28/06/2011

Totvs faz reestruturação administrativa

Laércio Cosentino, presidente da Totvs: quinta fase da companhia, com o objetivo de criar uma referência global
A Totvs, maior companhia de software do país, anunciou ontem uma reestruturação administrativa. Em fato relevante divulgado no início da noite, a empresa divulgou uma série de mudanças envolvendo suas vice-presidências.
A principal alteração é a saída de José Rogério Luiz da vice-presidência executiva e financeira. Luiz, que também era diretor de relações com investidores da empresa, passa a integrar o comitê de estratégia, um órgão recém-criado, vinculado ao conselho de administração da empresa. Interinamente, Laércio Cosentino, presidente da Totvs, vai acumular suas funções com as de Luiz.
"As mudanças visam preparar a Totvs para sua quinta fase de crescimento, cujo objetivo é torná-la uma referência global no mercado [de softwares para gestão empresarial]", diz Cosentino ao Valor. A etapa, segundo o executivo, prevê dois grandes desafios: fortalecer a estratégia futura de médio e longo prazos e, ao mesmo tempo, a operação diária da empresa em curto e médio prazos. É à primeira esfera, voltada às atividades de planejamento, que Luiz passará a dedicar a maior parte de seu tempo.
As alterações ressaltam o papel do comitê de estratégia. A formação do grupo já vinha sendo estudada há meses, afirma Luiz, e tornou-se efetiva na semana passada, depois de aprovada pelo conselho de administração.
O comitê terá de três a cinco participantes e será liderado por um membro do conselho de administração da Totvs, que ainda não está definido. Até o fim de julho, diz Cosentino, será anunciada a composição do comitê.
No Brasil, companhia lidera mercado, com participação de 48,6%, segundo dados da consultoria Gartner
Uma das novidades é que parece certa a participação de um executivo estrangeiro, de fora da companhia, entre os membros do comitê. A ideia reforça uma das estratégias da Totvs na nova etapa, que é a de reforçar os negócios internacionais, que atualmente representam um pouco menos de 4% do faturamento total.
"Em março, passamos pelo primeiro grande teste [no processo de internacionalização] com a presença de dois executivos dos Estados Unidos na reunião do conselho Totvs", afirma Luiz. Pela primeira vez, também, a reunião foi feita em inglês.
Os negócios no exterior foram alvo de parte significativa das mudanças. Marcelo Monteiro, que respondia pela vice-presidência de desenvolvimento de software, passa a ser o responsável pela chamada regional Sul, que inclui os negócios na América do Sul, excetuando o Brasil. Na regional Norte - que engloba as operações no México, na América Central e em países de língua portuguesa na Europa e África - o titular será Claudio Bessa, que era diretor de mercado internacional. Bessa vai acumular as funções com a diretoria de alianças.
A Totvs ocupa uma posição rara no mercado global de programas de gestão empresarial ou ERP (na sigla em inglês). O setor é disputado por gigantes multinacionais, em especial a alemã SAP e a americana Oracle. Em poucos mercados há concorrentes locais e em um número ainda menor deles essas empresas conseguem bater as rivais internacionais, como acontece com a Totvs no Brasil.
A Totvs detinha 46,8% de participação no mercado brasileiro em 2010, em parte devido à sua atuação entre os clientes de médio e pequeno portes, segmentos nos quais os fornecedores internacionais têm mais dificuldade para ingressar. Na América Latina, a participação da Totvs era de 34,5%, de acordo com a consultoria Gartner. O segundo lugar, no ranking do Gartner, respondia por uma fatia de 27,3% e o terceiro, por 9,8%.
Com os resultados obtidos em vendas de licenças e de serviços de manutenção, no total de US$ 406 milhões, a Totvs é a sexta maior empresa do mundo software de gestão, de acordo com o ranking do Gartner. Os primeiros cinco lugares são ocupados por SAP, Oracle, Sage, Infor e Microsoft.
A Totvs apresentou uma receita líquida de R$ 305 milhões no primeiro trimestre, encerrado em março, com crescimento de 17,1% sobre o mesmo período do ano passado. O lucro líquido consolidado foi de R$ 33,6 milhões, o que representa um aumento de 20,5%. O número de funcionários supera 5 mil. "É um bom momento para a companhia, que queremos aproveitar", afirma Cosentino.
O processo de escolha do nome que vai substituir José Rogério Luiz, que está há dez anos na companhia, será feito no "menor tempo possível", diz Cosentino. A decisão de assumir as funções interinamente visa proporcionar liberdade de ação durante o período de transição, afirma o executivo.
Outras alterações de cargo foram anunciadas ontem. Wilson de Godoy vai deixar a vice-presidência de atendimento e relacionamento, retornando à de desenvolvimento de software. Rodrigo Caserta sai do cargo de vice-presidente de estratégia e consultoria e vai para o de atendimento e relacionamento. Alexandre Mafra, atual diretor administrativo, passa a acumular a diretoria de relações humanas. As mudanças serão efetivadas em 1º de julho.

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