03/06/2011

Apesar das medidas do governo, PIB brasileiro no 1º trimestre deve vir forte

SÃO PAULO - Na próxima sexta-feira (3) o IBGE (Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística) divulga o PIB (Produto Interno Bruto) do
Brasil referente ao primeiro trimestre do ano, aguardado com ansiedade
pelo mercado, já que será um espelho de como a economia evoluiu após
uma série de tentativas do Governo em frear a inflação.

O resultado, contudo, deve mostrar que a economia brasileira
manteve-se forte, a despeito do aumento nos juros, medidas
macroprudenciais e impactos no crédito. Ainda assim, os economistas
acreditam que esse resultado deve ser o sinal de que, a partir do
segundo trimestre, a economia irá desacelerar de modo mais efetivo.

A responsável por esse aumento é a demanda interna, que parece não ter
se abalado tanto com as medidas tomadas até aqui. Nos três encontros
do Copom (Comitê de Política Monetária) neste ano, a decisão foi
aumento na taxa de juros, tentando conter a alta da inflação. O
primeiro aumento veio em janeiro, seguido de novas altas em março e
abril. O BC também adotou algumas medidas macroprudenciais encarecendo
o crédito. Mas no primeiro trimestre o efeito ainda foi pequeno.

Consumo das famílias segue forte
Segundo Tatiana Pinheiro e Natacha Perez, analistas do Santander, o
consumo das famílias deve ser a força motriz desse avanço, crescendo
8% na comparação com o mesmo trimestre do ano anterior. O motivo pelo
qual as famílias seguem consumindo parece ser consenso no mercado.

A equipe da LCA, por exemplo, explica que o mercado de trabalho
aquecido, a oferta de bens comercializáveis a preços competitivos e os
termos de trocas favoráveis impulsionaram a demanda no trimestre. A
Rosenberg completa a análise afirmando que, juntamente com o forte
consumo das famílias no período está a guinada das importações.

Desmembrando a equação da demanda, os investimentos também aparecem
como um fator importante para o avanço do PIB.

Oferta começa a se recuperar
Mas o lado da oferta também teve a sua contribuição. Para Thaís
Marzola Zara, da Rosenberg, a indústria, que passo a maior parte de
2010 "de lado", conseguiu iniciar sua recuperação e voltou a crescer,
amparada pela demanda, por um movimento de maturação nos investimentos
e pela pequena apreciação da moeda chinesa.

Outros setores também merecem destaque, segundo a economista, sendo
eles o comércio, o segmento de intermediação financeira e a
agropecuária.

Crédito ainda não surtiu o efeito desejado
Para a LCA, os setores ligados ao crédito tiveram um desempenho mais
tímido, sobretudo as varejistas. Thaís analisa que, embora as medidas
do BC tenham tido algum impacto, os efeitos das medidas
macroprudenciais e aumentos de juros ainda não foram sentido em sua
plenitude.

Segundo o Santander, o resultado do PIB deve impor alguma pressão
sobre o Governo, já que não ajudarão o trabalho da autoridade
monetária no sentido de fazer a inflação convergir para meta em 2012.

"Se nossa projeção for confirmada, o carregamento estatístico para o
crescimento do PIB será de 2,4%. Mais importante, este incremento
sinalizará que a economia cresce ainda ligeiramente acima do potencial
que, segundo nossas estimativas, é em torno de 1% ao trimestre",
comentam as analistas do banco.

Desaceleração no segundo trimestre
A leitura da LCA é mais benigna. Para a equipe econômica, a partir do
segundo trimestre de 2011, a desaceleração será mais perceptível,
aliviando as pressões sobre o BC em sua política monetária. "É válido
interpretar que quanto maior o investimento no 1T11, menor deverá ser
o desempenho desta variável no período subsequente", comenta a
consultoria.

Apesar disso, a autoridade monetária não deve descuidar quando o
assunto é inflação e para frear o crescimento da demanda serão
necessárias mais medidas para encarecimento dos empréstimos, elevações
da Selic e contração da expansão fiscal.

Fonte: InfoMoney

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