20/06/2011

Manejo de risco: a íntima relação entre ser um trader bem sucedido e o stop loss

SÃO PAULO - Antes de começar a leitura de mais um artigo sobre
controle de risco, pense e responda: ao iniciar uma operação, você
determina primeiro os pontos de resistência ou de suporte? Na sua
visão, o essencial é encontrar o melhor ponto de entrada ou elaborar
uma estratégia de saída apropriada?

Não há uma pesquisa oficial sobre o assunto, mas as andanças por
cursos e palestras relacionadas ao mercado financeiro mostram que os
investidores pensam fundamentalmente nos lucros, para só depois
calcular os potenciais prejuízos. Isso quando calculam.

Pode parecer óbvia ou até sem sentido para alguns, mas a atitude em
relação ao questionado pode ser determinante para o fracasso ou
sucesso no dia-a-dia do mercado financeiro.

Estratégia de saída
A estratégia de saída nada mais é do que determinar, no primeiro
momento, o stop loss da operação, para logo em seguida monitorar a
evolução dos preços através do stop gain. Este procedimento é a
fronteira para limitar os prejuízos e deixar os lucros fluírem, regra
número um dos traders.

A ideia de priorizar a estratégia de saída foi amplamente disseminada
pelo trader norte-americano Van K. Tharp, através de sua reconhecida
obra "Trade Your Way to Financial Freedom", elaborada em 1998.

De acordo com Tharp, o trader deve ter consciência que estancar os
prejuízos é fundamental para ser bem sucedido no mercado, como mostra
o trabalho "The Value of Stop Loss Strategies", desenvolvido
recentemente pelos mestres Adam Y.C Lei e Huihua Li nos Estados
Unidos.

Muitos investidores pensam somente em encontrar o melhor ponto de
entrada e esquecem dos riscos da operação, afirma Tharp, erro que pode
custar todo seu patrimônio. Por isso, o "Manejo de risco" explorará
neste artigo algumas das principais ferramentas de stop utilizadas
pelos traders.

Stop loss gráfico
Uma das estratégias mais primitivas utilizadas para determinar o stop
loss da operação é baseada na mínima do candle de entrada, mais
conhecida como Stop Curto. Nos guias de análise técnica recomenda-se
utilizar este método em operação de day trade, uma vez que o Stop
Curto costuma não ser eficiente, ou melhor, frustrante, nas operações
de swing trade.

Os investidores que utilizam o Stop Curto para swing trade usualmente
reclamam do "efeito violino", quando o preço alcança o stop loss no
intraday e passa a subir, assim como o movimento do arco quando o
violinista toca o instrumento.

Para solucionar este impasse, os traders usualmente utilizam os pontos
de reversão do mercado, ou seja, suportes e resistências importantes,
canais de alta e de baixa, linhas de tendência, padrões gráficos e
candlesticks.

Contudo, assim como no primeiro método, o investidor estará muito
exposto ao "efeito violino", uma vez que muitas pessoas saberão onde o
stop loss foi alocado, já que é uma região evidente no gráfico.
Sabendo disso, outros investidores buscarão exercer suas posições
nestes pontos críticos, tendo em vista a grande probabilidade de ser
exercido em função do acúmulo de ofertas, e, portanto, não havendo
necessidade de comprar a níveis mais altos.

Stop loss baseado no preço
No nono capítulo do seu livro, Tharp sugere aos investidores buscarem
alternativas de stop "ilógicas" para o mercado e que fujam do ruído
dos preços. Para não ser mais um alvo do arco do violino, os guias de
análise técnica recomendam aos traders vincularem o stop à exposição
ao mercado.

Os métodos Martingale e Antimartingale, além do FFE (Fixed Fraction
Exposure), são alternativas interessantes ao investidor, pois propõem
limitar as perdas conforme o percentual exposto na operação, ou seja,
através da gestão do patrimônio, algo particular. Apesar de
eficientes, os métodos envolvem, essencialmente, cálculos arbitrários
de exposição ao risco, como a famosa regra de nunca arriscar mais de
2% do capital em uma única operação.

Sem o amparo de uma base estatística, o investidor pode alterar sem
peso na consciência seu stop loss, na fé de uma reversão do mercado ou
sinal gráfico que transformará em um passe de mágica seu prejuízo
acumulado em lucro.

E aquela operação de swing trade transforma-se em posição de longo
prazo por conta da falta de disciplina do investidor, que carrega o
papel por meses ou anos para não exercer o prejuízo. Ou pior, encerra
a posição e o papel começa a subir. Qualquer semelhança não é mera
coincidência.

Stop loss programado
Para evitar a interferência humana na tomada de decisão, cresce cada
vez mais o uso de técnicas baseadas em osciladores e na volatilidade
dos candles com stop móvel. É comum se deparar com sistemas
fundamentados no cruzamento de médias móveis ou interligados nas
Bandas de Bollinger.

Contudo, a inserção da volatilidade dentro dos sistemas de gestão de
risco, utilizada por grandes instituições financeiras, vem sendo uma
tendência mundial, por trazer melhores resultados e pela eficiência em
fugir do ruído do mercado, como a exigência posta por Tharp no começo
do artigo.

O uso do VaR (Value at Risk) como ferramenta de manejo de risco,
visando estimar a perda máxima esperada de um ativo ou carteira, foi
um grande avanço no mundo das finanças, advento que abriu os olhos dos
traders em relação à importância da volatilidade para compor o stop
loss.

Cientes da exigência, muitos investidores utilizam atualmente o SaR
(Stop and Reverse) como stop móvel, a fim de capturar as reversões de
preço. Contudo, a deficiência em movimentos laterais traz dúvidas
quanto à sua eficiência.

A fim de propor uma alternativa melhor, Tharp sugere em seu livro
utilizar o stop móvel vinculado ao ATR (Average True Range), indicador
que mensura a volatilidade dos candles, alternativa que será tema do
próximo "Manejo de Risco". Aguardem!

Fonte: InfoMoney

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