28/06/2011

Bolsa sobe 1,7%; ação do Pão de Açúcar dispara 12,6%

Uma onda de bom humor global, e a disparada dos papéis do Pão de Açúcar, contribuíram para que a Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) recuperasse um nível de preços perdido há quase duas semanas, com a maior alta dos últimos 30 dias.

O destaque positivo do dia foram as ações do grupo varejista. O mercado reagiu com um otimismo que alguns analistas qualificaram de "exagerado" à possível fusão com o francês Carrefour. A ação preferencial disparou 12,64%, sendo negociada por R$ 73,25. A procura foi bastante forte, e o ativo foi o segundo mais negociado da Bolsa, com um giro financeiro de R$ 431 milhões.

No front externo, a economia dos EUA finalmente forneceu um indicador melhor do que o previsto por analistas. E quanto a crise europeia, prevalece a percepção de que o parlamento grego deve aprovar as medidas de ajuste fiscal, exigidas pelos organismos internacionais para que o país receba novos recursos financeiros, necessários para evitar que a nação mediterrânea caia em "default" (suspensão dos pagamentos).

O índice Ibovespa, que reflete os preços das ações mais negociadas, valorizou 1,77%, aos 62.303 pontos. O giro financeiro foi de R$ 5,66 bilhões. Nos EUA, o índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, teve alta de 1,21%.

O dólar comercial foi negociado por R$ 1,578, o que representa um decréscimo de 1,12% sobre o fechamento de ontem --a maior queda em dois meses.

Além do bom humor global, analistas apontam a influência da disputa pela Ptax (taxa média de câmbio) como um dos fatores que empurraram a taxa para baixo hoje, e não descartam novas quedas nos próximos dias.

'É claro que o governo sempre entrar no mercado e fazer o dólar 'subir na marra', talvez com mais leilões de dólar pronto. Mas ele não tem porque fazer isso agora: é mais provável que espere o final do mês', comenta Vanderley Muniz, sócio-diretor da corretora Onnix.

CARREFOUR

O grupo francês Carrefour anunciou nesta terça-feira ter recebido uma proposta de fusão de ativos no Brasil com os da CBD (Companhia Brasileira de Distribuição), que agrega lojas do Pão de Açúcar, Extra e Compre Bem. Se a fusão for concretizada, as duas empresas integrarão o maior grupo varejista do Brasil.

A proposta foi formulada em 27 de junho pela empresa brasileira Gama, que pertence ao fundo BTG Pactual, com o apoio financeiro do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).

Analistas ouvidos pela reportagem da Folha, e que preferiram não se identificar, apontam dois importantes riscos para a operação. Primeiro, a oposição do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), que deverá julgar a fusão. Como já mostrou o caso Sadia/Perdigão, o "xerife" da concorrência no Brasil pode ser uma grande dor de cabeça para os executivos envolvidos.

Um dos motivos que minoram esse risco é o fato de dois grupos concentrarem seus negócios na região Sudeste, amenizando o impacto da fusão sobre a concorrência.

O segundo risco forte é a oposição do grupo francês Casino, que já ameaçou buscar medidas legais para proteger seus interesses, manifestando-se em termos bastante duros contra a operação.

Por outro lado, esses mesmos analistas apontam dois fatores que podem conter a "raiva" dos franceses do Casino. Primeiro, a possibilidade de fazer parte de uma empresa muito maior, ganhando uma escala significativa no mercado brasileiro; Segundo, a perspectiva de abocanhar uma fatia de seu maior rival, o Carrefour.

Ainda no noticiário doméstico, a Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) divulgou nesta terça que o IPC (Índice de Preços ao Consumidor) de São Paulo teve queda de 0,05% na terceira quadrissemana de junho, após recuo de 0,08% na segunda.

GRÉCIA E EUA

No front internacional, a população da Grécia realiza sua quarta greve geral e ameaça paralisar o país como protesto contra as últimas medidas de austeridade do governo, que deverão ser aprovadas na quarta-feira no Parlamento para receber ajuda do exterior.

O plano de austeridade proposto pelo governo socialista pretende arrecadar 78 bilhões de euros até 2015, e inclui privatizações, novos impostos sobre renda e propriedades e cortes de salários e aposentadorias.

O governo prevê reduzir a força de trabalho do setor público em 25%, ao tempo que será elevada a 40 horas semanais a carga de trabalho e serão estipulados novos contrato com um salário mínimo de 500 euros mensais.

Nos Estados Unidos, os preços de imóveis nas principais cidades do país subiram pela primeira vez em oito meses, influenciadas pelas compras de primavera.

De acordo com o índice S&P/Case-Shiller, houve alta em 13 das 20 cidades monitoradas. Washington teve o maior aumento de preços, seguido por São Francisco, Atlanta e Seattle.

Com isso, o índice registrou elevação de 0,7% no mês de abril. A expectativa era de uma queda de 4%.

Fonte: Folha.com

Nenhum comentário: