anunciada na última quarta-feira (9) pelo Banco Central (BC), e um
provável novo aumento na próxima reunião do colegiado do BC devem
ocasionar mais um mês de captação negativa para a caderneta de
poupança.
Segundo especialistas, isto pode acontecer porque os investidores têm
procurado uma rentabilidade maior nos fundos de investimentos e em
outras aplicações de renda fixa, como os títulos do Tesouro Direto,
que têm a rentabilidade influenciadas pela taxa básica de juros.
De acordo com dados do Banco Central, a captação da poupança no mês de
maio ficou negativa em R$ 1,301 bilhão, resultado de R$ 107,404
bilhões de depósitos e R$ 108,706 bilhões de retiradas ocorridas no
período de 2 até 31 de maio.
Os fundos de renda fixa, por sua vez, registraram captação líquida de
R$ 3,354 bilhões no mesmo período, após 58,622 bilhões de depósitos e
R$ 55,267 bilhões de retiradas, segundo dados da Anbima (Associação
Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais).
Fuga para outros investimentos
Para a professora de economia da FGV (Fundação Getúlio Vargas), Myrian
Lund, o maior número de retiradas da poupança nos últimos meses tem
relação direta com o aumento da Selic e a fuga dos investidores para
outras aplicações mais rentáveis.
"À medida que a Selic sobe, a poupança vai ficando 'descolada', já que
ela possui uma taxa fixa de 6% ao ano, mais TR (Taxa Referencial), que
é muito pouco significante", diz Myrian. Então, as pessoas começam a
ver que a rentabilidade está mais alta em outros produtos", afirma a
professora.
Entretanto, ela lembra que, em muitos casos, mudar para um
investimento de renda fixa pode não ser a melhor opção, especialmente
se o investidor não tiver intenção de aplicar no longo prazo e se o
fundo tiver uma taxa de administração muito elevada.
"Não adianta ficar pulando de 'galho em galho'. É preciso fazer os
cálculos em relação à tributação, cobrada nos investimentos de renda
fixa de acordo com o tempo que o valor fica aplicado (varia de 15% até
22,5%). E também é preciso procurar por taxas de administração que
compensem e, de preferência, que não ultrapassem 1% ao ano", afirma a
professora.
Menor poder de compra
O professor de economia da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de
São Paulo), Gilberto Caetano, também vê a possibilidade da captação da
poupança continuar negativa nos próximos meses. Para ele, além da
'migração' para outros investimentos mais rentáveis, outro fator que
contribui para uma maior retirada do dinheiro da caderneta de poupança
é o aumento da inflação e a consequente queda no poder de compra da
população.
"Com os preços mais caros, as pessoas acabam tendo de buscar outras
maneiras de adquirir produtos e buscam recursos investidos para poder
continuar comprando", diz.
Além disso, com o crédito mais caro e as taxas de indimplências
elevadas, esses recursos também podem estar sendo utilizados para a
quitação de dívidas, segundo Caetano.
Impacto no financiamento imobiliário
De acordo com os especialistas, esta captação negativa da poupança nos
últimos meses não deve impactar no financiamento imobiliário com
recursos de poupança.
"Não acredito que haja um impacto nos financiamentos imobiliários.
Isto porque não estamos observando uma saída maciça da caderneta de
poupança. Logo mais as pessoas que migraram para os fundos devem
voltar para a caderneta de poupança, que não paga imposto e nem taxa
de administração", acredita Myrian.
O professor da PUC também não acredita neste impacto. "Tenho impressão
que isso não acontecerá. Até porque, apesar dos empreendimentos
imobiliários estarem crescendo, o ritmo do setor já não esta tão
intenso como no ano passado, por exemplo, o que resulta em uma menor
demanda por recursos. Além disso, tem bastante capital externo vindo
para o Brasil para esta área", ressalta Caetano.
Fonte: InfoMoney
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