06/06/2011

Dados externos preocupam e investidores podem voltar à bolsa brasileira na semana

SÃO PAULO - O fraco desempenho da economia norte-americana,
evidenciado pelos recentes indicadores sobre o mercado de trabalho dos
EUA, pode beneficiar o mercado de ações por aqui nesta semana, de
acordo com analistas e consultores. Mesmo com a percepção de que os
investidores podem voltar para a bolsa nacional, a perspectiva geral é
de cautela.

Segundo a equipe de consultores da LCA, o destaque da agenda dos
próximos dias, no âmbito doméstico, fica por conta da reunião do Copom
(Comitê de Política Monetária), na terça e na quarta-feira, com
expectativa de que o comitê decida aumentar a taxa Selic em 0,25 ponto
percentual, dos atuais 12,00% para 12,25% ao ano.

Ademais, ainda no âmbito doméstico, ganham destaque também as
divulgações do IGP-DI (Índice Geral de Preços - Diferencial Interno) e
do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo). Ambos serão publicados
na próxima terça e a expectativa dos consultores da LCA é que
registrem taxas de 0,13% e 0,45%, respectivamente, em maio.

Exterior segue na pauta
O cenário no exterior também continua na pauta dos investidores,
embora conte com uma agenda mais escassa nesta semana. Os recentes
dados sobre o mercado de trabalho reforçaram os temores acerca da
trajetória de recuperação econômica dos EUA, podendo trazer os
investidores estrangeiros de volta para o mercado brasileiro. Esta
semana é "das mais fracas em termos de indicadores econômicos nos
EUA", segundo George Sanders, gestor de renda variável da Infinity
Asset.

Na Europa, a crise fiscal deverá continuar dominando a pauta do
mercado e o economista Julio Hegedus, da InterBolsa Brasil, chama
atenção para os rumores indicando que parte da dívida grega seria
trocada de maneira compulsória. "Nesse caso, comentava-se sobre € 30
bilhões envolvendo a troca de títulos curtos por longos, com € 100
bilhões usados no aporte de recursos para a rolagem de dívida do
país", detalha Hegedus.

EUA, Brasil e a bolsa
Segundo Hegedus, merecem destaque os dados dos EUA que indicam
desaceleração da economia norte-americana mais forte que o esperado.
Assim, "se o cenário de inflação [no Brasil] confirmar desaceleração,
pode se fortalecer a percepção de que pode ser hora de inverter as
ordens de venda de papéis no Brasil e compra nos EUA", diz o
economista.

Nesta linha, Sanders, da Infinity, afirma que "por aqui os
estrangeiros esboçam um retorno, já que por lá [EUA] tudo caminha para
um crescimento baixo".

Desta forma, o gestor avalia que o fluxo positivo para a bolsa e a
diminuição de vendas nos contratos de futuros "levam a crer que
podemos tentar alcançar a bolsa americana em termos de rentabilidade
no ano". A despeito disso, Sanders enfatiza que "continuamos com
posições cautelosas".

Há quem diga que a tendência não é de alta
Já os consultores da Rosenberg & Associados defendem que a tendência
para a bolsa nesta semana "não é de alta". A equipe explica que as
empresas industriais no Brasil estão sendo penalizadas pelos apertos
monetários via aumento do juro básico e pelas altas nos salários.

Além disso, os consultores afirmam ainda que o câmbio também segue
como um fator prejudicial para as indústrias nacionais, uma vez que o
dólar não deverá subir no curto prazo. Assim, a expectativa da
Rosenberg é de que "a taxa de câmbio continuará valorizada - podendo
alcançar até R$ 1,55 por US$ 1,00".

O analista Jason Vieira, da Cruzeiro do Sul Corretora, revela ainda
que a semana pode observar mais volatilidade do que a anterior,
especialmente por conta da ausência de indicadores econômicos de
grande peso na agenda do período.

Fonte: InfoMoney

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