01/06/2011

Planejamento financeiro: por que é tão difícil ficar em linha com o orçamento?

SÃO PAULO - Mesmo elaborando um planejamento financeiro, por que
tantas famílias não conseguem chegar ao final do mês em linha com o
orçamento? Consultores financeiros ajudam a entender melhor alguns dos
fatores sociais e padrões de comportamento que fazem a maioria
extrapolar nos gastos, e ainda fornecem algumas dicas para que a meta
do mês seja atingida.

Rosana Riccoli, técnica de defesa do consumidor do Procon, avalia que,
em primeiro lugar, é essencial a questão da atitude, não adianta
apenas visualizar o que entra e o que sai se quando é preciso fazer
algum corte, o responsável pelas finanças da casa não o faz.

Assim, dado o primeiro passo, é preciso separar os gastos primordiais
daqueles que podem ser eliminados e, de fato, eliminá-los. Mauro
Calil, educador financeiro e fundador do Centro de Estudos & Formação
de Patrimônio Calil&Calil, ainda alerta para a acuracidade na hora de
colocar os gastos no papel, "ninguém ganha R$ 5.000,00, as pessoas
ganham 4.897,00", a exatidão pode fazer grande diferença.

O fator psicológico
Claro que cortar gastos não é tão fácil quanto parece, isto porque é
preciso considerar que, para a maioria das pessoas, suprimir despesas
tem interferências psicológicas muito relevantes. Quando deparadas com
uma situação na qual é essencial deixar de gastar, "a pessoa se sente
mal, no sentido de estar se privando de alguma coisa, de estar
baixando o padrão de vida, de conquistas", avalia Riccoli.

Apesar da mudança comportamental ter implicações psicológicas, já que
envolve a forma como a pessoa percebe a situação em termos emocionais,
é preciso entender que em certos momentos os cortes são necessários.
Deve-se, assim, enfrentar a situação como um momento passageiro, "os
cortes devem ser vistos como uma reorganização do orçamento, uma vez
que não havia um planejamento financeiro prévio", recomendou a
técnica.

Envolvimento da família
Apesar da fonte de renda das famílias ser, em sua maioria, proveniente
do trabalho dos pais, na hora de traçar metas financeiras no ambiente
familiar, o envolvimento de todos pode trazer excelentes resultados.

Nesse sentido, é importante ressaltar a participação dos filhos, que
quando são incluídos nas discussões financeiras podem colaborar no
sentido de atingir os objetivos definidos. "Se os jovens entendem que
para conseguir realizar uma grande viagem, por exemplo, é preciso
abdicar de algumas coisas, a pressão será menor e o objetivo será mais
facilmente atingido", afirma Riccoli.

Outra recomendação interessante é que as famílias incentivem os jovens
a buscarem algum tipo de atividade remunerada já na adolescência.
Calil orienta que, a exemplo do que já acontece corriqueiramente nos
Estados Unidos, os jovens podem realizar pequenos serviços como cortar
a grama do vizinho ou cuidar das crianças de outras famílias, o famoso
baby sitter. Com isso, além de colaborar com o orçamento, o jovem
começa a aprender como administrar suas finanças.

Saber priorizar
Após fazer o levantamento dos gastos do mês, é preciso separar as
despesas necessárias daquelas que podem ser eliminadas. O problema
aqui é que as pessoas têm uma grande dificuldade em abrir mão de
gastos que têm como objetivo manter um status social elevado.

Assim, na tentativa de manter o padrão, ou as aparências, a maioria
das pessoas termina o mês novamente endividada. Não existe mágica, as
despesas fixas como a prestação do carro, o aluguel e a conta de luz
estarão sempre presentes no final do mês e são elas que devem ser
priorizadas.

Cuidado com o apelo ao consumo
O apelo ao consumo faz parte da nossa sociedade, todos estamos
expostos a ele. A função da publicidade é colocar na cabeça das
pessoas que elas precisam ter o carro do ano e que, para serem
felizes, precisam ter o relógio mais caro ou as roupas da moda.

Se você entende essa lógica, já é meio caminho andado. Somos, sim,
seres humanos, facilmente influenciados pelas propagandas, mas se
entendermos que a publicidade já vem com esse golpe, já não estaremos
mais totalmente vulneráveis a ela e conseguiremos nos prevenir.

Pequenos gastos
Computar as contas mais pesadas e sobre elas tentar economizar não é
uma tarefa tão difícil, no entanto, um dos grandes vilões do
orçamento, e que nem sempre recebe a devida atenção, são os pequenos
gastos.

O que acontece, segundo avalia a técnica do Procon, é que as pessoas
tendem a enxergar as despesas mínimas do dia a dia de forma
individual. No entanto, quando somadas, essas contas miúdas podem
corresponder até a uma das contas fixas da casa que precisam ser pagas
ao final de mês.

Finalmente, Riccoli salienta que atingir as metas orçamentárias é
possível para qualquer um que esteja disposto e que tenha atitude,
disciplina e organização. O importante é prestar atenção não só nas
grandes contas, mas naquelas menores, que é por onde usualmente o
dinheiro escoa mais facilmente e sem ser percebido.

Fonte: InfoMoney

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