Por Carolina Marcondes
SÃO PAULO (Reuters) - Após a definição sobre as concessões do setor elétrico que vencem a partir de 2015, o governo de São Paulo voltará a investir na Cesp ou vai privatizar a empresa, disse o presidente da empresa, Mauro Arce, à Reuters nesta quarta-feira.
Embora Arce diga que não existe nenhuma discussão, no momento, a respeito da venda da companhia ou mesmo de investimento do Estado para ampliar sua capacidade de geração, ele lembra que "a vontade de vender (a Cesp) no passado já se manifestou três vezes" --em tentativas fracassadas do governo paulista de se desfazer da empresa.
"(A privatização) não está sendo discutida agora porque tem que resolver essa questão antes... Em toda a minha gestão aqui estou me dedicando mais a isso do que qualquer outra coisa."
Em julho de 2015 vencem em definitivo pelas leis atuais as concessões de Ilha Solteira (3.444 MW) e Jupiá (1.551 MW) --que juntas respondem por dois terços do parque gerador da Cesp.
Ex-secretário estadual de Energia e de Transportes, Arce defende que o assunto concessões seja resolvido pela União ainda em 2011, sob risco de prejuízo às empresas do setor.
Ele lembrou, inclusive, que a estatal federal Chesf, do grupo Eletrobras, seria a empresa mais afetada pela não renovação dos contratos.
Ao mesmo tempo, Arce reconhece alguns pontos complicados nas tratativas sobre as concessões. "Se tem uma ação que foi feita em função de eu ter construído a usina e termina a concessão, eu fico com a ação ou a ação vai junto com a concessão?", questionou, referindo-se a investimentos além das usinas em si.
O diretor financeiro e de Relações com Investidores da Cesp, Vicente Okazaki, levanta ainda outro ponto passível de questionamento: a legislação considera 30 anos de concessão e 20 anos de prorrogação contados a partir do início da construção das usinas, e não do começo efetivo da operação --quando o empreendimento passa a gerar receita.
Se o prazo levasse em conta o início da geração de energia pela usina, a concessão de Ilha Solteira terminaria apenas em 2023, enquanto a de Jupiá em 2019.
O presidente da Cesp e o diretor financeiro acreditam que as concessões serão renovadas. "O debate está aberto, temos contato com o pessoal do governo, o próprio ministro (de Minas e Energia, Edison Lobão,)", disse Arce, que participará de uma discussão no Senado sobre o assunto em 15 de junho.
Homem das privatizações
Na gestão de Arce como secretário estadual foram privatizadas Elektro, CPFL, AES Tietê e Geração Paranapanema.
A última empresa de energia privatizada foi a Cteep. O presidente da Cesp também respondeu pelo leilão de concessão de rodovias paulistas.
"No setor elétrico eu vendi tudo, menos a Cesp."
A última tentativa de se privatizar a geradora aconteceu em 2008, mas os interessados abandonaram o leilão. "O argumento era o do mercado, e o mercado não queria por causa das concessões (que iriam vencer)."
"Mas em 2006 a gente convenceu as pessoas de que era uma boa comprar a Cteep", afirmou, lembrando que as concessões de parte dos ativos da transmissora, controlada pela colombiana ISA, também terminam em 2015.
Se a opção for por não privatizar a Cesp, Arce disse que o governo paulista não terá outra opção que não investir no crescimento da companhia.
Fonte: Uol
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