29/06/2011

Sócio francês do Pão de Açúcar diz que Abilio Diniz ignora ética

A rede varejista francesa Casino, sócia do Pão de Açúcar, publicou anúncio nos principais jornais brasileiros nesta quarta-feira criticando duramente a proposta de fusão entre o Pão de Açúcar e o Carrefour (empresa também francesa).

No texto, chamado "Comunicado ao mercado", o Casino diz que o empresário Abilio Diniz, dirigente do Pão de Açúcar, desrespeitou a lei e a ética.

"O Carrefour e o sr. Abilio Diniz ignoraram deliberadamente tanto a lei e os contratos quanto os princípios fundamentais da ética comercial", diz a nota.

A assessoria de imprensa do Pão de Açúcar disse que a empresa já se pronunciou por meio da Comissão de Valores Imobiliários (CVM), órgão que fiscaliza o mercado de ações. Ontem, a empresa emitiu um comunicado dizendo que "recebeu, nesta data (quarta-feira, 28), correspondência que contempla uma proposta de associação das atividades da CBD com os negócios do Grupo Carrefour".

O Casino pagou em 2005 para assumir o controle do Pão de Açúcar a partir de julho de 2012. Se o negócio com o Carrefour for confirmado, o Casino perde esse comando. O Casino e o Carrefour são concorrentes na França.

A nota do Casino afirma que o Pão de Açúcar passou semanas negando informações e qualificou a operação de ilegal. "Trata-se de proposta estruturada em conjunto, em segredo e de forma ilegal."

O Casino, que já havido informado que pediria arbitragem internacional para impedir qualquer negócio do Pão do Açúcar com o Carrefour, voltou a mencionar na nota a disposição de uma batalha judicial para vetar o acordo. "O Casino vem a público para afirmar que deseja apenas o pleno e contínuo respeito à letra e ao espírito dos contratos em vigor. Estamos confiantes que as leis e as autoridades brasileiras não permitirão que prevaleça qualquer ameaça ou estratagema destinado a violar direitos legitimamente constituídos de acordo com as leis do país."

Veja a seguir a íntegra do anúncio divulgado pelo Casino:

"Comunicado ao Mercado

Após semanas de negar informação ao Casino, à Companhia Brasileira de Distribuição (CBD) e ao mercado, foram finalmente divulgados, ontem, os termos de uma operação envolvendo um fundo de investimentos, o sr. Abilio Diniz e o Carrefour. Trata-se de proposta estruturada em conjunto, em segredo e de forma ilegal, com o objetivo de frustrar as disposições do acordo de acionistas que regem a Companhia Brasileira de Distribuição (CBD) e, indiretamente expropriar do Casino os direitos de controle adquiridos e pagos no ano de 2005.

Ao conduzir estas negociações, o Carrefour e o sr. Abilio Diniz ignoraram deliberadamente tanto a lei e os contratos quanto os princípios fundamentais da ética comercial.

O Casino tem sido um acionista leal da CBD, comprometido e de longo prazo, desde 1999, quando foi convidado pelo sr. Abilio Diniz e sua família para se tornar o maior acionista da companhia, numa época em que a CBD passava por sérias dificuldades.

Em 2005, em nova demonstração de compromisso com o Brasil e com a CBD, o Casino adquiriu do sr. Abilio Diniz e de seus familiares o direito de se tornar controlador da CBD em 2012. Não se tratou então, como não se trata ainda hoje, de um investimento financeiro ou especulativo, mas, sim, de um compromisso de longo prazo no Brasil, por parte de quem tem mais de 110 anos de história no varejo.

Reafirmamos mais uma vez nosso compromisso com o Brasil e com a CBD, bem como com seus colaboradores, sua administração, seus clientes, seus fornecedores e demais stakeholders.

Também queremos reiterar nosso apoio ao crescimento continuado da CBD, respeitando sempre sua identidade e nacionalidade brasileira.

O Casino vem a público para afirmar que deseja apenas o pleno e contínuo respeito à letra e ao espírito dos contratos em vigor. Estamos confiantes que as leis e as autoridades brasileiras não permitirão que prevaleça qualquer ameaça ou estratagema destinado a violar direitos legitimamente constituídos de acordo com as leis do país."

Fonte: Uol

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