13/06/2011

Bolsa volta a mostrar preços atrativos, mas indefinição externa limita otimismo

SÃO PAULO - Os números da última semana contaminaram as bolsas de
pessimismo após a piora no mercado de trabalho norte-americano. Já o
discurso do presidente do Federal Reserve, Ben Bernanke, e os demais
indicadores divulgados desde a última segunda-feira (6) serviram para
corroborar as dificuldades enfrentadas pelas economias dos Estados
Unidos e da Europa em sustentar sua recuperação. Influenciado pelo
pessimismo internacional, o Ibovespa ignorou a melhora nos indicadores
locais de inflação e acumulou baixa de 2,55% na última semana.

O benchmark voltou a perder os 63 mil pontos, ainda em meio às
incertezas sobre o socorro à Grécia, que finalizou um novo pacote de
austeridade, o qual ganhou uma moção favorável do Parlamento alemão
na sexta-feira (10). Entre preocupações e ceticismo, surgem duas boas
notícias: a primeira é que boa parte dos problemas nas economias
externas já foi precificada, diz o analista econômico da Win Trade,
José Góes; além disso, os papéis da bolsa brasileira voltaram a
atingir um patamar atrativo, que pode trazer uma volta às compras na
próxima semana.

Góes diz esperar um movimento de retomada para o próximo período, com
o índice construindo uma correção às fortes perdas que se acumularam
nas últimas semanas. Ainda assim, a volatilidade tende a seguir como
um tema permanente.

Inflação é destaque na agenda doméstica
O economista da InvestPort Dany Rappaport segue recomendando cautela
aos seus clientes. "Tenho a impressão de que o mercado está exagerando
tanto na precificação dos juros quanto da inflação", ele diz. O Copom
(Comitê de Política Monetária), que correspondeu às expectativas do
mercado e elevou a Selic em 0,25 pontos-base, irá divulgar a ata da
última reunião na próxima quinta-feira (16), quando dará sinais sobre
a extensão do ciclo de elevação da taxa de juros.

As projeções do mercado apontam para mais uma elevação de 0,25 pontos
base no próximo mês, quando a sequência de ajustes pode ser encerrada.
"Com o fim do cenário de elevação da taxa básica de juros, o mercado
acionário tenderia a ganhar mais fôlego", diz Rappaport, que projeta
que a alta da Selic na última quarta-feira (8) pode ter sido a última
ou penúltima alteração feita pelo Copom ".

Cena internacional ainda limita melhora local
Enquanto a inflação tende a mostrar novas melhoras com o IPC-S (Índice
de Preços ao Consumidor-Serviços), o IPC (Índice de Preços ao
Consumidor) e o IGP-10 (Índice Geral de Preços), com o primeiro a ser
reportado na quinta-feira (16) e os dois últimos na sexta (17), a
atividade econômica global ainda se mostra como um ponto de entrave,
afirmam os economistas.

Há a necessidade de um cenário mais claro para as bolsas. Uma rolagem
da dívida grega para os próximos sete anos, neste sentido, poderia ser
positiva no mercado local, segundo Góes. Existe também a expectativa
pelos dados da economia norte-americana em maio, após os números
bastante negativos em abril.

O consenso de mercado aponta para uma leve melhora nos dados da
indústria, nos índices de preços e no mercado de trabalho dos Estados
Unidos. Rappaport acredita que os indicadores trarão uma visão mais
realista da recuperação mundial ao deixarem de contar com a
interferência da suspensão de parte da atividade industrial no Japão
durante os meses de março e abril, que pesaram sobre o desempenho da
economia global como um todo.

Já Góes, da Win Trade, avalia que a melhora dos dados tenha uma
contribuição pouco significativa após o reestabelecimento do Japão
após o terremoto de maior magnitude dos últimos 140 anos. "Os números
anteriores foram muito negativos, então há uma perspectiva natural de
melhora", afirma o economista.

Fonte: InfoMoney

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