12/07/2011

Investidores estão divididos sobre proposta de fusão das companhias

Valor Econômico - 12/07/2011

Depois de um passado turbulento com os minoritários, é possível que o futuro do empresário Abilio Diniz, fundador do Pão de Açúcar, fique nas mãos desses pequenos acionistas.

Há pelo menos dois anos, Diniz tem sinalizado que prefere ter uma fatia menor de uma companhia maior do que ser um grande acionista de uma empresa limitada para o crescimento. Os sinais começaram na mesma época em que Diniz tentou negociar com o Casino o acordo de 2012, buscando manter o controle compartilhado.

Nos últimos dias, o empresário e seus assessores financeiros têm conversado com fundos em busca de apoio à operação. Não apenas entre os que já são acionistas.

Há informações de que o BTG Pactual está procurando investidores que possam substituir em parte a atuação do BNDES no negócio - capitalização prevista de R$ 3,9 bilhões, com a compra de 18% da empresa. O BTG já teria sido procurado por investidores interessados. O banco também procura por nomes de peso, que possam fornecer uma grife ao projeto.

Boa parte do mercado, no entanto, recusa a operação antes mesmo de analisá-la. Isso porque alguns investidores acreditam que a iniciativa atual de Diniz é uma quebra de contrato, já que o empresário havia se comprometido a entregar o controle do Pão de Açúcar ao Casino em 2012.

Esse grupo de investidores também se diz preocupado com a governança futura da empresa. Alegam temer que Diniz, assim como fez com o Casino, mude as regras do jogo. Por outro lado, há acionistas que avaliam que a estrutura proposta - em que o Pão de Açúcar deixaria de ter o controle definido e seria uma companhia de capital disperso - seria um incremento na governança do grupo.

Esses minoritários, que têm fôlego financeiro e sangue-frio para manter as posições nesse período de incerteza, também acreditam que a junção com o Carrefour vai gerar valor para o grupo.

Como argumento, citam as sinergias esperadas com a operação, entre R$ 1,3 bilhão e R$ 1,8 bilhão. E, sem pender para o lado de Diniz ou do Casino, entendem que a prova de que o negócio Pão de Açúcar é bom é o fato de estar sendo disputado pelos controladores.

Apesar de estar intensificando contato com outros investidores, Diniz já afirmou que o BNDES ficará no negócio até o fim.

Ontem, o Ministério Público do Distrito Federal informou que vai investigar a participação do banco na fusão. Quer apurar a origem dos recursos e saber se há interesse social em investimentos bilionários em empresas privadas pelo banco. O MP encaminhou ofício para o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, pedindo alguns esclarecimentos. (APR e GV, colaborou Juliano Basile, de Brasília)

 

Fonte: Um Investimentos

Nenhum comentário: