27/06/2007

Mercado imobiliário dos EUA traz risco global, alerta BIS

A economia mundial deve continuar tendo um desempenho positivo neste ano e em 2008, mas está diante de "riscos significativos de curto prazo", entre eles o impacto do esfriamento do mercado imobiliário dos Estados Unidos, que pode ser acentuado pelos recentes problemas no setor de hipotecas subprime. Essa é a avaliação do Banco de Compensações Internacionais (BIS, na sigla inglês), cujo encontro anual foi encerrado hoje na Basiléia, Suíça.

"A expansão econômica, cuja base é abrangente, deve continuar em 2007 e 2008 num ritmo mais lento do que em 2006", avalia o banco central dos bancos centrais em seu relatório anual. "Espera-se que a inflação seja aliviada com a moderação do crescimento e a estabilização dos preços do petróleo." Segundo o BIS, muitos aspectos do cenário macroeconômico continuam positivos. "As condições de financiamento permanecem no geral favoráveis para o crescimento. O desemprego tem caído nas principais economias avançadas e emergentes", diz o documento. "Talvez mais fundamental, a aparente transição suave no balanço do crescimento nas diferentes regiões nos últimos trimestres pode sustentar a visão de que a economia mundial se tornou mais flexível e resistente."

Mas o BIS salienta que os riscos para esse cenário benigno não podem ser menosprezados. "O impacto total da queda no mercado imobiliário dos Estados Unidos talvez ainda não tenha sido sentido", afirma o texto. "As recentes dificuldades no mercado de hipotecas subprime poderiam muito bem aprofundar a desaceleração no mercado imobiliário através da venda forçada de casas e efeitos adversos na oferta de crédito."

Contágio

Embora a Europa e a Ásia pareçam "um pouco menos dependentes" do crescimento norte-americano do que há alguns anos, "persistem dúvidas sobre a robustez do crescimento do consumo em algumas grandes economias". Além disso, observa o BIS, as possibilidades de contágio associadas às novas conexões financeiras e comerciais no mundo ainda não são bem entendidas. "E um desaquecimento econômico poderia fortalecer o protecionismo", afirma o relatório.

Para o BIS, a perspectiva da inflação continua incerta. "Os preços de energia e de outras commodities voltaram a subir desde o início de 2007", disse. "Além disso, pressões inflacionárias básicas ainda são visíveis nas grandes economias, e ainda não está claro se a projetada moderação no crescimento será suficiente para reduzir significativamente essas pressões." A avaliação do impacto dos salários crescentes sobre a inflação poderá representar "um desafio" para os bancos centrais do países industrializados mais avançados.

O BIS argumenta que a situação macroeconômica global vai também depender de como os mercados financeiros vão se ajustar ao noticiário. "Um desaquecimento econômico mais profundo do que o previsto nos Estados Unidos, e preocupações sobre a sustentabilidade da forte expansão em outros lugares, poderiam causar a alta dos prêmios de risco", diz o documento. "Da mesma forma, qualquer percepção de que a inflação não está sob controle poderia causar uma reprecificação dos riscos."

O BIS ressalta que os dois casos de forte volatilidade nos mercados financeiros ocorridos entre maio e junho de 2006 e em fevereiro deste ano servem como uma alerta de que "surpresas negativas relacionadas tanto à inflação como ao crescimento" podem desestabilizar os mercados. "Embora nessas duas ocasiões não tenha ocorrido um contágio da economia real, tal impacto não pode ser descartado no futuro", afirma o texto.

Fonte: Portal Exame

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