de Política Monetária), a levando para 12% ao ano. “Entretanto, dado à deterioração do panorama internacional, as chances de uma aceleração do ritmo do afrouxamento ou um ciclo mais prolongado estão crescendo”, explicam.

“Em nossa visão o BC já deu o passo mais difícil: começar o afrouxamento monetário. Se as condições deixarem, particularmente as globais, esperaríamos que o banco acelerasse o ritmo”, ressaltam. O banco avalia que a estimativa de cortes de 150 pontos-base já parecem conservadoras. A expectativa do mercado, medida pelo relatório Focus, é de que a Selic chegue ao final do ano a 11% e a 10,75% em 2012.

3 - A demanda irá desacelerar?

“Sim. Em nossa visão, o aperto implementado pelo Banco Central desde o ano passado ainda não foi sentido totalmente pela economia. Além disso, a deterioração internacional está mudando as expectativas, e deve se traduzir em uma atividade econômica mais fraca”, estima o banco. A avaliação do banco também é compartilhada pelo presidente do BC, Alexandre Tombini.

"A recente reversão na política monetária tem defasagem. Temos ainda 125 pontos base de ajuste (de alta). A política monetária tem uma defasagem de seis a nove meses e parte dessa contração monetária ainda será sentida", afirmou durante um seminário realizado na Federação das Indústrias do Estado do Paraná.

4 - Para onde está rumando o real?

O banco estima que o real irá se estabilizar entre uma faixa de 1,75 e 1,85 real por dólar e que para isso o BC continuará a atuar com uma mão pesada para que o real não volte a se desvalorizar e a ficar em torno de 1,90 real contra o dólar, como aconteceu nos últimos dias, ou a ganhar corpo demais e voltar ao patamar de 1,55.

“O governo não quer a moeda negociando perto de 1,55, em nossa visão, mas caso ocorra uma grande depreciação o processo de relaxamento monetário poderá ser questionado. Durante as reuniões do FMI em Washington, o BC destacou que vê o movimento da semana passada perto de 1,95 como uma desvalorização excessiva, o que explica a rápida reação com os leilões de swap”, afirmam.

 

 

 

Uso da capacidade da indústria fica estável em setembro

ALESSANDRA SARAIVA - Agencia Estado

RIO - O Nível de Utilização de Capacidade Instalada (Nuci) da indústria, com ajuste sazonal, ficou em 83,6% em setembro, mesmo patamar de agosto. Foi o menor patamar desde novembro de 2009 (82,9%).

Segundo informou hoje a Fundação Getúlio Vargas (FGV), com o resultado de setembro, a média do terceiro trimestre de 2011 do Nuci com ajuste ficou em 83,8%, a menor desde o quarto trimestre de 2009 (83,1%).

Na série de dados sem ajuste sazonal, o Nuci em setembro foi de 84,4%, levemente acima do apurado em agosto (84%), nesta mesma série.

 

 

 

Atividade industrial na China fica estável em setembro

Brasil Econômico   (redacao@brasileconomico.com.br)

 

Menor demanda interna, com desaceleração do crédito, reduziu os pedidos à indústria em setembro

 

O Índice Gerente de Compras marcou 49,9 pontos neste mês, mesmo valor de agosto. Redução da demanda interna e menores exportações afetaram a indústria do país.

A atividade da indústria de manufaturas da China continuou registrando estabilidade em setembro, com o setor sofrendo o efeito da moderação tanto na demanda doméstica quanto nas exportações.

O Índice Gerente de Compras (PMI, na sigla em inglês) marcou 49,9 pontos em setembro, o mesmo nível registrado em agosto, segundo sondagem elaborada pelo banco HSBC. O número ficou próximo ao patamar de 50 pontos, que nesse indicador separa a contração da expansão.

"O PMI de setembro ainda fica abaixo de 50, mas mostra sinais de estabilização", aponta em relatório o economista-chefe do HSBC na China, Hongbin Qu. "Isso implica que ainda que os efeitos do aperto no crédito vá continuar reduzindo a atividade industrial nos próximos meses, não há razões para se preocupar com uma desaceleração forte", diz.

O dado veio acima da estimativa preliminar, divulgada na semana passada, que sinalizava um PMI de 49,4 pontos em setembro. O índice é elaborado por meio de sondagem com 400 indústrias do setor de manufaturas no país.

"Os consultados indicaram que as condições estagnadas na demanda contribuíram para um declínio nos novos negócios", disse o relatório da entidade. O HSBC prevê que nos próximos anos a China mantenha uma taxa de expansão ao redor de 8,5% e 9%.

Além da desaceleração na demanda interna, os pedidos de exportação à indústria chinesa caíram em setembro, devido à intensificação da crise nos países europeus. 

Adicionalmente, os custos das empresas voltaram a acelerar em setembro, de acordo com o levantamento. 

 

 

 

ENTREVISTA-Alpargatas mira crescimento externo e destaca Topper

VIVIAN PEREIRA - REUTERS

A Alpargatas, mais conhecida pela marca Havaianas, considera estar na reta final para alavancar seu processo de internacionalização.

Com a entrada em novos mercados e expansão naqueles onde já opera, a companhia tem como meta elevar a participação das vendas externas na receita do grupo nos próximos três anos.

Atualmente, a Alpargatas tem 32 por cento do faturamento em moeda estrangeira, percentual que, segundo o diretor-presidente da companhia, Márcio Utsch, deve chegar a 40 por cento em 2014, ano em que espera atingir entre 5,5 bilhões e 6 bilhões de reais em vendas.

"Já estamos em 82 países, não faltam muitos para continuar crescendo. Crescer no mercado internacional é nosso objetivo, mas sem abandonar o Brasil", disse ele à Reuters na quinta-feira.

Do total de países onde a empresa atua, nove contam com operações próprias e o restante com distribuidores. Mais recentemente, a companhia avançou para Índia e Paquistão.

Mas, ainda que a expansão internacional esteja no foco da Alpargatas, Utsch descarta a possibilidade de a empresa passar a produzir fora do Brasil.

"A fabricação no Brasil faz uma diferença enorme lá fora, principalmente no caso de Havaianas... Quanto mais concentrar a produção, mais escala eu tenho. Resisto a abrir novas fábricas."

É por essa razão que a Alpargatas tem adotado o movimento de redução do número de fábricas, que passam a ter porte maior, sem reduzir o volume de produção. A empresa tem quatro fábricas de grande porte e 13 satélites, e conta com dois centros para montagem, preparo e customização de produtos, um nos Estados Unidos e outro na Espanha.

Além de explorar novos mercados e novas categorias de produtos, o plano de crescimento da Alpargatas está apoiado em crescimento orgânico e fusões ou aquisições de concorrentes.

"Estamos sempre observando o movimento de concorrentes... Mas olhamos aqueles que estão mais vulneráveis. Vamos focar onde podemos ganhar", disse o executivo, sem dar mais detalhes sobre possíveis negociações em andamento.

Para suportar tais planos, Utsch considera a possibilidade de se capitalizar por meio da emissão de dívida no mercado local. "Temos bastante caixa e, mais do que isso, nosso endividamento é negativo. Temos capacidade enorme de alavancagem por divida."

A Alpargatas encerrou junho com 666,4 milhões de reais em caixa e endividamento de 284,3 milhões.

FOCO NA MARCA TOPPER

A Alpargatas elegeu a marca Topper como destaque para os próximos anos. A Topper responde por 32 por cento do mercado de artigos esportivos na Argentina e por 25 por cento do segmento de futebol no Brasil, e também deve passar um processo de internacionalização.

Entre os planos da companhia está a abertura de lojas próprias sob a bandeira Topper, hoje presentes apenas na Argentina, onde existem 30 unidades. Utsch, entretanto, não quis comentar sobre a previsão de abertura dessas lojas no Brasil.

"Queremos elevar a percepção de valor da marca e fazer com que a Topper tenha a mesma relação custo/benefício imbatível da Havaianas", disse ele, acrescentando que a Topper acaba de ser inserida na Colômbia e no Peru.

O movimento focado na América do Sul, segundo o executivo, tem uma razão mais forte: aproveitar a realização da Copa do Mundo no Brasil em 2014.

"A Topper terá de estar consolidada pelo menos um ano antes da Copa para termos participação de mercado interessante contando com as pessoas que virão para cá assistir os jogos", afirmou.

Em 2011 até agora, a Alpargatas apurou ganho de quase 4 pontos percentuais em participação de mercado, contabilizando 54 por cento em sandálias e cerca de 7 por cento em calçados esportivos, número que tende a aumentar até o fim do ano, segundo Utsch.

(Reportagem adicional de Juliana Schincariol)

 

 

 

Rússia pede laudos de 56 frigoríficos brasileiros

O Serviço Federal de Fiscalização Sanitária da Rússia (Rosselkhoznadzor, na sigla em russo) solicitou, segundo o Ministério da Agricultura, novos laudos de mais 56 estabelecimentos que estão com os embarques de carnes suspensos para a Rússia.

Até agora, o Ministério da Agricultura já encaminhou laudos de inspeção das instalações de 15 estabelecimentos. As vistorias foram realizadas em plantas de oitos estados diferentes, entre eles Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Mato Grosso – impedidos de exportar carnes para o país desde junho.

O governo agora se prepara para a vinda de uma equipe de veterinários russos no fim do ano. A expectativa do governo é começar a diminuir o número de unidades embargadas. O processo, iniciado em 15 de junho, deixou somente 51 estabelecimentos habilitados a exportar sem restrições, segundo dados do ministério.

(Tarso Veloso | Valor)

 

 

 

Brasil esta preparado para lidar com a crise, diz Goldman Sachs

 

O Brasil está preparado para lidar com crises, mas precisa promover reformas para incentivar a produtividade e o crescimento do PIB. É o que avalia um relatório do banco Goldman Sachs sobre a economia na América Latina.

Segundo o Goldman Sachs, as contas internas e fiscais brasileiras estão em forma razoavelmente boa; o sitema bancário é forte; as reservas são altas; e há um empenho para implementar medidas anticlíclicas, o que faz com que o País possa sair bem de choques financeiros internacionais. Além disso, o banco destaca que a equipe econômica tem experiência em lidar com crises.

“A administração de Dilma Rousseff provavelmente vai adotar medidas anticíclicas como as de 2008. Porém eles devem ser mais proativos, talvez sendo mais agressivos nas políticas setoriais”, diz o relatório do Goldman Sachs.

“Acreditamos que as autoridades deveriam implantar ambiciosas reformas estruturais com o objetivo de aumentar a produtividade e o crescimento real do PIB, e fazendo com que a economia se torne mais resiliente aos ciclos econômicos globais no futuro”, diz o texto.

 

 

 

Fitch diz que bancos estão sob pressão

 

O Estado de S.Paulo

A agência de classificação Fitch informou ontem que os ratings de bancos da França estão sob forte pressão, pois as dificuldades para financiamentos e para obter liquidez podem se tornar uma fonte de preocupação. Segundo a agência, os bancos europeus estão enfrentando pressões em razão da crise da dívida soberana no continente.

 

 

Bancos do país vão ter de ampliar capital

O Estado de S.Paulo

O Parlamento da Suíça aprovou ontem um projeto que exige que os bancos UBS e Crédit Suisse ampliem sua base de capital para assegurar que ambos consigam lidar com crises futuras sem que o governo precise socorrê-los. O projeto é mais rigoroso do que as normas do Comitê de Supervisão Bancária de Basileia. O governo e o Banco Central da Suíça argumentam que os dois bancos são um risco à economia do país, uma vez que seus balanços combinados são quatro vezes maiores que o PIB suíço.

 

 

 

Governo libera R$ 1,95 bilhão para fomentar exportações

 

Dinheiro será dividido entre estados e municípios - e liberado em 3 parcelas

O governo federal autorizou, nesta sexta-feira, a liberação de 1,95 bilhão de reais para fomentar as exportações do país. A decisão foi publicada no Diário Oficial da União, por meio de Medida Provisória.

O valor será distribuído aos estados, municípios e Distrito Federal em três parcelas de 650.000.000 reais até o último dia útil dos meses de outubro, novembro e dezembro.

O texto prevê que as parcelas pertencentes a cada estado, incluídas as de seus municípios, e ao Distrito Federal seguirão o modelo de participação na distribuição da parcela do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).

Ainda segundo a MP, o governo destinará 25% da verba devida a cada estado diretamente aos municípios. Os outros 75% ficarão com o governo estadual.

 

 

 

Telebras trabalha para lançar satélite em 2014

Brasil Econômico   (redacao@brasileconomico.com.br)


A Telebras está participando de um grupo de trabalho para elaborar as especificações técnicas visando a integração de uma satélite geoestacionário, com lançamento previsto para 2014.

Junto à Telebras, o Ministério da Defesa, a Agência Espacial Brasileira (AEB) e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) fazem parte do grupo de trabalho.

"O uso do satélite permitirá ampliar o número de municípios que serão atendidos pelo Programa Nacional de Banda Larga (PNBL) até 2014, hoje estimado em 4.283", diz o comunicado divulgado pela Telebras nesta quinta-feira (29/9)

Os recursos para o satélite, estimados em R$ 716 milhões, já estão previstos no plano plurianual 2012-2015 do governo.

"A Telebras está negociando parcerias com a iniciativa privada para propiciar um ambiente para transferência de tecnologia", acrescenta a nota.

 

 

 

Localiza paga R$ 13 milhões em juros sobre capital próprio

Brasil Econômico   (redacao@brasileconomico.com.br)


A empresa de aluguel de carros Localiza comunicou nesta sexta-feira (30/9) que pagará R$ 13 milhões em juros sobre o capital próprio.

O pagamento corresponde a R$ 0,06584 por ação da companhia, e será realizado no dia 18 de novembro. O pagamento é referente aos resultados do exercício de 2011.

As ações serão negociadas sem direito aos proventos a partir de segunda-feira (3/10).

 

 

 

Corte mais acentuado da Selic perde espaço

 

 

Por dentro do mercado

Autor(es): Eduardo Campos

Valor Econômico - 30/09/2011

 


A reação dos investidores ao Relatório de Inflação do Banco Central (BC) não foi muito vigorosa no mercado de juros futuros.

Os contratos fecham apontando para cima, mas sem exageros, dando continuidade a um movimento de recomposição de prêmios depois da forte queda da segunda-feira.

A percepção que parece ter sido reforçada pelo documento é de que o ritmo de corte da Selic não deve ser acelerado, conforme aventado no começo da semana. O passo de meio ponto parece de bom tamanho.

Conforme notou o vice-presidente de tesouraria do Banco WestLB, Ures Folchini, o mercado parece começar a rever quanto espaço o BC realmente tem para fazer cortes na Selic.

Isso decorre do fato de as projeções de inflação apresentadas apontarem para um lado (12% seria piso de Selic para entregar inflação próxima de 4,5%), enquanto o discurso da autoridade monetária segue para outro (degradação da cena externa, arrefecimento da demanda doméstica e entrega das metas fiscais cheias permitem ajustes moderados da Selic).

Antes, nota Folchini, o mercado parecia mais impregnado da percepção de que a Selic vinha para baixo a qualquer custo.

Agora, parece surgir a ideia de que o BC não vai conseguir cortar a taxa básica de juros tanto quanto gostaria.

Para o tesoureiro, o BC vendeu o cenário dele de forma bastante honesta e coerente. O problema é que uma das premissas continua aberta.

Mesmo sem grande detalhamento numérico, a hipótese de trabalho do BC é de que a piora externa vai contribuir para a convergência da inflação. Mas o ponto obscuro continua sendo o mesmo: o que aconteceria na hipótese contrária?

"Será que vai existir esse cenário tão adverso no mercado externo com força para derrubar atividade e inflação na magnitude que o BC está prevendo?", questiona Folchini.

Se o tempo mostrar que sim, o BC entra para história como gênio, visionário.

Se os fatos o atropelarem teremos um grande passo atrás em termos de confiança na autoridade monetária. "O grande risco ainda é a credibilidade", diz o especialista.

O melhor termômetro para nos dizer como está o grau de acerto do colegiado do BC seria exatamente a curva de juros.

Quanto maiores os prêmios, principalmente nos contratos de prazo mais longo, menos confiante estaria o mercado na capacidade do colegiado da autoridade monetária em cumprir como seu mandato de assegurar a estabilidade do poder de compra da moeda.

Por ora, no entanto, esse "termômetro" pode não estar muito bem calibrado. Já que não está claro quantos investidores que lá operam estão "convencidos" de que o BC está certo e quantos estão "conformados" com esse plano de voo.

É bom notar, também, que o mercado nem sempre emite os sinais corretos, como bem disse um operador certa vez: o mercado existe para se ganhar dinheiro. Não estou aqui para estar certo ou errado.

Passando para o câmbio, os compradores seguem rápidos no gatilho. Ao primeiro sinal de azedume no quadro externo saem disparando suas ordens.

Esse foi o quadro ontem, quando o dólar saiu da baixa para alta de cerca de 1% em questão de poucos minutos.

No fim do dia, conforme o ânimo externo voltou a melhorar, as compras recuaram, mas não foram desfeitas. Ilustrando bem o caso, um operador diz que o dólar "sobe de elevador e desce de escada".

Depois de bater R$ 1,857, o dólar comercial terminou o dia com alta de 0,38% a R$ 1,844.

No mês, o ganho acumulado é de 15,76%, maior arrancada mensal desde setembro de 2008. No terceiro trimestre a valorização é de 18,05%. E no ano o aumento de preço fica em 10,7%.

Eduardo Campos é repórter

 

 

 

Research
Research & Institucional

 

Um Investimentos
Corretora de Valores
Av. Chedid Jafet, 222/Bl. A - 4° andar. CEP: 04551-065 - São Paulo - SP – Brasil

T +55 11 3525-3525

calls@eum.com.br | www.uminvestimentos.com.br

 

Assis vê turbulência externa afetando as aplicações brasileiras

 

Autor(es): Angelo Pavini | De São Paulo

Valor Econômico - 30/09/2011

 

 

A crise na Europa está longe de acabar e vai continuar infernizando a vida dos investidores brasileiros, que terão ainda de lidar com inflação mais alta e juros reais menores. O aviso é do economista e ex-diretor do Banco Central, Luís Eduardo Assis. Para ele, o risco vai continuar elevado no mercado. "O momento não é fácil nem para gestores especializados, que dirá para os amadores", diz.

Para Assis, a aprovação pela Alemanha da ampliação do fundo europeu ontem evitou o caos, mas já não é mais suficiente para resolver os problemas da região. "Temos um excesso de endividamento dos governos e falta de capital nos bancos, o que não é uma situação inédita, há mecanismos para lidar com isso", observa. "Mas tudo esbarra nas dificuldades políticas", diz. Segundo Assis, os problemas econômicos europeus são locais, mas as soluções têm de ser internacionais, e não há mecanismos políticos.

Para ele, a crise terá de chegar a um ponto de gravidade tão grande que todos aceitarão politicamente o custo do socorro à Grécia, que não vai escapar de um calote. "O metalúrgico alemão vai ter de aceitar que vai pagar para socorrer o taxista grego ou a coisa vai ser pior para ele também." Por isso, Assis diz que é preciso tirar o caráter moralista da negociação. "Não podemos levar isso como a história da formiga alemã que poupou enquanto a cigarra grega ficou se endividando."

Para ele, é preciso montar um sistema que isole Itália e Espanha dos efeitos do calote grego, fortalecendo o capital dos bancos europeus e organizando a renegociação da dívida grega.

O problema é que o consenso demora e não há muito tempo. As medidas tomadas pelo governo grego, de cortes de despesas, reduzem ainda mais a atividade e a capacidade de o país pagar a dívida. "Tanto que os papéis da dívida da Grécia já pagam 100% em seis meses, o seja, já embutem um calote", diz Assis. E alguns bancos europeus só não quebraram porque não marcam esses papéis a mercado.

Para o investidor brasileiro, Assis não vê muitas alternativas. O dólar mudou de nível, e essa mudança vai perdurar. Ao mesmo tempo, o governo brasileiro tomou uma atitude mais agressiva ao preferir inflação mais alta a um crescimento menor. "Nosso risco é de inflação maior, não de recessão", diz. O resultado será juros reais menores. "Acabou aquela coisa de quando o mercado piorava todos corriam para o CDI com ganho de 6% reais ao ano", diz.

Para Assis, o Brasil está relativamente isolado da crise, dependente fundamentalmente do consumo interno. Ele acha que a bolsa está barata, mas é um risco alto e pode ficar mais, de acordo com a crise externa. "Não é hora de dar grandes tacadas ou fazer grandes mudanças", diz. Mas aconselha escolher ações de algumas empresas saudáveis, boas pagadoras de dividendos, voltadas para o mercado interno e que tenham sua receita corrigida por índices de preços. "A economia vai continuar crescendo e elas estarão protegidas da inflação", diz.

Ele sugere também papéis de renda fixa de empresas de boa qualidade, corrigidos por índices de preços, já que os juros dos títulos do governo, as NTN-B, já caíram bastante. "Para ganhar um pouco mais será preciso correr risco de crédito e diversificar."

Assis diz que está na "ponta preocupada" do mercado com relação à inflação, por conta do câmbio. Segundo ele, nos últimos dois anos, com dólar baixo, aumentou muito a participação de importados na produção brasileira, e uma alta da moeda terá impactos difíceis de avaliar nos preços industriais locais. "Os modelos econométricos não pegam esse novo cenário", diz. Além do dólar, há também os preços de serviços, que continuarão pressionados pela renda em alta. "Mas o governo só vai reverter sua posição se a inflação subir muito", diz.

 

 

 

 

Figueiredo endossa a política do BC

 

"Banco Central está no caminho certo", diz Figueiredo

Cristiano Romero

Valor Econômico - 30/09/2011

 

 

Ao surpreender com a redução da taxa de juros em agosto, o Banco Central se antecipou aos efeitos da crise mundial e a desaceleração no Brasil, que, na margem, já pode estar crescendo só de 2% a 2,5% ao ano. A avaliação é de Luiz Fernando Figueiredo, ex-diretor de política monetária do BC. Ao Valor, ele afirmou que a ação do BC deve ser entendida no contexto de um mundo que vive "momento de anormalidade". De formação ortodoxa, Figueiredo lembrou que em 2001 e 2002, pressionado por choques diversos, o BC chegou a mudar mensalmente a meta ajustada de inflação. "Num período normal, o BC não faz isso. Num período de anormalidade, em que há muitos choques, acaba fazendo".

 

Luiz Fernando Figueiredo, sócio da Mauá Sekular: Banco Central viu cenário mais pessimista antes do mercado

Ao surpreender o mercado com a redução da taxa de juros em agosto, o Banco Central (BC) se antecipou aos efeitos da crise financeira mundial e à desaceleração da economia brasileira, que, na margem, já pode estar crescendo algo entre 2% e 2,5% ao ano. O BC está sendo realista e adotando uma ação preventiva para evitar que a economia caia muito abaixo do seu potencial de crescimento.

A avaliação é de Luiz Fernando Figueiredo, sócio da gestora de recursos Mauá Sekular Investimentos e ex-diretor de Política Monetária do BC na gestão Armínio Fraga (1999-2003). Em entrevista ao Valor, ele afirmou que a ação do BC deve ser entendida no contexto de um mundo que vive "momento de anormalidade".

O economista, de formação ortodoxa, mencionou que, em 2001 e 2002, pressionado por choques diversos, o BC chegou a mudar mensalmente a meta ajustada de inflação. "Num período normal, o BC não faz isso. Agora, num período de anormalidade, em que há muitos choques, acaba fazendo."

Figueiredo fez questão de dizer que é contrário à adoção de barreiras comerciais, mas ressalvou que, desde a crise 2008, os Estados Unidos e a Alemanha, por exemplo, já impuseram mais barreiras que o Brasil. "O ideal é que ninguém faça isso, mas, infelizmente, o mundo está fazendo, então, de alguma maneira, você tem que se proteger."

Segundo Figueiredo, a crise lá fora é muito mais séria e longa do que vêm enxergando muitos analistas brasileiros. O BC, disse ele, entendeu isso desde o início do ano. "O choque de crédito que está ocorrendo no sistema financeiro europeu é de magnitude, em alguns casos, maior que o de 2008/2009", afirmou. "Mesmo que não haja um evento bancário, os bancos não têm capacidade hoje de emprestar dinheiro."

Embora apoie com entusiasmo a gestão de Alexandre Tombini no BC e acredite na promessa do governo de cumprir a meta cheia de superávit primário das contas públicas, Figueiredo criticou a manutenção da cobrança do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) nas operações de derivativos. Segundo ele, o IOF criou uma assimetria e tornou o mercado totalmente disfuncional.

"O choque de crédito no sistema financeiro europeu é de magnitude maior que o de 2008/2009"

Valor: O BC reduziu os juros, mesmo com as expectativas apontando inflação acima da meta de 4,5%. Como o senhor avalia isso?

Luiz Fernando Figueiredo: O BC está no caminho correto.

Valor: Por quê?

Figueiredo: São três as razões. A primeira é relacionada à atividade econômica. Os dados estão sempre atrasados, mas os sinais mostram que a atividade está bastante mais fraca do que todo o mercado esperava. O BC estava com esse diagnóstico e, ao longo do tempo, isso está se revelando absolutamente verdadeiro.

Valor: Em que medida?

Figueiredo: O crescimento na margem já está entre 2% e 2,5% ao ano. O terceiro trimestre deve ter um crescimento bastante baixo.

Valor: Em quanto?

Figueiredo: É muito difícil dizer, mas, por exemplo, o IBC-Br [índice de atividade estimado pelo BC] pode dar um número negativo em agosto. No Relatório de Inflação divulgado ontem, o BC reduziu de 4% para 3,5% a projeção de alta do PIB em 2011. Isso não bate com esse cenário. O BC, em geral, muda suas projeções sem dar solavancos. Normalmente, vai migrando para uma direção. O que ele está dizendo é que é 3,5%, mas, com esse cenário externo, temos risco de ter uma desaceleração mais forte. O próprio Federal Reserve [o BC dos Estados Unidos], em sua última análise, projetou 1,9% de crescimento em 2011, com alto risco de ser mais baixo. Portanto, não colocou o número mais baixo, mas disse a direção.

"Os sinais mostram a atividade mais fraca do que todo o mercado esperava. O BC tinha esse diagnóstico"

Valor: O senhor citou três razões que motivam o BC. Qual é a segunda?

Figueiredo: A segunda é que existe um pessimismo muito grande por parte do mercado em relação à política fiscal. Essa política não só tem entregue até agora tudo o que prometeu, como também o governo tem deixado claro que fará o esforço fiscal de 3,1% do PIB neste e nos anos subsequentes. Isso faz uma diferença enorme em qualquer modelo de avaliação da inflação futura. O grosso do mercado usa uma premissa fiscal muito mais baixa. O BC só coloca essa premissa no modelo porque acredita nela. Se isso se modificar ao longo do tempo, o BC vai alterar a premissa no modelo. Eu acho que o governo está de fato indo na direção correta.

Valor: Por quê?

Figueiredo: Por duas razões. A primeira é que o governo está olhando para fora e está muito preocupado. Está entendendo que a crise tem origem fiscal. A crise gerou um endividamento tão grande dos países que, agora, eles não estão conseguindo digerir. O governo brasileiro já entendeu que o Brasil não pode ir nessa direção. O governo entendeu também que, mesmo que a crise se agrave, a variável de ajuste não deve ser a fiscal. Isso faz toda a diferença.

Valor: De que maneira?

Figueiredo: Entre estímulo fiscal e quase-fiscal dos bancos federais em 2008 e 2009, houve uma expansão ao redor de 5% do PIB naquele momento. Foi algo muito forte. Se o governo, no processo atual, cumprir um superávit próximo dos 3% do PIB, fará uma enorme diferença. A segunda razão é que Brasília entendeu que, se fizer um fiscal firme, consegue trazer a taxa de juros para um padrão mais próximo do padrão internacional de uma maneira mais permanente.

Valor: Por que isso não ocorreu em 2008/2009?

Figueiredo: Porque o estímulo fiscal foi muito forte, então, a queda dos juros se tornou um fenômeno temporário, em função da crise, tanto que o BC teve que subir bastante os juros depois.

Valor: Como confiar no governo se a proposta orçamentária de 2012 prevê desconto de investimentos do superávit?

Figueiredo: O ceticismo do mercado tem sua razão. A política fiscal no ano passado foi muito frouxa, mas vamos também olhar a realidade. No Brasil, o orçamento tem pouca relação com o que de fato acontece. Considerar, por exemplo, 5% de crescimento no ano que vem [como está no orçamento] é uma peça de ficção. Felizmente, o Brasil tem tido, desde 1999, uma história muito boa na área fiscal. É claro que a qualidade do ajuste é ruim porque houve muito aumento de gasto e de receita, mas o superávit foi sempre entregue. O cumprimento da meta foi feito sempre na boca do caixa. Isso gera desconfiança nos agentes, mas os sinais do BC, do próprio Luciano Coutinho [em relação ao crédito do BNDES], da presidente e do ministro da Fazenda são todos na direção de fortalecimento da situação fiscal. O ceticismo que o mercado exibia no início do ano no mínimo teria que ser menor hoje porque, na prática, o resultado fiscal tem sido cumprido até com sobra.

Valor: O senhor mencionou três razões para justificar a conduta do BC. Qual é a terceira?

Figueiredo: O mercado brasileiro tem olhado demais, embora menos agora, as variáveis internas e muito pouco as externas quando pensa em inflação, crescimento, etc. A reunião do FMI foi um marco para que as pessoas tivessem mais consciência de que a crise lá fora é muito séria e longa, diferentemente da que tivemos em 2008. O BC tem batido nessa tecla desde o início do ano e foi várias vezes criticado como se isso fosse uma aposta.

Valor: Não é? Reduziu os juros acreditando que a economia vai ter uma desaceleração que ainda não se materializou.

Figueiredo: Se pensarmos por um momento que a atividade já está desacelerando de uma maneira importante, com o cenário externo se agravando, a inflação de hoje é um indicador muito defasado. É como olhar pelo retrovisor porque a inflação de hoje é consequência da política monetária de nove meses atrás e da atividade econômica de, no mínimo, seis meses atrás, que estava em 4,5%. Se estamos falando que, na margem, a economia está crescendo 2%, 2,5%, daqui a quatro, seis meses, a inflação vai refletir essa nova atividade, que é uma abertura enorme do hiato do produto. Estaremos crescendo bem menos que o crescimento potencial do Brasil, então, isso abrirá espaço para que haja uma acomodação entre a demanda e a oferta, portanto, reduzindo a pressão da inflação.

Valor: Ocorre que o BC não consegue coordenar as expectativas de inflação desde meados do ano passado.

Figueiredo: Na verdade, o BC cometeu um erro no ano passado.

Valor: Qual?

Figueiredo: Ele parou o aumento de juros na segunda metade do ano, com o diagnóstico de que a economia estava mais fraca. O que o BC deste ano herdou foi um equívoco do ano passado, que, claro, reduz a sua credibilidade. Por outro lado, estamos vivendo um momento de anormalidade no mundo. Quando olhamos o comportamento dos bancos centrais, o BC brasileiro é considerado o mais duro. O banco central de Israel, cujo presidente é Stanley Fischer, um dos economistas de maior credibilidade do mundo, professor da grande maioria dos principais economistas do planeta, acabou de reduzir os juros. A meta de inflação de Israel é 1,5%, os juros estão em pouco mais de 3%, e ele os reduziu em 50 pontos-base [0,5 ponto percentual].

Valor: Fischer fez isso contra as expectativas do mercado, dando a entender que a ênfase agora é o crescimento. A ênfase, no caso do BC, também é o crescimento?

Figueiredo: A questão é que a inflação depende do crescimento. Se o crescimento é muito baixo, a inflação é baixa. Se é muito forte, acima do potencial, a inflação é alta. Quando o BC vê que o crescimento está indo para baixo, de forma intensa, como se tem uma defasagem de 9 a 12 meses, o ideal é que o BC seja preventivo, que se antecipe ao processo porque sabe que tem um espaço de tempo, que não é pequeno, para a política monetária ter efeito. Quando você está diante de uma inequívoca desaceleração, com risco para baixo, vindo de um choque da área econômica mais importante do mundo, dos países desenvolvidos, é natural que o BC procure se antecipar. Podemos discutir se deveria ter reduzido os juros em agosto ou esperado até outubro, mas a discussão mais relevante é se a trajetória do BC faz sentido ou não. Ao meu ver, faz todo o sentido. Ainda estamos num ambiente em que o risco é ter menos crescimento e não mais.

Valor: Há três dias, Tombini disse que o BC atingiria a meta de 4,5% em 2012. Hoje, o Relatório de Inflação diz que a meta só será alcançada em 2013. Ontem, em Curitiba, ele afirmou que o IPCA cai 1,5 ponto, no acumulado de 12 meses, até abril ou maio do ano que vem. Na terça-feira, declarou no Senado que cairia 2 pontos. Como o senhor vê essas contradições num espaço tão curto de tempo? Elas não comprometem a credibilidade?

Figueiredo: Não acho que comprometam. O BC não toma uma decisão por ano. Faz isso a cada 45 dias e, na verdade, deveria ser a cada mês. O RI mostra que estamos não em 4,5% [em 2012], mas um pouco acima, mas com um risco enorme, vindo desse ambiente internacional que acabei de descrever, de ter um choque muito maior para baixo no crescimento, o que vai trazer a inflação para baixo. O modelo usado pelo BC dá a direção, mas as condições é que vão mostrar a realidade. De novo: não podemos tratar o momento atual como algo normal. As variáveis estão mudando numa velocidade muito grande. De dois meses para cá, praticamente nenhum indicador, nem mesmo os antecedentes, conseguiu capturar o que estamos vivendo. O choque de crédito que está ocorrendo no sistema financeiro europeu é de magnitude, em alguns casos, maior do que o de 2008/2009.

Valor: De que forma?

Figueiredo: Mesmo que não haja um evento bancário, os bancos não têm capacidade hoje de emprestar dinheiro. Em setembro, mês importantíssimo para a rolagem de dívida corporativa, soberana, etc., praticamente não tivemos rolagem. Isso reduz fortemente não só a confiança, mas as condições das empresas de continuar expandindo. Todos os índices de confiança estão muito para baixo, muitos já apontando recessão tanto na Europa quanto nos EUA. É um ambiente anormal que tem que ser tratado como tal. Na minha avaliação, é o que o BC está fazendo.

Valor: O BC não estaria abandonando o regime de metas?

Figueiredo: Não dá para inferir isso. Não acredito. No meu último ano e meio [2001 e 2002] no BC, a economia brasileira esteve debaixo de um choque enorme, tinha a questão das eleições. Tínhamos uma meta de inflação ajustada que mudávamos mensalmente, dada a quantidade de choques. Num período normal, o BC não faz isso. Agora, num período de anormalidade, em que há muitos choques, acaba fazendo.

Valor: O BC não ganharia credibilidade se ajustasse logo a meta?

Figueiredo: Acho que não. Na questão da atividade econômica, o mercado está começando a corroborar a visão do BC. Na fiscal, vamos ter que ver o desempenho do governo ao longo do tempo. Sem dúvida, o governo poderia ser muito mais explícito do que foi, há um trabalho a ser feito para deixar mais claro que é nessa direção que estamos indo. Em terceiro lugar, o mercado também está convergindo para o cenário mais negativo lá fora e que afeta a economia brasileira. O BC colocou no Relatório de Inflação uma frase que está sendo bem-vista pelo mercado e que reflete bem a cabeça deles hoje - "O Copom entende que, ao tempestivamente, mitigar os efeitos vindos de um ambiente global mais restritivo, ajustes moderados no nível geral da taxa básica são consistentes com o cenário de convergência". Está dizendo que se antecipou, mas que não vai acelerar a queda de juros. Com isso, o BC tirou um pouco aquela coisa de que está doido para reduzir os juros. Vai fazer isso à medida que sinta conforto. Na minha opinião, o risco de o BC acelerar a queda na próxima reunião ou na seguinte não é baixo.

Valor: O governo adotou uma série de medidas no mercado de câmbio que fizeram alguns analistas considerar que o Brasil não tem mais um regime de câmbio flutuante, mas, sim, de câmbio administrado. O senhor concorda com isso?

Figueiredo: Tenho críticas principalmente ao IOF sobre derivativos. O objetivo está certo, que é reduzir a alavancagem do sistema no real. Para esse objetivo, eles poderiam ter adotado medidas que não tornassem o mercado de câmbio absolutamente disfuncional. O real se desvalorizou muito mais que outras moedas por causa disso e também pelo fato de o país ter sido escolhido como opção de investimento, então, sofre mais agora. Mas hoje há uma assimetria. Aquele que pode tomar posição de venda de dólar e compra de real tem um ônus importante quando toma a decisão, então, é difícil que ele faça isso. O mercado acaba indo mais numa direção. De qualquer maneira, sou obrigado a insistir: não vivemos num ambiente normal. Veja o que a Suíça fez.

Valor: O senhor acha, então, que mesmo no mercado cambial era preciso fazer algo?

Figueiredo: Estávamos tendo um fluxo absolutamente gigantesco e anormal para o Brasil, com vários efeitos colaterais. Mitigar o volume de fluxos está certo. Por exemplo, sou absolutamente contra a imposição de barreiras comerciais. Agora, quando o governo adotou o imposto sobre importação, saiu uma estatística mostrando que, de 2008 para cá, o Brasil adotou 76 barreiras diferentes. Os EUA adotaram 93 e a Alemanha, algo similar. O ideal é que ninguém faça isso, mas, infelizmente, o mundo está fazendo, então, de alguma maneira, você tem que se proteger.

Valor: O senhor iniciou, como diretor do BC, as operações de swap no mercado futuro. Agora, para tornar o mercado mais funcional, continuaria vendendo swap ou, diante da saída de recursos do país, venderia reservas?

Figueiredo: A primeira coisa a ser feita é tornar o mercado mais funcional, ou seja, tirar o IOF dos derivativos já. A segunda é continuar fazendo swap até no mínimo zerar o volume de swaps em aberto, que é algo entre US$ 4 bilhões e US$ 5 bilhões. E, depois, se for o caso, usar reservas. Há três meses, as posições mais de curto prazo de estrangeiros na BM&F eram US$ 24 bilhões. Elas se reduziram para menos de US$ 3 bilhões. Houve um processo de desalavancagem muito grande nesse período, o que torna o mercado tecnicamente muito mais equilibrado, embora ainda totalmente disfuncional.