16/06/2011

Venda a descoberto: especialistas apontam riscos e vantagens para investidor

SÃO PAULO – Ganhar com os investimentos em renda variável tem sido uma
tarefa difícil este ano. Enquanto a renda fixa vem garantindo uma
rentabilidade considerável para os investidores, por conta do aumento
dos juros, o Ibovespa, principal indicador do mercado brasileiro, já
acumula perdas de 11,11% este ano - até o fechamento desta
quarta-feira (15).

Neste cenário, uma das opções disponíveis para traders (investidores)
mais experientes é operar pensando na queda do mercado. Para aqueles
que fazem day trade (comprar e vender a mesma ação no mesmo dia),
existe a possibilidade de vender ações sem possuí-las no portfólio,
dando como garantia outras ações ou o saldo financeiro da conta.

O esquema é simples. O investidor vende um papel que ele acredita que
vai cair até o final do dia. Antes do encerramento do pregão, ele
compra aquelas ações e ganha com a diferença de preço entre as duas
transações.

Riscos
De acordo com especialistas de mercado, este tipo de operação envolve
os mesmos riscos de uma operação normal de day trade com objetivo de
alta. "O risco de operar no curtíssimo prazo é o mesmo. Você tem o
tempo contra, então, se aquela ação não subir - ou no caso, não cair –
o investidor terá de vender e arcar com os prejuízos", afirma o
diretor da corretora Icap, Paulo Levy.

O operador da Um Investimentos, Paulo Hegg, tem a mesma opinião. "Este
tipo de operação só é indicada para aquele investidor com perfil bem
agressivo e que já tem uma experiência no mercado. É uma transação que
pode garantir bons lucros, mas os riscos também são muito elevados",
afirma Hegg.

Investidor que vive da Bolsa
De acordo com o analista da Futura Investimentos, Allan Oliveira, o
investidor que opera regularmente no mercado com trades curtos precisa
saber operar tanto na alta quanto na baixa.

"Para aquela pessoa que faz várias operações inclusive no intraday, é
importante saber também operar vendido", diz Oliveira.

Para Paulo Levy, historicamente, o investidor pessoa física tem
operado muito mais na tendência de alta do mercado. "Quando a Bolsa
cai, ou ele fica de fora, ou, se já possui ações, fica torcendo para
que elas voltem a subir. Desenvolvemos uma ferramenta de home broker
para que ele opere também na baixa", afirma o diretor da Icap.

Análise técnica
Os investidores que fazem este tipo de transação de curtíssimo prazo
precisam de parâmetros para entrar e sair de uma posição. Para isso, a
análise de gráficos é a mais indicada. "O uso da ordem de 'stop', ou
no caso de operar vendido, de 'start,' é fundamental", afirma Levy.

Com a ferramenta de "stop", o investidor programa a venda de um ativo
se ele chegar a um determinado preço, garantindo que as perdas sejam
controladas. No caso da venda a descoberto, existe a ordem "start",
que compra o ativo vendido automaticamente quando ele atingir
determinado preço.

Aluguel de ações
Para aqueles que querem "operar vendido" em transações mais longas,
que ultrapassem o período de um dia, a opção é alugar a ação. Com a
operação, o investidor aluga um ativo, vende e quando atingir o preço
esperado, ele compra para devolvê-lo ao dono.

Segundo especialistas, este tipo de transação também envolve riscos,
já que possui um "prazo de validade". Ou seja, mesmo que aquelas ações
não tenham o desempenho esperado, o investidor terá de devolvê-las e
pode ter de embolsar os prejuízos.

Além disso, para alugar ações são cobradas taxas, que costumam variar
de acordo com a liquidez daquele ativo.

Longo prazo
De acordo com educadores financeiros e analistas do mercado, a Bolsa
de Valores é ideal para investimentos de longo prazo, já que possui
uma grande volatilidade e no curto prazo pode se tornar um risco para
investidores menos experientes.

Entretanto, o mercado possui uma vasta disponibilidade de ganhos e
pode ser aproveitado de diversas maneiras. É importante lembrar que as
operações de curtíssimo prazo são indicadas para aqueles que já têm
experiência no mercado e sabem lidar com o sobe e desce das ações,
especialmente no intraday.

"É preciso que ele seja um investidor mais experimentado, diferente de
quem vai acompanhar uma empresa no longo prazo, buscando ganhar
dividendos e na valorização futura do papel", finalza Levy, da Icap.

Fonte: InfoMoney

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