28/06/2011

Acionistas terão 60 dias para avaliar criação do Novo Pão de Açúcar

Os acionistas do grupo varejista brasileiro Pão de Açúcar e dos
franceses Carrefour e Casino terão 60 dias para aprovar a operação de
fusão entre a CBD (Companhia Brasileira de Distribuição) e o Carrefour
Brasil, o que daria origem à chamada NPA (sigla para Novo Pão de
Açúcar).

"Todos os acionistas poderão avaliar, não é uma proposta hostil",
ressaltou Carlos Fonseca, sócio do BTG Pactual, que deve capitanear a
operação, por meio do fundo de investimento Gama.

A nova empresa vai repartir o Pão de Açúcar com o grupo francês
Carrefour, na base de 50%-50%. O NPA, por sua vez, terá 100% sobre a
filial brasileira do grupo Carrefour.

Também por meio de dessa reestruturação societária, a NPA terá 11,7%
do grupo Carrefour mundial, sendo assim o seu maior acionista.

A proposta ainda contempla uma injeção maciça de capital na nova
companhia. A Gama, empresa do BTG Pactual, deve aportar 2,5 bilhões de
euros (R$ 5,7 bilhões), sendo 1,7 bilhão de euros (R$ 3,86 bilhões) do
BNDESPar (braço do BNDES) e mais 800 milhões de euros (R$ 1,82 bilhão)
de sua controladora.

A Gama será a empresa que vai liderar a possível fusão entre Carrefour
e Pão de Açúcar, por meio de uma reestruturação societária. Ela é uma
sociedade de propósito específico criada pelo BTG apenas para negociar
a fusão entre as redes varejistas. Se o negócio se concretizar, ela se
tornará, no futuro, a própria NPA, segundo Fonseca.

ABÍLIO DINIZ

O empresário Abilio Diniz, dono do Pão de Açúcar, terá 17% da NPA. Já
o Casino, que se manifestou contra a fusão, teria 29%. Esse grupo
francês já detém uma participação significativa no grupo brasileiro,
por meio da Wilkes.

Segundo nota divulgada nesta manhã, Diniz considera que "são enormes
os benefícios do negócio", completando que vai "analisar a proposta
juntamente com o sócio e co-controlador, o Grupo Casino".

"Se aprovada, a operação implicará uma mudança significativa na
dimensão da companhia". Com a participação na operação mundial do
Carrefour, Diniz destaca ainda que a nova empresa "terá condições de
levar os produtos brasileiros para todos os mercados estrangeiros onde
o Carrefour já está presente".

As sinergias, segundo Claudio Galeazzi, que já comandou uma
reestruturação no Pão de Açúcar e agora é sócio do BTG Pactual, podem
atingir RS 1,7 bilhão.

CASINO

O grupo varejista francês Casino, rival do Carrefour e importante
acionista do Pão de Açúcar, divulgou nesta terça-feira um comunicado
em termos duros contra a possível fusão, onde afirma que tem
"autoridade para se opor ao projeto" e que nenhuma negociação sobre o
futuro do grupo brasileiro pode ocorrer sem o seu consentimento.

"O anúncio [da proposta de fusão] confirma que negociações secretas e
ilegais foram conduzidas e estão ocorrendo. No entanto, em
consideração aos acordos públicos que o Casino assinou com o [o
empresário e dono do Pão de Açúcar] Abilio Diniz, nenhuma negociação
envolvendo o futuro do Pão de Açúcar pode ocorrer sem o Casino".

Ainda na nota emitida hoje, o grupo Casino afirmou que irá examinar
nos próximos dias 'a melhor forma de defender os interesses
corporativos da CBD e de seus acionistas que parecem comprometidos por
este projeto'.

No último dia 16, o Casino aumentou sua participação no Pão de Açúcar
em 3,3%, passando a deter 37% e lançando um alerta à família Diniz e
ao Carrefour. O grupo varejista francês também entrou com um pedido de
arbitragem internacional contra Diniz no mês passado, alegando que as
negociações com o Carrefour contrariavam o acordo de acionistas que
ambos possuem.

No centro da controvérsia está o acordo entre o Casino e o grupo de
Diniz que permite que a companhia francesa assuma o controle do Pão de
Açúcar, se optar por isso daqui um ano.

A opção do acordo entre Casino e Diniz foi instituída em 2006, quando
ambos fundaram a holding Wilkes, que detém 66% das ações com direito a
voto do Pão de Açúcar. Se exercer a opção, o Casino poderá indicar um
nome para a presidência do conselho do Pão de Açúcar.

Sob as regras do acordo que criou a Wilkes, nenhuma das partes pode
entrar em negociações de fusão sem o consentimento da outra.

Fonte: Folha.com

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