03/06/2011

Siderúrgicas criticam perda de competitividade e guerra fiscal

SÃO PAULO - Preocupados com o excesso de aço no mundo e a concorrência
internacional, empresários do setor siderúrgico brasileiro
apresentaram hoje ao presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, uma série de
reivindicações para ampliar a produção e o consumo do produto no país.

Durante palestra no Congresso Brasileiro do Aço, o diretor-presidente
da Usiminas, Wilson Brumer, observou que, apesar do crescimento
econômico dos últimos anos, o Brasil tem sérios problemas de
competitividade.

Como exemplo, citou a guerra fiscal entre os Estados. "Isso inibe a
produção local e permite que outros países entrem no Brasil sem passar
pelas mesmas dificuldades que nós'', afirmou Brumer ao lembrar que o
país sofre com a burocracia, tem gargalos na infraestrutura, câmbio
apreciado, juros altos e enormes encargos sociais.

Segundo o presidente da Usiminas, o Estado brasileiro deve trabalhar
em conjunto com a iniciativa privada para promover ações que assegurem
para toda a indústria condições isonômicas de competitividade.

O presidente da ArcelorMittal Brasil, Benjamin Mario Baptista Filho,
acredita que a principal razão para o baixo consumo de aço no pais
está no fato de que a infraestrutura brasileira não consegue
acompanhar o crescimento da economia.

O aumento da importação do produto, complementou, é apenas um efeito
colateral da guerra fiscal. Para evitar uma maior perda de
competitividade, Baptista Filho defendeu que o governo federal reforce
os processos de defesa comercial e faça pesados investimentos em
educação.

O presidente da ArcelorMittal Brasil estima que a Copa do Mundo de
2014 e os Jogos Olímpicos de 2016 vão elevar o consumo de aço em oito
milhões de toneladas no acumulado deste período.

Apesar das dificuldades, o diretor executivo de marketing, vendas e
estratégia da Vale, José Carlos Martins, está um pouco mais otimista e
prevê um aumento da demanda pelo aço no Brasil e no exterior. Segundo
ele, o mundo vive um processo significativo de urbanização que vai
levar ao aumento da produção.

"A China deixou de ser uma economia de subexistência para ser uma
economia de mercado. E o Brasil já tem um déficit estrutural de aço se
pensarmos em um prazo de 10 anos'', afirmou Martins ao prever que o
crescimento da economia nacional neste período vai obrigar o país a
quase dobrar a sua atual produção.

(Fernando Taquari | Valor)

Fonte: Uol

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