15/06/2011

BC dos EUA alerta para distúrbios nos mercados se teto da dívida não for elevado

O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Ben
Bernanke, disse nesta terça-feira que, caso o limite da dívida pública
americana não seja elevado, os Estados Unidos deixarão de cumprir suas
obrigações, o que provocaria distúrbios nos mercados financeiros.

"Fracassar em aumentar o limite da dívida iria exigir que o governo
federal atrase ou descumpra pagamentos de obrigações já contratadas",
disse Bernanke, em uma palestra em Washington.

Segundo o presidente do Fed, mesmo uma breve suspensão de pagamentos
das obrigações do Tesouro americano causaria grandes distúrbios nos
mercados financeiros.

De acordo com Bernanke, isso induziria a rebaixamentos na
classificação de crédito dos Estados Unidos e prejudicaria "o papel
especial" do dólar e dos títulos do Tesouro nos mercados globais.

As declarações de Bernanke representam mais uma tentativa de exercer
pressão para que o Congresso americano aprove o aumento do teto da
dívida pública americana, que chegou ao seu limite legal, de US$ 14,3
trilhões (cerca de R$ 22,6 trilhões) em 16 de maio.

Na ocasião, o governo anunciou a adoção de medidas temporárias para
impedir que a dívida ultrapasse o teto, como a suspensão de
investimentos em fundos de pensão.

Segundo o Tesouro americano, porém, mesmo com essas medidas, o
endividamento irá ultrapassar o limite no dia 2 de agosto, caso o
Congresso não chegue a um acordo para permitir a elevação do teto.
Impasse

Comum no Congresso americano, onde ocorre de forma periódica desde
1917 (data em que foi estabelecido um limite legal para o
endividamento do país), a renegociação do teto da dívida enfrenta um
impasse no momento.

A oposição republicana exige que o aumento do limite seja vinculado a
cortes maiores no orçamento americano dos que os desejados pelo
governo democrata.

"Eu entendo completamente o desejo de usar o prazo final para aumentar
limite da dívida para forçar alguns ajustes necessários e difíceis na
política fiscal", disse Bernanke.

"Mas o limite da dívida é a ferramenta errada para esse trabalho
importante", afirmou, ao pedir que democratas e republicanos busquem
um plano de longo prazo para conter o deficit americano, que deve
fechar este ano fiscal em US$ 1,4 trilhão (cerca de R$ 2,2 trilhões).

O impasse em torno da dívida e do deficit no orçamento já levou
agências de classificação de risco a alertarem sobre a possibilidade
de rebaixamento da nota dada aos dos Estados Unidos.

No início do mês, a agência Moody's advertiu que, se o Congresso não
chegar a um acordo para elevar o limite do endividamento, poderá
rebaixar a classificação da dívida americana devido ao "muito pequeno,
mas crescente risco de moratória".

Em abril, a Standard & Poor's já havia rebaixado sua perspectiva da
dívida dos Estados Unidos de "estável" para "negativa", em uma medida
de alerta para a possibilidade de rebaixamento na classificação de
crédito do país.

Os Estados Unidos têm atualmente a mais alta classificação de crédito,
"AAA", que significa que o país tem grande capacidade de cumprir seus
compromissos financeiros.

Fonte: Uol

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