Mini-curso: Opções

Capítulo 1 - Introdução

Vou colocar aqui um mini-curso sobre opções, através de uma série de posts, onde pretendo mostrar varias formas de operações, que servem como proteção, como remuneração de uma carteira, e também as especulativas de alto risco.
Começaremos com uma introdução ao assunto.

O que são opções?
São derivativos, ou seja, são produtos que derivam de outros ativos. No nosso caso, trataremos somente de opções de compra de ações, que nada mais são do que o direito de comprar uma ação a um determinado preço até uma data de vencimento, essas opções são conhecidas como "call". Para que todo direito possa ser utilizado, é necessário que alguém se comprometa com um dever, portanto, toda opção envolve 2 partes, o comprador da opção, que é quem possui o direito de comprar a ação caso deseje, e o vendedor da opção, que é a pessoa que possui o dever de vender a ação ao preço combinado, caso o comprador da opção queira.
Existem também as opções de venda (conhecidas por "put"), porém sua liquidez no Brasil é muito pequena, e para o investidor pessoa física não são interessantes.

Exemplo: uma opção PETRL26 significa "o direito de comprar uma ação PETR4 até a 3ª segunda feira de dezembro, pelo preço de R$ 26,00", não importa qual o valor da PETR4 até essa data, o detentor da opção, terá o direito de comprá-la por R$ 26,00, e o vendedor da opção, terá a obrigação de vendê-la à esse preço.

Decodificando o nome das opções
PETRD30:
PETR = Esta opção diz respeito à ações da PETR4
D = vencimento no mês de abril (janeiro = A, fevereiro = B, março = C, ..., novembro = K, dezembro = L)
30 = preço de exercício

Importante: nem sempre o número depois da letra do mês representa exatamente o valor de exercício. Uma PETRI50 pode ter preço de exercício um pouco diferente de 50 (pode ser 49,60 por exemplo) se houver distribuição de dividendos ou JCP. Sempre que houver a distribuição de dividendos ou JCP, o preço da ação é ajustado, e consequentemente o preço de exercício da opção também sofre o mesmo ajuste.

Exemplo: VALEB50, é uma opção de compra de VALE5 com vencimento em fevereiro e preço de exercicio de 50,00 reais. Se após a criação da opção, a Vale distribuir R$ 0,50 por ação em dividendos, então, o novo preço de exercicio da VALEB50 será de R$ 49,50, e não mais de R$ 50,00.

Portanto, sempre verifique isso antes de negociar uma opção.


Preço de exercício: é o valor em que o vendedor da opção é obrigado a vender as ações caso seja exercido pelo comprador da opção.

Data de Vencimento: é a data limite para aqueles que compraram opções exercerem seu direito. Se não exercerem, a opção expira sem valor (mica, vira pó). No Brasil, temos vencimentos de opções mensais, e a data de vencimento cai sempre na 3ª segunda-feira do mês. Se for feriado, cai no 1º dia útil após a 3ª segunda-feira.

É possível exercer a opção antes da data de vencimento?
Existem 2 tipos de opções, as americanas e as do tipo europeu. A opção do tipo americana permite que o comprador da opção exerça o seu direito a qualquer momento até a data de vencimento. Já a opção do tipo europeu, só permite que o comprador exerça seu direito no dia do exercício.
No Brasil, todas as "calls" (opções de compra) são do tipo americano. E todas as "puts" (opções de venda) são do tipo europeu.
Mesmo nas opções americanas é extremamente raro ser exercido antes do prazo.

O que significa esse direito?
Levando em consideração a call PETRH40, o comprador da opção PETRH40 comprou o direito de comprar ações PETR4 a R$ 40,00 até a data de vencimento (pois se trata de uma opção no estilo americano).
Se o comprador da opção exercer o direito, o vendedor da opção é obrigado a vender as PETR4 pelo preço combinado.
Já o comprador não é obrigado a nada; ele é que opta por exercer o direito ou não. Quem exerce uma opção de compra é sempre o comprador, nunca o vendedor.
Resumindo, o comprador tem o direito, e o vendedor tem o dever.

Capítulo 2 - Precificação de Opções

Dando continuidade ao nosso mini-curso de opções, hoje vamos falar sobre precificação de opções, ou seja, o que compõe o preço de uma opção, e como chegar no preço teórico de uma opção, para sabermos se o preço atual (preço real, ou preço de mercado) da opção está acima ou abaixo de quanto ela teoricamente vale, com isso conseguimos saber se a opção está subavaliada ou sobreavaliada.

O preço de uma opção é chamado de prêmio, e ele pode ser constituído de valor intrínseco (VI), também conhecido como valor verdadeiro, e por valor extrínseco (VE), também conhecido por valor de expectativa.
O VI só vai existir em opções com strike (preço de exercício) menor do que a cotação atual da ação. E o valor do VI será exatamente a diferença entre o preço da ação e o preço do strike.
VI = Preço da Ação - Strike.
Se o resultado for positivo, temos VI, caso contrário não, não existe VI negativo.

Já o VE, existe em opções com strike menor ou maior que o preço de exercício, porém, quando mais ITM e OTM for a opção, menor será o valor do VE, e quando mais ATM for a opção, maior será o VE.
VE é o valor que o comprador está disposto a pagar como valor extra para ter o direito de comprar a ação no tempo futuro ao preço combinado, e que o vendedor exige receber, para vender a ação ao preço combinado. Quanto mais tempo falta para o exercício, maior é o VE. Não faz sentido uma pessoa se comprometer a vender por R$ 50,00 daqui 1 mês algo que hoje vale R$ 50,00, e não cobrar nada por isso. Ou se comprometer a vender por R$ 49,00 algo que hoje valoe R$ 50,00 e receber apenas R$ 1,00 por isso, pois nessas condições, ele poderia vender à mercado a ação por R$ 50,00. E para finalizar, também não irá se comprometer a vender a R$ 50,00 algo que hoje vale R$ 49,00 e não cobrar por isso, pois se em 1 mês a ação subir para R$ 51,00, ele terá de vender por R$ 50,00 e não terá recebido nada para abrir mão do lucro potencial. Esse valor extra cobrado é o VE.
O VE é maior nas opções ATM, pois a expectativa e a chance dela ser exercída é grande, uma opção muito OTM tem poucas chances de ser exercída, então, paga-se menos por ela, pois a expectativa dela ser exercida é menor, e por fim, nas muito ITM, a chance dela ser exercída é muito grande, e com isso ela acaba tendo seu prêmio composto praticamente inteiro por VI, se comportando de forma parecida com a ação, esse contexto vai ficar mais claro quando falarmos das gregas logo abaixo.
Para calcular o VE é simples, ele é a diferença entre o prêmio da opção e o VI.
VE = Prêmio - VI.

Como não existe VI negativo, e o VI só existe em opções ITM, quando a opção não for ITM e não tiver VI, todo prêmio da opção será constituido por VE.
Exemplo: para a PETR4 valendo 27,00, temos:
-PETRB22 valendo 5,30 (ITM), sendo 5,00 de VI e 0,40 de VE;
-PETRB24 valendo 3,50 (ITM), sendo 3,00 de VI e 0,50 de VE;
-PETRB26 valendo 1,70 (ITM), sendo 1,00 de VI e 0,70 de VE;
-PETRB28 valendo 0,80 (ATM), sendo 0,80 de VE;
-PETRB30 valendo 0,25 (OTM), sendo 0,25 de VE;
-PETRB32 valendo 0,07 (OTM), sendo 0,07 de VE;
-PETRB34 valendo 0,03 (OTM), sendo 0,03 de VE;
Veja no exemplo acima, como o VE é maior na opção ATM, e vai diminuindo conforme ela fica ITM ou OTM.

O modelo de precificação mais conhecido e utilizado é o Black & Scholes, e ele se utiliza de 5 gregas: Delta, Gamma, Theta, Vega e Rho. Não vou mostrar aqui a fórmula de Black & Scholes, pois sai do escopo do tópico, e não é necessário para o entendimento do conceita das gregas e para fazer boa parte das operações. As fórmulas de Black & Scholes podem ser encontradas aqui: http://pt.wikipedia.org/wiki/Black-Scholes
 
Nós vamos focar apenas nas gregas Delta, Gamma e Theta, pois é possível operar opções apenas com essas 3 gregas, e a Vega e a Rho acabam saindo do escopo do mini-curso. É importante entender o conceito de Delta, Gama e Theta, pois são muito importantes nas montagens e desmontagens das operações, assim como para entender o comportamento da opção.

Delta: é o quanto a opção vai variar de preço para cada R$ 1,00 que a ação variar. É expresso em percentual. Um delta de 50 (0,50) está dizendo que, se a ação variar R$ 1,00, a opção vai variar R$ 0,50, não importa a direção.
Quanto mais ITM a opção, mais delta possui, chegando muito próximo de 100 nas opções muito ITM. Uma opção ATM tende a ter delta próximo a 50. E as opções OTM tendem a ter delta próximos de zero.

Gama: é a taxa de variação do delta, ou seja, quanto delta a opção vai ganhar ou perder ce acordo com a variação da ação. O gama diz quanto de delta a opção vai ganhar ou perder para cada R$ 1,00 de variação da ação, não importando a direção. Um gama de 5 (0,05) diz que se a ação subir R$ 1,00, a opção vai ganhar 5 pontos de delta. Diferente do delta, o gama é maior nas opções ATM, e diminuiu tanto nas OTM e ITM. As opções ATM são as mais explosivas, por terem maior gama, quanto mais gama, mais volátil é a opção, e mais ela pode variar de preço para ambos os lados com velocidade, pois o gama atua como um acelerador do delta.

Theta: está relacionada ao tempo, então é o efeito da passagem do tempo sobre a opção, é expresso em centavos negativos. Um theta de menos 5 (-0,05) significa que a opção irá perder 5 centavos de VE com a passagem de um dia, o Theta só influencia no VE, nunca VI. O theta é maior nas opções com mais VE, e ele não existe nas opções que não possuem VE, ou seja, que possuem apenas VI. As opções ATM são as que possuem maior VE, portanto o theta tende a ser maior nelas, e são as que perderam mais valor em termos absolutos. As opções muito ITM praticamente não tem VE, então o theta é menor. As opções muito OTM, também possuem pouco VE, mas são compostas apenas por VE, e apesar de em termos absolutos o theta ser mais baixo, essas opções são as que proporcionalmente irão perder mais valor pela passagem do tempo. Portanto, quanto mais tempo faltar para o exercício, mais VE a opção terá, e conforme o tempo for passando e o exercício se aproximando, o tempo irá corroendo o VE da opção.

Resumindo, podemos dizer que uma opção:
ATM: possui delta proximo a 50 e um alto gama.
ITM: possui um alto delta, que tende a 100, e um baixo gama.
OTM: possui baixo delta, que tende a 0, e um baixo gama.

Capítulo 3 - Venda Coberta

Hoje vamos falar da venda coberta de opções, uma excelente forma de remunerar uma carteira de ações.
A venda coberta de opções nada mais é que vender uma opção de compra (call) que deriva de uma ação que o investidor possui em carteira, onde o investidor irá deixar as ações como garantia para a venda de opções.

Resumindo, imaginando que alguém tenha 500 ações da PETR4 na carteira, então ele pode fazer a venda de 500 PETRB28, deixando as PETR4 como garantia da venda das opções. Porque da garantia? Pois quem vende a opção, está vendendo um direito ao comprador, e ficando com uma obrigação de fazer a venda caso o comprador deseje, então, a CVM pede uma margem de garantia para toda venda que é feita, para garantir que o comprador possa exercer seu direito, por isso as ações são usadas como garantia. A venda coberta é uma operação que não oferece riscos adicionais ao investidor, pois na pior das hipóteses, ele será exercído, e entregará as ações que possui, não precisando desembolsar nenhum dinheiro.

O objetivo da venda coberta é remunerar a carteira de ações, e não ser exercído, normalmente essa prática é mais utilizada por quem possui uma carteira de ações de longo prazo, e com o lucro obtido na venda das opções, compram-se mais ações.
Como o objetivo é remunerar uma carteira de ações, e evitar o exercício, normalmente é vantajoso recomprar as opções com prejuízo, do que deixar ser exercído e depois ter de recomprar as ações. Isso porque ser exercído e recomprar as ações depois, pode levar à taxas de corretagens maiores, e ao pagamento de imposto de renda em cima das opções e das ações, então, se o objetivo é manter a carteira de ações, avalie se vale a pena deixar ser exercído ou não, calculando todos os custos envolvidos. É importante ter uma estratégia de stop caso a operação venha contra, possibilitando a recompra das opções ainda por um preço baixo, assimilando um pequeno prejuízo, e não deixando elas explodirem.

A vantagem da venda coberta é que você consegue tirar dinheiro do mercado quando ele não está subindo, ou seja, quando ele cai ou fica de lado, e com isso, o dinheiro ganho na venda das opções, serve para comprar mais ações a preços mais baixos, principalmente quando o mercado cai. As vezes, pode-se ganhar até em uma leve alta, desde que a opção vendida seja OTM.
Como nem tudo são flores, e no mercado não existe operação infalível, o investidor abre mão do lucro de uma alta forte caso ela ocorra.
Outro ponto importante. é que a venda coberta não deve ser usada para defender uma queda nos preços das ações, pois a ação pode cair mais do que o valor recebido pelo prêmio, o que poderia fazer você vender opções com strikes cada vez menores para tentar defender a queda, e quando acontecer uma reação, você poderá será exercído e vender as ações no "fundo", ou seja, com prejuízo nas ações maior do que o lucro obtido nas opções. Por isso é importante avaliar se a venda é interessante e vantajosa.

Lembre-se, ao operar opções, existe um equilibrio, para cada vantagem, existe uma desvantagem, não tem milagre.
Existe uma operação que consiste na venda coberta de opções ITM, com o intuito de ser exercído, essa operação se chama financiamento, e irei tratar dela em outro post.

É importante dizer que é impossível acertar todas as operações, e vão ocorrer vezes que você perderá com a venda coberta, mas é importante que a operação seja vencedora no longo prazo, e você ganhe mais operações do que perde, além de quando ganhar, ter lucros maiores do que os prejuizos quando se perde. Como a venda de opções possui o tempo (theta) a favor, e normalmente o mercado não faz movimentos bruscos, a chance de ganhar uma venda é maior do que perdê-la, mas não é por isso que deve-se vender o tempo todo, pois vendas ineficientes podem atrapalhar e comprometer a estratégia no longo prazo, tornando-a perdedora.

Devemos sempre buscar vender uma opção com alto VE (valor extrínseco ou valor de expectativa), para termos uma boa remuneração, mas ao mesmo tempo devemos vender uma opção OTM, e quanto mais OTM melhor, porém sabemos que o maior VE está na opção ATM, e conforme a opção vai ficando mais OTM, o VE vai diminuindo. Aqui caímos novamente no equilíbrio, sendo necessário buscar a melhor relação VE/Distância do exercício. Outro ponto que influencia o tamanho do VE é o tempo que falta para o exercício, sendo que quanto maior o tempo restante, maior o VE, e consequentemente, maior a chance da opção atingir o preço de exercício.

Como achar essa distância? Esse ponto é um pouco complicado, e vai variar de pessoa para pessoa, dependendo da estratégia de cada um, e da forma como opera.

Mas vamos a alguns pontos a serem levados em consideração, em primeiro lugar, não devemos nunca vender uma opção que o valor do VE seja menor que a soma de Delta e Gama, essa opções são chamadas de NV (Não venda). Uma opção NV possui pouco retorno à oferecer e um alto risco gama. Uma opção com alto gama é explosiva, então, em caso de alta forte, a opção tende a ganhar valor muito rapidamente, atingindo o ponto de stop ou levando o operador a ter que recomprar as opções com grande prejuízo, ou então, deixar ser exercído e abrir mão de uma boa valorização das ações.
Devemos buscar uma opção que tenha um valor de VE alto e que tenha boa distância do strike para o preço atual, para reduzir a chance de exercício, em muitos casos a primera opção OTM é interessante, mas ela não oferece distância tão grande, já a segunda opção OTM oferece uma boa distância, mas nem sempre tem um bom VE, cabe a cada um decidir qual é mais vantajosa. Vender uma opção ATM é mais arriscado, embora tenha um excelente VE, e não é recomendado aos iniciantes.

É interessante recomprar as opções após elas sofrerem boa desvalorização e perderem boa parte do seu VE, pois a partir de certo ponto, ela já não oferece mais muito à ganhar, e passa a oferecer um alto risco, principalmente se for uma opção que está ATM ou próximo disso, com alto gama. Quanto mais perto do vencimento, e mais ATM, maior o risco gama, por isso não é recomendado levar a venda coberta até o dia do exercício.

Uma forma de saber se é o momento de recomprar, é verificar se o VE já esta menor que Delta + Gama, tornando a opção NV, este pode ser um bom ponto de recompra, outro fator a ser levado em conta, é se o prêmio da opção ficar abaixo dos 0,20 centavos, que é normalmente o ponto em que faço a recompra em minhas operações, a não ser que a opção esteja muito OTM e a chance de exercício for mínima, o que é relativamente raro, então, procuro recomprar na casa dos 0,20 centavos, já que evito de fazer venda de opções com valor menor que 0,50, pois procuro vender apenas quando a um bom VE a ser ganho.

Importante aqui também levar em consideração o tempo que falta para o exercício, achar uma opção com alto VE, strike com boa ditância e perto da data de exercício é praticamente impossível, então, é importante ficar atento à essas 3 variáveis para identificar uma possível oportunidade.

Resumindo, quando fazemos uma venda, temos o tempo ao nosso favor, e não queremos um ercado volátil, pois não precisamos de forte movimento, e quanto menos volátil, menor a chance de uma forte alta, consequentemente, maior a chance de sucesso da venda. Mercados voláteis são melhores para compras, que não tem o tempo a favor, e precisam de forte movimento para ter sucesso. Quanto mais delta e mais gama existe em uma opção, mais explosiva, e mais ela se movimentará quando a ação se movimentar, então, para a venda, é melhor ter pouco delta e pouco gama (pouco potencial de variação), principalmente o gama. Já para uma compra, quanto mais gama e delta (muito potencial de variação), melhor.

A venda coberta não exige que a operação seja excessivamente monitorada, sendo perfeitamente possível acompanhar a operação 1 vez ao dia, para saber seu andamento, e tomar alguma medida caso necessário.

Capítulo 4 - Financiamento

Dando continuidade ao nosso mini-curso de opções, hoje iremos falar sobre financiamento, cujo objetivo é extrair taxa do mercado, ou seja, ganhar o valor de expectativa que o mercado tem em cima de uma determinada opção.
O financiamento, é muito parecido com a venda coberta, que vimos anteriormente, porém, o objetivo aqui é ser exercído, diferente da venda coberta, que o objetivo é evitar o exercício. Então, para isso, se vende uma opção ITM, e não OTM, e quanto mais ITM for a opção vendida, mais segura será a operação, porém será menos rentável, e quanto menos for ITM, menos segura, porém maior será a taxa extraída, sou seja, será mais rentável a operação. Isso acontece porque quanto mais ITM, menor é o VE (valor de expectativa) da opção, pois maior a chance do exercício ocorrer, e quanto menos ITM, o contrario, maior o VE, porque a chance de acontecer é menor, então, a regra pra proteção é a mesma, quanto mais ITM, mais chance do exercicio acontecer, então mais segura será a operação, e quanto menos ITM, menos segura será a operação.
Importante, a opção vendida deverá ser ITM, não podendo nunca ser OTM, senão deixa de ser um financiamento.

A montagem funciona da seguinte forma, supondo que a operação seja feita com a Vale5, então em uma situação hipotética com Vale5 cotada a 47,00 teríamos as seguintes opções:
D42: strike em 42,00, prêmio de 5,31, VE de 0,31
D44: strike em 43,73, prêmio de 3,66, VE de 0,39
D46: strike em 46,00, prêmio de 1,75, VE de 0,75

Pelas opções acima, fica claro que nosso maior lucro seria vendendo a D46, porém, a operação mais segura seria vendendo a D42, como ja falei antes, não existe mundo perfeito com opções, e tudo tem seu equilibrio.
Uma operação com as opções acima, funcionaria da seguinte forma, compraríamos Vale5 a 47,00, para exemplificar, vamos considerar uma compra de 1000 Vale5, totalizando 47.000,00. Vou desconsiderar as a corretagem e as taxas para simplificar a conta. Então, teríamos 3 opções, vender a D42, D44 ou D46, vamos a simulação com cada uma delas:
D42: receberíamos 5.310,00 pela venda de 1000 opções.
D44: receberíamos 3.660,00 pela venda de 1000 opções.
D46: receberíamos 1.750,00 pela venda de 1000 opções.

Como a venda da opção, nos obriga a vender a ação caso o comprador da opção queira, o que acontece no exemplo acima é que estaremos nos obrigando a vender a Vale5 ao preço da opção escolhida para venda, ou seja, se vendermos a D42 vamos nos comprometer a vender a Vale5 por 42,00. Mas peraí, se estamos comprando a Vale5 a 47,00, vender a 42,00 é ruim, não é? Não, muito pelo contrário, e é exatamente aí que está o ponto crucial do financiamento, como sempre vamos vender uma opção ITM, nós vamos sempre nos comprometer a vender a ação a um valor menor do que o valor pago na compra, porém, o valor recebido pela venda da opção, irá compensar essa diferença, e nos deixar com lucro na operação.

Um ponto importante, é que a proteção da operação, vem justamente da distância do preço pago na ação, no momento da montagem, para o valor do strike da opção vendida, ou seja, ao vendermos a opção D42, nós garantimos que teremos lucro na operação mesmo que a Vale5 caia dos 47,00 para os 42,00, o que da 5 reais de proteção contra quedas, e representa mais de 10% de queda, já se vendermos a D46, garantimos que teremos lucro mesmo com a Vale5 caindo até 46,00, ou seja, garantimos uma queda de 1 real, o que da uma proteção em torno de 2%.

Continuando nosso exemplo, teríamos o seguinte para a D42:
Compra de 1000 Vale5 a 47,00 totalizando 47.000,00
Recebemos 5.310,00 na venda da opção
Preço de proteção em 41,69 (47,00 - 5,31)
Venderíamos Vale5 a 42,00, o que daria 42.000,00
Ao todo pagaríamos 47.000
Ao todo receberíamos 47.310 (42.000 da venda da ação + 5.310 da venda da opção)
Teríamos um lucro de 310,00, o que equivale a 0,74% de retorno e uma proteção de mais de 10% contra quedas.

Para a D44 teríamos:
Compra de 1000 Vale5 a 47,00 totalizando 47.000,00
Recebemos 3.660,00 na venda da opção
Preço de proteção em 43,43 (47,00 - 3,66)
Venderíamos Vale5 a 43,73, o que daria 43.730,00
Ao todo pagaríamos 47.000
Ao todo receberíamos 47.390
Teríamos um lucro de 390,00, o que equivale a 0,90% de retorno e uma proteção de 7% contra quedas.

Para a D46 teríamos:
Compra de 1000 Vale5 a 47,00 totalizando 47.000,00
Recebemos 1.750,00 na venda da opção
Preço de proteção em 45,25 (47,00 - 1,75)
Venderíamos Vale5 a 46,00, o que daria 46.000,00
Ao todo pagaríamos 47.000
Ao todo receberíamos 47.750
Teríamos um lucro de 750,00, o que equivale a 1,66% de retorno e uma proteção de mais de 2% contra quedas.

Lembrando que quanto mais longe do exercício, maiores as taxas e maior o risco, quanto mais próximo, menores as taxas e maior o risco, nessa simulação, peguei as cotações a 19 dias da data de exercício, ou seja, menos de 1 mês, então as taxas estão com uma relação risco x retorno bastante interessante, tomando por base os valores atuais de uma renda fixa, como o CDI que está na casa de 0,85% ao mês.
Ou seja, mesmo com a opção mais conservadora, que seria a venda da D42, que nos da uma proteção de 10% contra quedas, ainda teríamos um retorno de 0,74% em 19 dias, fazendo uma equivalencia do CDI para 19 dias teríamos 0,58% de retorno.

Caso a proteção não seja suficiente, podemos agir de 2 formas, definir um ponto de stop, e recomprar as opções e vender as ações, ou então, tentar levar para a data de exercício para desmontar a operação no dia, caso no dia do exercício a ação esteja abaixo do preço de strike, a opção morrerá sem valor, e você poderá vender a ação pelo preço de mercado, e em alguns casos, ainda ter um pequeno lucro, ou conseguir sair da operação sem prejuízo, por causa do valor de VE que recebemos na montagem, por exemplo, para a opção D46 recebmos 1,75 pela venda da opção, sendo que 0,75 é VE e 1,00 é VI (valor intrinseco ou valor verdadeiro), o que faz com que nosso preço limite para perda não seja os 46,00 e sim os 45,25, pois esse é o valor que a ação acaba custando após descontar o prêmio recebico com a opção. Então, mesmo com a Vale5 a menos de 46,00 no dia do exercício, por exemplo, estando ela em 45,50, ainda teremos lucro, um valor menor do que o desejado, apenas 0,25 por ação, o que daria 250 reais, mas ainda é lucro. Teríamos prejuízo apenas com a Vale5 caindo abaixo de 45,25. O mesmo vale para os exemplos da D42 e D44.

Em alguns determinados momentos, ocorrem distorções no mercado, com taxas de retorno muito boas e proteções altas, isso acaba ocorrendo em mercados e papéis mais voláteis, e em alguns momentos, as taxas são muito baixas com proteções baixas, inviabilizando a operação.
Quando ocorrem distorções de alto retorno e alta proteção, pode ser interessante fazer o que o mercado costuma chamar de termofinanciamento, que consiste na mesma operação, só que a compra das ações é feita no mercado a termo, o que acaba reduzindo o valor do lucro da operação e aumentando seu risco x retorno, devido à taxa paga pelo termo, porém, permite alavancar uma operação e os ganhos em determinados momentos, potencializando os ganhos, aproveitando as distorções e os bons momentos do mercado. Para saber mais sobre mercado a termo, veja o post Mercado a Termo: alavancando os ganhos na alta.

Resumindo, o financiamento é uma boa forma de se conseguir uma remuneração acima do CDI, sem correr um risco tão alto, permitindo que a operação seja montada de acordo com o risco desejado e ainda de acordo com as condições do mercado.

Capítulo 5 - Compra a Seco

Continuando o nosso mini-curso de opções, hoje vamos falar da compra a seco, uma operação muito simples de fazer, com risco limitado e conhecido, bom potencial de lucro, porém, como nada é perfeito, com poucas chances de lucro.

A compra a seco de opções, tem um funcionamento parecido com a compra de ações, porém, existem diferenças, primeiro, como já vimos anteriormente, a opção tem data para morrer, diferente da ação, e essa característica é um fator determinante no comportamento da opção, como a opção tem tempo para morrer, ela sofre influência do tempo, e a cada dia que passa, essa influência é maior. A influência do tempo é negativa, ou seja, conforme o tempo vai passando, a opção vai perdendo valor. Como já vimos anteriormente, a influência do tempo na opção é definida pela grega Theta.

A compra de opções tem sempre o theta contra, então, temos o tempo contra nossa operação, isso significa que para ganharmos, não basta a ação subir, nós precisamos que a ação suba uma quantidade suficiente em um período de tempo determinado, para fazer nossa opção subir. Então, quanto mais OTM a opção, mais a ação precisa subir em um curto espaço de tempo, então mais díficil a operação ter sucesso.

Na compra de opções, como temos o tempo contra, precisamos comprar opções de alto delta, e principalmente, alto gama, pois são as opções mais explosivas, e em um movimento de alta da ação, são essas opções que mais se movimentarão. Porém, como sabemos, quanto mais ITM, mais delta, e quanto mais OTM, menos delta. Além disso, quanto mais ATM, mais gama, e quanto mais ITM e OTM, menos gama. Outro ponto a se lembrar, as opções mais ITM custam mais, enquanto as OTM custam menos, portanto, vaímos naquela velha questão, comprar opção ITM, mais chance de ganhar, porém custo mais alto, e uma opção OTM, tem menor custo, mas precisa de movimentos mais fortes para trazer lucro.

Devido a todos fatores citados acima, esse tipo de operação, tende a ter mais chance de dar prejuízo do que de dar lucro, então, para ser uma operação vencedora no longo prazo, você precisa perder pouco nas diversas vezes que tiver prejuízo, e ganhar muito nas poucas vezes que tiver lucro, de forma que os lucros compensem os prejuízos, por isso é importante operar o que se pode perder, pois a maioria das compras a seco, resultarão em prejuízo.

Então se a operação irá falhar mais do que ter sucesso, não devemos fazê-las, certo? Errado, apenas significa que devemos buscar boas oportunidades, para que no longo prazo, a operação seja vencedora, trazendo mais lucros que prejuízos, ou seja, se você ao todo efetuou 10 compras a seco, e dessas 10, em 7 você perdeu 100 reais em cada, totalizando 700 reais de prejuízo, e nas 3 que ganhou, conseguiu ganhar 400 reais em cada, o que totalizou 1200 reais de lucro, e abatendo os prejuízos, ainda sobram 500 reais. Veja só, obtivemos sucesso em apenas 30% das operações, um indíce que para a maioria das operações é muito baixo e impraticável, porém, para a compra a seco, pode ser mais que suficiente, é por isso que devemos procurar as boas oportunidades, procurar por distorções no mercado, que permitam que percamos pouco quando perdemos, e ganhemos muito, quando ganharmos.

Legal, já sabemos que temos que achar boas oportunidades para a compra a seco ser vantajosa, ótima, mas como saber quando temos uma boa oportunidade diante de nossos olhos?
Para identificarmos uma boa oportunidade, temos que ter os conceitos de delta, gama e theta bem definidos, sabendo a influência de cada um na composição do preço da opção, e como eles influenciam seus movimentos, tendo isso em mente, conseguimos compreender que tipo de opção devemos comprar, pensando de forma simplificada, baseado no que foi falado, já sabemos que temos que comprar uma opção que de pouco prejuízo quando a operação falhar, ou seja, devemos buscar opções de preço baixo. Sabemos também que precisamos de uma opção explosiva, ou seja, que ganhe valor rapidamente com o movimento de alta da ação, e sabemos que estamos comprando volatilidade, ou seja, queremos movimento no mercado. E para completar, temos o tempo contra, e sabemos que quanto mais perto do exercício, mais influência o tempo exerce na opção, e mais explosivas elas se tornam, devido a perda de VE pelo theta.

De acordo com as características acima, traduzindo o que foi falado para o idioma das opções, em primeiro lugar, sabemos que precisamos comprar uma opção com muito gama, pois são elas que vão fazer a opção ser explosiva e volátil, sabemos também que as opções com mais gama estão próximas do strike da ação, ou seja, são as ATM, com isso, descartamos as opções ITM e OTM, nos concentrando apenas nas mais próximas do strike. Sabemos também que precisamos de uma opção de baixo valor, e uma opção ATM longe da data de exercício custa muito caro, enquanto uma opção ATM perto da data de exercício, custa menos, pois já perdeu boa parte de seu VE devido ao tempo, e fica com mais gama em relação ao preço, pois não basta a opção ter alto gama, ela precisa ter alto gama em relação ao preço. Achar uma oportunidade dessa, não é facil, não aparece todos os meses, e deve-se comprar apenas quando aparecerem, pois dependem de forta alta no mercado, coisa que não acontece sempre.

Feito isso, como saber a hora de sair? Primeiro ponto, é que nesse tipo de operação, dificilmente se usa stop, pois você deve entrar já com o valor que pode perder, ou seja, se pode perder R$ 500,00, então, só pode comprar R$ 500,00 em opções para essa operação. Para o ponto de lucro, dependendo da volatilidade do mercado, do tempo que temos, podemos definir o objetivo de lucro com a soma do preço pago pela opção + delta + gama opção, ou usar algum outro critério que você desejar. Definido seu critério de saída, coloque uma ordem de venda VAC (válido até cancelar) e deixe a operação, não a necessidade de ficar acompanhando tanto, e nem deve-se stopar, pois como a opção é muito explosiva, qualquer movimento da ação pode fazê-la ganhar ou perder valor rapidamente. O que pode-se fazer, é monitorar, para realizar o lucro menor do desejado, caso se perceba que o objetivo dificilmente será atingido, por exemplo, ao identificar, através da análise técnica, que a ação tem grandes chances de cair. Um detalhe importante, como falamos acima, essa operação perde mais vezes do que ganha, então, é importante que o lucro seja bem maior que o prejuízo, senão a operação no longo prazo será falha.

Esse tipo de oportunidade, normalmente ocorre na semana do vencimento ou anterior ao vencimento, em opções ATM, que custem na casa dos R$ 0,20, e tenham muito gama e muito delta em relação a seu preço. Essas oportunidades não acontecem todo mês, e forçar encontrá-las, não irá ajudá-lo, e sim, irá levá-lo a prejuízos e diminuição de capital no longo prazo. E lembre-se, como temos o tempo contra, esse tipo de operação tende a ter curta duração, não se arrastando por muitos dias.

A compra a seco também é conhecida no mercado como "bilhetão".

E reforçando o que já falamos anteriormente, a compra a seco é uma compra de gama, e uma compra de gama é uma compra de volatilidade, ou seja, precisa-se de movimento forte no mercado para a operação ter sucesso, pois essa operação só ganha na forte alta, caso o mercado caia, fique no lugar, ou suba pouco, a operação trará prejuízo.

Capítulo 6 - Trava de Alta

Seguindo nosso mini-curso de opções, hoje vamos falar sobre as travas de alta.
A trava de alta é uma operação que combina a compra de uma opção com a venda de outra opção de um strike superior, com o objetivo que a diferença (spread) paga entre a opção comprada e a vendida aumente, trazendo lucro. Nas travas, seja de alta, ou de baixa (veremos mais pra frente), operamos o spread, e não cada opção individualmente, buscamos comprar spread mais barato e vender mais caro.

É uma operação menos arriscada que a compra a seco, podendo ser realizada com mais frequencia, porém, os lucros não são ilimitados como na compra a seco. Como a operação é travada, o lucro máximo é limitado, assim como o prejuízo máximo, que será sempre o valor pago pela montagem da operação, que sempre terá custo, já que a opção com strike menor sempre vai custar mais caro que a com strike maior. Já o lucro máximo, será a diferença entre os strikes menos o valor pago para montar a operação.

Quanto mais ITM for a trava, maior será seu custo, pois as opções de strike menor, que estão mais dentro do dinheiro, custam mais caro, mesmo tendo menor VE (valor de expectativa), elas possuem maior VI (valor intrínseco, ou valor verdadeiro), quanto mais ITM maior a chance de lucro na operação, porém como o lucro máximo será a diferença dos strikes menos o valor pago, e o valor pago é alto, o lucro máximo será menor. Consequentemente, quanto mais OTM, mais barato é para montar a trava, menos chance de sucesso terá a operação, menor será o prejuízo em caso de falha, e maior será o lucro em caso de sucesso.
Voltamos a questão do equilíbrio, não existe operação infalível, e para cada situação, para ganhar de um lado, abre-se mão de outro, e com as travas de alta é a mesma coisa.

Se a trava é montada OTM, então é necessário que o mercado suba muito para você ter lucro, pois você precisa que a ação ganhe valor suficiente para atingir e passar o strike da opção que você comprou, caso contrário, você perderá. Se a trava for montado ATM, você precisará que o mercado suba pouco, ou que apenas não caia, pois o strike da sua opção comprada já vai estar com o preço próximo ao da ação. Se a trava é montada ITM, você terá sucesso caso o mercado suba, fique no lugar, ou até mesmo tenha uma pequena queda.

Se quando a ação cai, o preço da opção também cai, e a trava de alta é uma operação de compra, como podemos ganhar mesmo com o mercado caindo? Simples, apesar de ser uma compra, estamos operando 2 opções distintas, e o que nos interessa é o spread entre elas, e não o valor de cada uma individualmente. Você não deve se preocupar com o valor individual de cada opção durante a operação, e sim com o spread entre elas.

O spread é sempre o cálculo da diferença de preços entre a opção comprada e a vendida, se a comprada vale 1,50 e a vendida vale 0,50, o spread será 1,00. Se a comprada vale 0,80 e a vendida vale 0,30, o spread é 0,50. É justamente essa diferença que nos interessa, é ela que operamos.

O ponto de lucro máximo será no dia de exercício, quando não existir mais VE, e a opção só tiver o seu valor verdadeiro (VI), com isso, a diferença entre elas, será sempre a diferença exata entre os strikes, ou seja, se você comprou uma opção com strike 26,00 e vendeu uma com strike 28,00, a diferença entre elas no dia de exercício sempre será 2,00. Pois no dia de exercício, a opção não tem mais valor de expectativa, então se a ação vale 29,00, a opção com strike em 26,00 terá valor de 3,00, a opção com strike em 28,00 terá valor de 1,00, e a opção com strike em 30,00, não terá valor nenhum.

A trava atingirá seu lucro máximo, quando o valor da ação estiver igual ou superior ao preço de strike da opção vendida, se a trava é feita com a compra de uma opção de strike 24,00 e a venda de uma com strike 26,00, o lucro máximo será atingido quando a ação estiver valendo 26,00 ou mais.

O break-even, ponto que a operação passa do prejuízo para o lucro, ou do lucro pra o prejuízo, será sempre no ponto em que o valor da ação atingir o preços do strike da opção comprada mais o spread pago na montagem da trava, para o caso citado acima, levando em conta a trava montada com as opções de strike 24,00 e 26,00, imaginando que o spread pago na trava foi 1,00, então nosso break-even será em 25,00, esse será o ponto que abaixo dele teremos prejuízo, e acima dele começamos a ter lucro, até que o preço da ação atinja o strike da opção vendida, e atinge-se o ponto de lucro máximo. Quanto mais caro se pagar pela trava, mais próximo do strike da opção vendida ficará o break-even, e quanto menos se pagar por ela, mais longe ficará.

Vamos simular a montagem de algumas travas de alta com a PETR4, levando em consideração que seu valor seja de 24,20. Temos as seguintes opções disponíveis para montarmos nossa trava:
F22: strike em 21,75, valor 2,90, VE 0,45 e VI 2,45.
F24: strike em 23,75, valor 1,20, VE 0,75 e VI 0,45.
F26: strike em 25,75, valor 0,32, VE 0,32.
F28: strike em 27,75, valor 0,07, VE 0,07.
F30: strike em 29,75, valor 0,03, VE 0,03.

Olhando essas opções, podemos fazer diversas combinações para montar a trava, simulando com 1000 opções, teríamos:
Compra de F22: 1000 x 2,90 = 2900,00
Venda de F24: 1000 x 1,20 = 1200,00
Spread: 1,70 (2,90 - 1,20)
Custo da trava: 1700,00 (2900 - 1200)
Lucro máximo: 300,00 (diferença dos spreads, que é 2000 - 1700, que é o custo da trava).
Break-even: 23,45 (21,75 + 1,70)
Repare que a trava custa 1700 reais, valor que é o máximo que se pode perder, e traz um retorno máximo de 300 reais. Se arrisca 1700 para ganhar 300, o que em caso de sucesso é um lucro de 17%.
Apesar do alto custo, a chance dessa trava ter sucesso é alta, pois a PETR4 pode cair de 24,20 (valor atual) até 23,75 que teremos lucro máximo, ou pode cair até 23,45, que é nosso break-even, e só teremos prejuízo abaixo desse valor.

Compra de F24: 1000 x 1,20 = 1200,00
Venda de F26: 1000 x 0,32 = 320,00
Spread: 0,88 (1,20 - 0,32)
Custo da trava: 880,00 (1200 - 320)
Lucro máximo: 1120,00 (diferença dos spreads, que é 2000 - 880, que é o custo da trava).
Break-even: 24,63 (23,75 + 0,88)
Aqui a trava custa 880 reais, valor máximo do prejuizo, e traz um retorno máximo de 1120 reais. Se arrisca 880 para ganhar 1120, o que em caso de sucesso é um lucro de 127%.
O custo caiu consideravelmente com relação a trava anterior, a pouco menos da metade, e o lucro subiu muito, indo de 17% para 127%, porém, para a trava dar o lucro máximo, a PETR4 ainda precisa subir de 24,20 até 25,75, ou seja, essa trava só dará o lucro máximo em caso de alta, e a ação precisa subir até pelo menos 24,63 para a trava começar a dar lucro.

Compra de F26: 1000 x 0,32 = 320,00
Venda de F28: 1000 x 0,07 = 70,00
Spread: 0,25 (0,32 - 0,07)
Custo da trava: 250,00 (320 - 70)
Lucro máximo: 1750,00 (diferença dos spreads, que é 2000 - 250, que é o custo da trava).
Break-even: 26,00 (25,75 + 0,25)
Essa trava OTM custa apenas 250 reais, valor do prejuízo máximo, e pode trazer o grande retorno de 1750 reais. Arrisca-se 250 para tentar ganhar 1750, o que representa um lucro potencial de 700%, retorno excepcional, porém, as chances de ter lucro são baixas, pois a PETR4 precisa subir de 24,20 até 27,75 para termos lucro máximo, ou no mínimo até 26,00 para atingirmos o break-even e começarmos a ter lucro. A PETR4 precisa subir 7,43% para começarmos a ter lucro, resumindo, chances remotas de sucesso.

Para montar travas muito OTM, esperando uma oscilação forte do mercado, a trava de alta não é eficiente, e tem poucas chances de ser uma operação vencedora no longo prazo, por isso, é mais vantajoso utilizar outras operações mais adequadas para mercados de alta volatilidade, como a compra a seco ou o boi (veremos mais pra frente). É interessante montar travas ITM ou no máximo ATM, pois normalmente o mercado não faz grandes oscilações, e para mercados com mais oscilação, existem operações mais eficientes. Por isso é importante entender o conceito e a situação que cada operação é mais adequada, além de entender a influência de cada uma das gregas na composição do preço das opções.

Um detalhe importante é que apesar de ser uma operação de compra, que possui delta positivo (estamos comprando mais delta do que vendendo, pois compramos a opção com menor strike, que sempre tem mais valor, consequentemente mais delta, do que a opção vendida), ela é também uma venda de VE, pois é graças ao VE que conseguiremos lucrar com o spread, é com o derretimento do VE que as opções vão ficando apenas com seu valor verdadeiro, com isso, se a trava estiver no dinheiro (ITM), o spread vai tender a 2,00, e se estiver fora do dinheiro (OTM), o spread tende a 0,00.

É possível montar a trava pulando uma ou mais séries, o princípio é o mesmo, o lucro máximo sempre será a diferença entre os strikes menos o valor pago, e o valor pago sempre será o spread (opção comprada - opção vendida). Se montar a trava pulando uma série, então a diferença entre os strikes tenderá a ser 4,00, aumentado o lucro máximo possível, porém, o custo para montar será maior, pois o spread pago será maior, já que a distancia entre uma opção e outra aumentará, então, voltamos a velha máxima, aumenta o lucro potencial, mas aumenta o custo, ou seja, equilíbrio.

Opções de empresas mais voláteis possuem mais VE, enquanto de empresas menos voláteis, possuem menos VE, assim como mais longe do exercício mais VE, e mais perto menos VE, por isso, vamos ver a trava ITM citada acima com as opções de série mais próxima do exercício, seguindo o mesmo exemplo para a PETR4 valendo 24,20, teríamos a seguinte opção de trava:
E22: Strike: 21,75, valor 2,55, VE 0,10 e VI 2,45.
E24: Strike: 23,75, valor 0,70, VE 0,25 e VI 0,45.
Compra de E22: 1000 x 2,55 = 2550,00
Venda de E24: 1000 x 0,70 = 700,00
Spread: 1,85 (2,55 - 0,70)
Custo da trava: 1850,00 (2550 - 700)
Lucro máximo: 150,00 (diferença dos spreads, que é 2000 - 1850, que é o custo da trava).
Break-even: 23,60 (21,75 + 1,85)
Veja que nessa trava, temos os mesmo strikes que na trava montada com a F22 e F24, porém o custo dessa trava é maior, resultando em um lucro menor, isso acontece porque ela está muito mais perto do exercício, e o VE quase não existe mais nas opções, repare a diferença entre o VE da E22 e E24 para a F22 e F24, e repare que o VI é exatamente igual. É fundamental ver a importância do VE na operação, que como disse acima, é uma venda de VE, e ela trará lucro com o passar do tempo e o derretimento do VE, aumentando assim nosso spread, que se tiver dentro do dinheiro, tenderá a 2,00.

Resumindo, a trava de alta é uma ótima forma de alavancar os ganhos, oferecendo ótimos retornos, com risco controlado. Funciona muito bem em mercados estáveis, desde que montadas no dinheiro, assim como também funciona muito bem em épocas de alta no mercado. Não é uma operação de volatilidade, então evite montar travas OTM, as chances são pequenas, e existem operações melhores para altas fortes do mercado.

Procure travas ITM com baixo custo, com boa margem de proteção, o que trará chances de sucesso, mas, assim como qualquer outra operação com opção, as boas oportunidades não aparecem todo mês, mas elas existem, basta procurar e esperar por elas.

Capítulo 7 - Trava de Baixa

Dando continuidade ao nosso mini-curso, agora iremos falar da trava de baixa, que também é conhecida como reversão.
A trava de baixa é uma operação similar à trava de alta, porém, na trava de baixa se vende a opção com strike inferior e se compra a opção com strike superior, ou seja, é o inverso da trava de alta.
O objetivo aqui também é vender spread por um valor mais alto, e comprar por um valor mais baixo, portanto, assim como na trava de alta, operamos o spread, e não cada opção individualmente. O objetivo da trava é que a opção vendida perca VE (valor de expectativa), perdendo valor, e consequentemente, reduzindo o valor do spread, para que possamos desmontar a operação com lucro, ou esperar até o dia do exercício onde ela atingirá o seu lucro máximo. Assim como o lucro máximo é obtido no dia de exercício, o prejuízo máximo também será obtido no dia do exercício. Lembrando que as opções com strike mais próximo do preço da ação, possuem mais VE, e as com strike mais longe, possuem menos, com isso, com o passar do tempo, a ação do Theta nas opções, vão fazer que ambas percam VE, e como a vendida terá mais VE, ela perderá mais valor absoluto.

O objetivo aqui é que o preço da ação fique abaixo do preço de exercício (strike) da opção vendida, caso isso aconteça, a trava no dia do exercício morrerá sem valor, ou seja, com spread igual a zero, já que ambas as opções não terão valor, pois a ação valerá menos que o strike da opção, e ninguém irá usar o direito de exercício se pode comprar a ação por menos no mercado. Caso aconteça o contrário, e a ação passe a valer mais que o strike da opção comprada, no dia de exercício a trava valerá a diferença entre os strikes, se for montada uma trava sem pular strike, a trava valerá 2,00 reais por opção, se for pulando 1 série, valerá 4,00, e assim por diante.
Na trava de baixa, o lucro máximo é o valor recebido na montagem da operação, como você esta vendendo a opção de strike menor, ela sempre terá maior valor que a opção comprada, então, sempre receberemos dinheiro na montagem da operação, o que é o contrário da trava de alta, que sempre pagamos para montar. Como recebemos para montar, e nosso lucro máximo é o valor recebido, então, nosso risco (prejuízo) máximo é a diferença entre o strike da opção vendida para o strike da opção comprada menos o valor recebido na montagem. O break-even (ponto que a operação passa do prejuízo para o lucro e vice-versa) na trava de baixa é calculado somando-se o valor do spread recebido na montagem ao valor do strike da opção vendida, exemplo, se recebeu 1,00 para montar, vendendo uma opção com strike em 22,00 e comprando uma com strike em 24,00, o break-even será em 23,00, já que nesse ponto, a opção vendida valerá 1,00, a comprada nada, ou seja, a trava valerá exatamente 1,00, que foi o que recebemos na montagem. Então, quanto maior o spread vendido, mais alto será o break-even.

Quanto mais OTM for montada a trava, mais chance de lucro, porém menor ele será, e consequentemente, maior será o prejuízo caso ele ocorra. Quanto mais ITM for montada a trava, menor a chance de lucro, menor o prejuízo máximo, porém, maior o lucro máximo. Como todas outras operações com opções, aqui também temos o equilibrio, não existindo operação ideal. Uma trava montada OTM, vai ganhar na queda da ação, na estabilidade e até na ligeira alta, já uma trava ATM, ganhará na queda e na estabilidade, e uma trava ITM irá ganhar apenas com a queda do mercado.

O importante a se buscar na trava de baixa, é vender VE eficiente, ou seja, vender uma opção que tenha um alto VE e uma boa distância para o preço da ação, valendo aqui os mesmos critérios para a venda coberta, mas com um detalhe a mais, aqui temos maior risco, e uma outra opção envolvida, por isso, não podemos só olhar o VE da opção vendida, e devemos olhar também o valor e o VE da opção comprada, pois quanto maior a diferença de valor entre elas, melhor para nós montarmos a trava, já que receberemos mais pela montagem.

Importante, esse dinheiro recebido na montagem da operação não pode ainda ser contabilizado como lucro, pois a operação pode ir contra você, e dar prejuízo, fazendo com que você tenha que devolver o que recebeu e colocar mais dinheiro para cobrir esse prejuízo, portanto, é importante que ao montar a operação, você tenha consciência que esse dinheiro recebido ainda não é seu, considere que é uma dívida, e que você pode ter que devolvê-lo. Por isso é importante montar operações aonde o seu risco máximo seja um valor que você pode perder, prefira montar uma trava menor, do que montar uma trava maior, e ter que desmontar a operação antes da hora, pois o prejuízo pode ficar insuportável, fazendo você desmontar uma operação que ainda teria chance de sucesso.

Vamos simular a montagem de algumas travas de baixa com a PETR4, levando em consideração que seu valor seja de 24,20, assim como fizemos a simulação das travas de alta. Temos as seguintes opções disponíveis para montarmos nossa trava:
F22: strike em 21,75, valor 2,90, VE 0,45 e VI 2,45.
F24: strike em 23,75, valor 1,20, VE 0,75 e VI 0,45.
F26: strike em 25,75, valor 0,32, VE 0,32.
F28: strike em 27,75, valor 0,07, VE 0,07.
F30: strike em 29,75, valor 0,03, VE 0,03.

Olhando essas opções, podemos fazer diversas combinações para montar a trava, simulando com 1000 opções, teríamos:
Venda de F22: 1000 x 2,90 = 2900,00
Compra de F24: 1000 x 1,20 = 1200,00
Spread: 1,70 (2,90 - 1,20)
Lucro máximo: 1700,00 (2900 - 1200)
Risco máximo: 300,00 (diferença dos spreads, que é 2000 - 1700, que é o valor recebido na montagem).
Break-even: 23,45 (21,75 + 1,70)
Repare que a trava nor fornece 1700 reais no momento da montagem, um belo lucro, e traz um risco máximo de 300 reais. Se arrisca 300 para ganhar 1700, o que seria excelente, porém, a chance dessa trava ter sucesso é baixa, já que precisa que a PETR4 caia de 24,20 para 23,45 para começarmos a ter lucro, e que caia para 21,75 para termos o lucro máximo, caso contrário, com ela ficando acima dos 23,75, teremos o prejuízo máximo de 300 reais.

Venda de F24: 1000 x 1,20 = 1200,00
Compra de F26: 1000 x 0,32 = 320,00
Spread: 0,88 (1,20 - 0,32)
Lucro máximo: 880,00 (1200 - 320)
Risco máximo: 1120,00 (diferença dos spreads, que é 2000 - 880, que é o valor recebido na montagem).
Break-even: 24,63 (23,75 + 0,88)
Nessa trava temos um bom spread, de 0,88, o que nos traz um bom lucro de 880 reais, e um prejuízo máximo de 1120, sendo uma trava mais equilibrada. O break-even está em 24,63, ou seja, acima do preço atual da ação, o que da uma certa margem e aumenta as chances de sucesso, porém, o lucro máximo somente será obtido caso a ação caia a 23,75, oq ue depende de queda nos preços da ação, de 24,20 até os 23,75. Então temos uma pequena proteção antes de ter prejuízo, mas, para atingirmos o lucro máximo, precisamo de queda no mercado. É uma trava arriscada, mas que pode ser montada em determinadas situações.

Venda de F26: 1000 x 0,32 = 320,00
Compra de F28: 1000 x 0,07 = 70,00
Spread: 0,25 (0,32 - 0,07)
Lucro máximo: 250,00 (320 - 70)
Risco máximo: 1750,00 (diferença dos spreads, que é 2000 - 250, que é o valor recebido na montagem).
Break-even: 26,00 (25,75 + 0,25)
Aqui temos uma trava totalmente OTM, veja que o lucro máximo é pequeno comparado às outras duas travas, mas, as chances de ter sucesso são muito grandes, já que a ação pode subir de 24,20 até 25,75 que a operação ainda dará lucro máximo, ou seja, temos uma margem de 1,55 reais para a ação subir que ainda conseguiremos o lucro máximo, e ainda temos o berak-even nos 26,00 reais, o que da 1,80 reais de margem até a operação parar de dar lucro e passar a dar prejuízo. Caso a ação tenha uma alta muito forte, e passe dos 27,75, aí teremos o prejuízo máximo, que será alto, de 1750.

Montar travas de baixa ITM esperando uma queda brusca do mercado não é indicado, pois as opções muito ITM tem pouco VE, e a trava de baixa busca venda de VE eficiente.
Do mesmo jeito, montar travas muito OTM não são tão indicadas, pois o lucro é muito baixo e o prejuízo máximo fica alto, perdendo eficiencia.
A trava de baixa é uma venda de VE, e ganha com o derretimento do VE vendido, tem o tempo à seu favor, e posui delta negativo, pois vendemos mais delta do que compramos.
O que devemos buscar é uma trava OTM, que tenha um bom VE, fornecendo um bom spread, que será corroído pelo tempo, trazendo bons retornos.

Para os exemplos acima, não temos nenhuma trava boa de se montar no momento, deve-se ter paciência para buscar as boas oportunidades, e não vender por vender, sendo paciente, tem-se mais chances de lucro no longo prazo. Assim como na venda coberta, evite vender opções de baixo valor, pois não são eficientes, e tem alto risco gama.

É possível montar a trava pulando uma ou mais séries, o princípio é o mesmo, o lucro máximo sempre será o valor recebido na montagem, e quanto maior a distância entre os strikes, maior será o valor recebido, pois a opção comprada custará cade vez menos, conforme vai se distanciando da vendida. Porém, pular strikes, além de aumentar o lucro máximo, aumenta também o risco máximo, que sempre será a diferença dos strikes menos o valor recebido, então, pulando um strike, o a diferença entre os strikes tenderá a 4,00, pulando 2 strikes, tenderá a 6,00. Temos novamente aqui o equilíbrio entrando em ação, ao termos a possibilidade de ganhar mais, também teremos a possibilidade de perder mais.

Em alguns casos, pode ser mais interessante montar uma trava menor pulando um strike, e em outros casos pode ser mais vantajoso montar uma trava maior sem pular strikes, é importante avaliar o spread obtido em cada caso, para saber se é mais vantajoso ter uma posição maior com strike próximo, ou uma posição menor com strike longe. Volto aqui a ressaltar, a importância do entendimento das gregas e sua inflência nos preços das opções. Normalmente, a trava sem pular strikes é a mais indicada, mas quando detectar uma oportunidade de venda de VE, faça simulações e analise as gregas, para ver qual a melhor forma de montar a trava, pulando strikes ou não.

Como já falei antes, opções de empresas mais voláteis possuem mais VE, enquanto de empresas menos voláteis, possuem menos VE, assim como opções de série mais longe do exercício tem mais VE, e as séries mais próximas do vencimento tem menos VE. Cuidado ao montar travas muito longe do exercício, pois o risco torna-se maior. Boas oportunidades costumam aparecer quando falta 1 mês para o final da série, que é logo quando a série da opção se torna a atual. Também costumam aparecer boas oportunidades na série seguinta a atual, um pouco antes dela se tornar atual, faltando pouco mais de 1 mês para seu vencimento.

Assim como na venda coberta, você não precisa esperar o exercício para desmontar a trava e embolsar o lucro, alias, na maioria das vezes, o indicado é desmontar a trava antes do exercício, pois como é uma venda de VE, chega um determinado momento que as opções já quase não possuem VE, fazendo com que a maior parte do lucro já tenha sido obtida, compensando realizar o lucro e não correr mais riscos na operação. Lembre-se que uma opção de baixo valor, possui muito gama e pouco VE, características que indicam que está na hora de encerrar a venda, pois a opção se torna muito explosiva. Não há necessidade de carregar uma trava que esteja com um spread baixo, correndo risco de perder o lucro obtido até o momento. Em alguns casos, pode-se levar até o exercício sem problemas, quando a trava ainda estiver muito OTM, ou o valor do VE ainda seja alto. Seja coerente, e busque lucros consistentes, mesmo que sejam menores, é melhor ter mais lucros um pouco menores, do que perder operações que estavam no lucro por ganância de ganhar poucos centavos.

Resumindo, a trava de baixa é uma ótima forma de alavancar os ganhos, oferecendo ótimos retornos, com risco controlado. Funciona muito bem em mercados de baixa volatilidade, desde que montadas fora do dinheiro, e claro, funciona melhor ainda em épocas de crise, em que o mercado esteja em quedas constantes. Infelizmente, em épocas de baixa volatilidade, as opções tem menos VE, portanto, atenção ao momento do mercado, sempre veja se o VE oferecido é compatível com o momento que o mercado está passando.

Procure travas OTM com alto spread e com boa margem de proteção, o que trará mais chances de sucesso e bons lucros. Lembre-se que assim como qualquer outra operação com opção, as boas oportunidades não aparecem todo mês, mas elas existem, basta procurar e esperar por elas.

Capítulo 8 - Rolagem

Agora que já falamos sobre compra a seco, venda coberta, financiamento, trava de alta e trava de baixa, e antes de entrarmos nas próximas operações, vamos falar sobre rolagem, que se trata de um recurso utilizado para minimizar prejuízos, aumentar lucros e prolongar operações, porém, não é um recurso que só tem lado positivo, e seu uso pode trazer uma diminuição do lucro e principalmente um aumento do prejuízo, que se não for bem gerenciado, pode ficar gigantesco.

A rolagem é um recurso importante, útil em alguns casos e muito perigoso em outros, portanto, muito cuidado ao rolar uma operação, analise muito bem se é a melhor alternativa, e não use a rolagem para tentar eliminar ou mascarar prejuízos que não podem ser eliminados, pois é justamente nesses casos, na tentativa desesperada de salvar uma operação com risco controlado, que o operador que usa a rolagem pode criar uma bola de neve e ter prejuízos altíssimos, que ficam impraticáveis e destroem grande parte do seu capital.

De todas as operações que já vimos até o momento, a rolagem pode ser usada na venda coberta, no financiamento, e nas travas de alta e baixa. Já na compra a seco ela não faz sentido.

Você pode rolar a série, o strike, ou até mesmo ambos. Mas afinal, o que é rolagem? Rolar uma operação, é simplesmente trocar a série ou o strike em que você estava posicionado, por exemplo, imagina que você havia feito uma venda coberta da PETRE26 por 1,00, quando as ações da PETR4 valiam 25,00, após alguns dias, o valor da ação daiu para 23,50, e o preço da opção PETRE26 caiu para 0,20, nesse momento você tem algumas alternativas, esperar até o dia do vencimento para ver se a opção vira pó e você tem o lucro máximo da operação, pode recomprar a opção pois já teve um ótimo lucro (0,80 por opção vendida), ou você pode fazer uma rolagem, rolando a série, o strike ou ambos, se decidir rolar o strike, você pode recomprar a PETRE26 por 0,20, e vender a PETRE24 por 0,70, aumentando seu lucro potencial, porém, aumentando o risco, pois caso a PETR4 chegue no dia do exercício a menos de 24,00, você terá ganho os 0,80 centavos da venda da PETRE26 e também os 0,70 da venda da PETRE24, o que te dará um lucro de 1,50. Por outro lado, você será exercído se a ação fechar acima de 24,00, o que antes só aconteceria se a ação passasse dos 26,00, o que pode te trazer um prejuízo na venda da ação, ou um lucro menor, pois estará vendendo por 2,00 a menos.

A outra possibilidade, seria rolar a série, ou seja, você recompra a PETRE26 por 0,20, pois não tem mais muito a ganhar, e vende a PETRF26 por 0,60, nesse momento, você está mudando a série da opção, e trocando uma opção que vence em maio por uma que vence em junho, ou seja, você está prorrogando a operação por mais 30 dias. Nesse caso, pode acontecer de a PETR4 ficar abaixo de 26,00 ou acima desse valor no dia do exercício em junho, se ficar abaixo, você ganhou os 0,80 da referentes a venda da PETRE26 e mais os 0,60 referente a venda da PETRF26, ou se ficar acima, você é exercído.

Um erro comum e arriscado, praticado por muitos, que em alguns casos pode ser util é rolar a venda coberta para um strike superior, para uma série seguinte e as vezes os dois juntos, afim de evitar o exercício. Essa rolagem pode evitar o exercício, porém, pode acontecer que mesmo com a rolagem a ação continue acima da opção vendida e o exercício ocorra. O grande problema nesses casos é a venda de uma opção que não é eficiente, pois muitas vezes a venda é feita apenas para evitar o exercício, não seguindo nem respeitando o objetivo da venda de opções que é vender um bom VE. O resultado desse tipo de operação poder ser um prejuízo grande ou a perda de muito lucro que o operador poderia ter em um período, apenas por não querer aceitar perder uma operação enquanto o prejuízo é pequeno.

Nós vamos ver como fazer a rolagem para todo tipo de operação, não só na venda coberta, mas a venda coberta é um exemplo de fácil compreensão, pois é a operação mais simples. No nosso exemplo acima, repare que a rolagem pode trazer um bom resultado, como um resultado ruim, ou seja, pode aumenatr nosso lucro, como também pode reduzí-lo ou até mesmo transformá-lo em prejuízo, por isso, muito cuidado com a rolagem, use-a com critério, de preferência seguindo as mesmas regras que usa para montar a operação, pois no fim, a rolagem nada mais é do que mudar a operação antiga para uma nova, então, essa nova deve estar dentro dos seus critérios de montagem e risco.

Pensando em um financiamento, podemos rolar para a série seguinte, para prorrogar o financiamento e buscar extrair taxa do mercado por mais um mês, recurso bastante interessante quando o mercado segue sem volatilidade, pois se a ação subiu muito, faz mais sentido montar uma nova operação de financiamento, pois o objetivo aqui é extrair taxa do mercado, através da compra de uma ação e venda de uma opção, conforme vimos anteriormente.

Outra forma de rolagem que pode ser utilizada em um financiamento é trocar o strike para baixo, para tentar diminuir um prejuízo, por exemplo, imagine que foi feita a compra de 1000 VALE5 a 47,00, e vendido 1000 VALED44 a 3,66, nós teríamos o seguinte caso:
Compra de 1000 Vale5 a 47,00 totalizando 47.000,00
Recebemos 3.660,00 na venda da opção
Preço de proteção em 43,43 (47,00 - 3,66)
Venderíamos Vale5 a 43,73, o que daria 43.730,00
Ao todo pagaríamos 47.000
Ao todo receberíamos 47.390
Teríamos um lucro de 390,00, o que equivale a 0,90% de retorno e uma proteção de 7% contra quedas.

Para a situação acima caso a VALE5 esteja valendo 43,43 ou mais, nós não temos prejuízo, caso esteja valendo menos, começamos a ter prejuízo, e ele irá aumentando conforme a VALE5 perde valor. Para esses casos, pode ser interessante, para minimizar o prejuízo, recomprar a opção D44 e vender a D42, o que funcionará caso a VALE5 fique acima do valor de strike da D42, reduzindo o prejuízo adquirido na montagem inicial, pois se ganhou um pouco mais de taxa na rolagem, porém, esse tipo de operação não transforma prejuízo em lucro, apenas reduz o prejuízo em caso de sucesso, porém, pode aumentar consideravelmente o prejuízo caso a VALE5 fique abaixo do strike da D42, portanto, muito cuidado com a rolagem em um financiamento, o melhor na maioria das vezes é stopar a operação com um pequeno prejuízo.

Para a trava de baixa e a trava de alta, o funcionamento é semelhante, imagine que você montou uma trava de baixa vendendo 1000 PETRE26 e comprando 1000 PETRE28, após alguns dias, o mercado caiu bastante, e a chance da sua operação ter sucesso é muito grande e você acredita que pode rolar para um strike inferior a ponto de obter mais lucro, com isso, você vende 1000 PETRE28, compra 2000 PETRE26, e vende 1000 PETRE24, podendo ter um lucro maior, mas correndo maior risco de a operação dar errado, e passar a ter prejuízo.
A rolagem também pode ser ao contrário, por exemplo, imaginando o caso acima, caso a operação vá contra você, é posível rolar para um strike superior, dessa forma você trocaria a trava PETRE26/PETRE28 por PETRE28/PETRE30, podendo diminuir o prejuizo que vinha tendo, ou, caso a ação continue subindo, aumentar consideravelmente o prejuízo. Também é possível rolar para a série seguinte, tanto para aumentar o lucro, como para minimizar ou evitar um prejuizo.

Se tratando de uma trava de alta, o funcionamento é exatamente igual para a trava de baixa, porém, ao contrário. Você tendo comprado 1000 VALED42 e vendido 1000 VALED44, e a VALE5 passe a subir, você pode querer aumentar o lucro trocando a trava para ficar comprado na VALED44 e vendido na VALED46, zerando a posição anterior, mas correndo maior risco de perder a operação. Caso você esteja com a trava de alta montada com a D42/D44 e o preço das ações da VALE5 caiam, você pode tentar minimizar o prejuizo trocando a trava para a D40/D42. Também é possível rolar para a série seguinte, afim de prorrogar a operação para tentar maior lucro, minimizar ou evitar um prejuízo, assumindo novos riscos.

Um ponto importante, principalmente para operações que dependem da venda de alto VE, como a venda coberta, o financiamento e a trava de baixa, ao rolar o strike dentro de uma mesma série, é necessário lembrar que a opção perde VE com a passagem do tempo, e quanto mais perto do vencimento, menor o VE, até que chegue a zero no dia do vencimento. No Brasil como temos vencimento de opções todos os meses, muitas vezes rolar para um strike inferior dentro de uma mesma série é muito difícil, pois o tempo já terá corroído grande parte do VE da opção, inviabilizando a rolagem, já que o objetivo é sempre vender alto VE.

Resumindo, a rolagem é uma operação poderosa, útil, porém, muito perigosa, podendo aumentar os lucros, reduzir um prejuízo, mas por outro lado, pode aumentar e muito um prejuízo, transformando o prejuízo da operação em uma bola de neve. Portanto, muito cuidado ao usar a rolagem, analise muito bem a operação, faça os cálculos de quanto de lucro ela pode te trazer, e principalmente, de quanto prejuízo ela pode te trazer, e só faça a rolagem se tiver certeza que é a melhor opção para o caso, e que o prejuízo que poderá ter está dentro de suas condições.