10/06/2011

Fusão incerta entre Sadia e Perdigão tira R$ 2 bi da BR Foods

A BRF Brasil Foods, empresa resultante da fusão entre Sadia e
Perdigão, perdeu R$ 2,26 bilhões em valor de mercado após o início do
julgamento da união no Cade (Conselho Administrativo de Defesa
Econômica).

O relator do processo, o conselheiro Carlos Ragazzo, reprovou a
operação anteontem, apontando risco de aumento de preço dos produtos
vendidos pelas empresas.

O julgamento foi interrompido após o conselheiro Ricardo Ruiz pedir
vista e deve ser retomado na próxima quarta-feira. Ruiz indicou que
deve seguir o relator em seu voto. Cinco conselheiros decidirão o
futuro da BRF.

A notícia caiu como uma bomba no mercado financeiro. Apesar de esperar
imposições do Cade à fusão, a maioria dos analistas não considerava a
possibilidade de o conselho exigir a dissolução da empresa, formada em
maio de 2009.

Em dois dias, as ações caíram 9,3% --considerando as cotações de
fechamento de terça-feira, véspera do julgamento, e ontem. O papel
terminou o pregão a R$ 25,31, queda de 3,21%, mas chegou a perder 6,9%
durante o dia.

Desde terça-feira, o valor de mercado da BRF caiu de R$ 24,32 bilhões
para R$ 22,06 bilhões, uma diferença de R$ 2,26 bilhões.

"Ninguém esperava uma posição tão dura, e o comportamento das ações
comprova isso", afirmou Renato Prado, analista do setor de alimentos
da Fator Corretora.

"Para o mercado, o pior dos cenários seria a obrigatoriedade de venda
de uma das marcas líderes, Sadia ou Perdigão. Do jeito que o Cade está
propondo, nem sinergias no mercado externo seriam mais atingidas",
disse Gabriel Lima, analista do banco Santander.

REFAZENDO CÁLCULOS

O parecer de Ragazzo foi tão duro que levou analistas a começar a
incorporar, em seus modelos de análise, a possibilidade de o negócio
ser desfeito. Alguns bancos reduziram a recomendação e o preço-alvo
para as ações.

Diversos cenários estão sendo formados: quanto a BRF (antiga Perdigão)
valeria sem a Sadia, no caso da venda de uma das marcas e de o impasse
entre o Cade e a empresa permanecer.

Este último é o considerado mais provável pelos analistas. Para eles,
se os outros conselheiros seguirem Ragazzo, a empresa levará o caso à
Justiça, e uma resolução pode demorar anos, a exemplo do caso Nestlé e
Garoto.

Por enquanto, a incerteza continua. "Estamos recomendando ficar de
fora do papel enquanto não conhecermos a decisão final do Cade", disse
o analista Cauê Pinheiro, da SLW Corretora.

Fonte: Folha.com

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