19/06/2007

Bovespa deve passar a ter fins lucrativos ainda este ano

O presidente da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), Raymundo Magliano Filho, disse hoje que o processo de desmutualização da Bovespa deve ser concluído neste ano. Por meio desse processo, a Bolsa deixará de ser uma sociedade sem fins lucrativos, da qual os participantes (corretoras de valores) possuem títulos patrimoniais que lhes dão o direito de negociar no mercado, para se tornar uma empresa que visa o lucro. Magliano não quis dar prazos para a abertura de capital e o lançamento de ações da Bovespa, passos posteriores à desmutualização.

Segundo ele, 75% das bolsas de valores do mundo são desmutualizadas. "É um processo de democratização do mercado de capitais, do qual a Bovespa não quer deixar de participar", disse, após participar do 9º Encontro Nacional de Relações com Investidores e Mercado de Capitais, promovido pela Associação Brasileira das Companhias Abertas (Abrasca) e pelo Instituto Brasileiro de Relações com Investidores (Ibri) em São Paulo.

De acordo com ele, a Bovespa também será atuante no processo de integração mundial das bolsas. "Não estamos preocupados em ter a liderança das bolsas na América Latina, mas com o fortalecimento do mercado para que tenhamos empresas fortes e globais", afirmou.

A Bovespa vem conversando com todas as bolsas latino-americanas, com o objetivo de formar um bloco regional de mercado acionário. "Não estamos pensando em fusão, mas na integração dos mercados", disse. Segundo ele, o caminho mais desejável para essa negociação é o respeito à individualidade e soberania de cada país, mantendo as bolsas em todos eles. "Talvez em quatro ou cinco anos possamos ter a integração dos mercados", afirmou.

Brasil e México

Segundo Magliano, a integração da Bovespa com a Bolsa do México está parada por problemas de regulação. "Há uma grande diferença de legislação entre os dois países, que dificulta o processo. Estamos estudando uma forma de solucionar essa questão", afirmou.

De acordo com ele, uma das maiores diferenças está na forma como são tratados os comitentes - investidores que participam das operações na bolsa. No Brasil, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) exige o registro do nome dos investidores que realizaram negócios. Já no México as transações são registradas no nome das corretoras, não sendo identificados os investidores.

"O nosso sistema é mais transparente. Um ajuste em relação a esse ponto, por parte do Brasil ou pelo México, deve exigir alteração na legislação, o que não é simples", disse. Segundo ele, a integração dos mercados depende da mudança de conceitos, o que leva tempo para se concretizar. "Não dá para falar em prazo para que a integração com o México seja feita. A negociação já dura mais de um ano", complementou.

As conversas com a Bolsa mexicana são as mais adiantadas dentro do processo de integração da Bovespa com os mercados latino-americanos, que é almejado por Magliano. A idéia é formar um bloco de bolsas latinas, sem a realização de fusões e aquisições. A Bovespa quer apenas a interligação dos mercados, facilitando a negociação dos investidores dos diversos países em quaisquer bolsas.

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