Grupo Pão de Açúcar, Abílio Diniz, solicitou aos diretores da
companhia que "mantenham a serenidade", numa tentativa de atenuar os
efeitos desencadeados pelas divergências entre o francês Casino e a
família Diniz, que compartilham o controle da maior varejista do
Brasil.
Desde a última semana, investidores têm demonstrado descontentamento
com os atritos entre Abilio e o Casino.
O Casino alertou Abilio quanto a uma possível negociação de fusão com
o rival Carrefour no Brasil às escondidas e na terça-feira informou
ter entrado com pedido de arbitragem internacional na Câmara
Internacional de Comércio (ICC) contra a família Diniz.
A notícia levou as ações do Pão de Açúcar a caírem 4,37% na
terça-feira. Nesta quarta, os papéis da empresa chegaram a registrar
queda de quase 5% pela manhã, mas desaceleravam a baixa para 2,03% às
15h33, contra variação negativa de 1,14% do Ibovespa.
"Sei que estes dias têm sido difíceis para vocês. Ver o preço de
nossas ações caírem, prejudicando o patrimônio de todos os acionistas
sem que vocês possam evitar, deve estar doendo em todos vocês",
afirmou Diniz em carta destinada ao presidente-executivo da varejista,
Eneas Pestana, e aos diretores da empresa.
"Apesar de tudo peço que mantenham a serenidade. Vocês me conhecem
muito bem. Estou fazendo tudo aquilo que está ao meu alcance para
deixar vocês e a companhia protegidos contra qualquer ataque",
acrescentou.
Na visão do analista Ricardo Boiati, do Bradesco, o fato de os
controladores entrarem em conflito é negativo para o Pão de Açúcar, o
que desencadeou a queda das ações.
"Essa tensão aumenta as incertezas quanto às perspectivas da companhia
e também pode impactar suas operações, caso a diretoria se distraia e
seja afetada de alguma forma", afirmou Boiati em relatório.
Para o analista, os rumores sobre as discussões quanto a uma fusão com
o Carrefour no Brasil "devem ser verdadeiros, caso contrário o Casino
não teria entrado com o pedido de arbitragem".
Abilio Diniz e Casino criaram a holding Wilkes em 2005, por meio da
qual controlam seus interesses no Pão de Açúcar. A Wilkes detém cerca
de 66% do poder de voto no Pão de Açúcar, além de indicar membros da
diretoria e definir estratégias de forma unânime.
Na carta aos diretores, Abilio afirmou ainda que sempre foi
transparente, cumprindo com obrigações, acordos e contratos.
"Vocês sabem também que sempre coloquei os interesses da companhia e
dos acionistas acima de qualquer interesse pessoal e jamais
consideraria qualquer coisa que prejudicasse a companhia", escreveu,
solicitando aos diretores que "continuem fazendo seu trabalho".
Fonte: Uol
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