26/07/2007

BC revê para baixo estimativas sobre preços, mas ainda fala em "parcimônia"

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central revisou para baixo a estimativa sobre os preços de alguns dos mais importantes itens que influenciam a inflação do país. A instituição explica que o cenário externo está contribuindo para manter os preços sob controle.

Indícios de que a autoridade monetária reduz seu receio de inflação criam expectativa de que os cortes na taxa básica de juros, a Selic, não diminuam o ritmo. Isso tende a gerar otimismo no setor produtivo e nos investidores do mercado de ações. Mas a instituição ressaltou que seguirá vigilante aos preços devido à demanda interna robusta e aos efeitos dos cortes passados da Selic.

As informações constam da ata do Copom, documento que relata a reunião de diretores do Banco Central que aconteceu nos dias 17 e 18 de julho, em que se decidiu baixar a taxa básica de juros de 12% ao ano para 11,5%. Na ocasião, quatro membros votaram por um corte de 0,5 ponto percentual, e três por um de 0,25 ponto.

Em baixa
Na ata, divulgada nesta quinta-feira, o Copom anuncia que ampliou ainda mais sua previsão de reajuste negativo das tarifas residenciais de eletricidade em 2007. A estimativa foi de retração de 0,9% em junho para queda de 3,6% na avaliação feita em julho.

O órgão baixou sua previsão de alta do conjunto dos chamados preços administrados, aqueles monitorados pelo governo. A estimativa na reunião anterior do Copom, em junho, era de alta de 3,6% no ano; a nova projeção é de 3,2%. Para 2008, a expectativa de alta passou de 4,8% para 4,5%, em cálculo que leva em conta, entre outros fatores, componentes sazonais, variações cambiais e inflação.

Os preços administrados tiveram peso de 31% sobre a alta de junho do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), índice oficial de medição da inflação. A meta do governo é encerrar o ano com alta de 4,5% no IPCA (com tolerância de dois ponts percentuais, para cima ou para baixo), número que vale para 2007, 2008 e 2009.

Para a gasolina e o gás de cozinha, o Copom manteve a previsão de reajuste zero em 2007, apresentada desde janeiro. Mas a instituição admitiu que há uma elevação "relevante" dos preços do petróleo desde a reunião de junho - atribuída novamente a "mudanças estruturais no mercado energético mundial" e à incerteza geopolítica. "Dentro dessa perspectiva, a persistirem as tendências observadas nas últimas semanas, o cenário central de trabalho adotado pelo Copom, que prevê preços domésticos da gasolina inalterados em 2007, poderia se tornar menos plausível", ressalva o Copom.

Parcimônia
No documento, o Copom cita que, "a partir de determinado ponto", a flexibilização da política monetária pedirá uma maior parcimônia. "As influências de fatores externos e internos sobre o balanço de riscos para a trajetória esperada da inflação continuaram atuando em direções opostas", afirmou a ata.

"A conjuntura internacional favorece a contribuição do setor externo para a manutenção de um cenário inflacionário benigno. Por outro lado, a demanda doméstica se expande a taxas cada vez mais robustas, sustentando a recuperação da atividade econômica."

Nesse cenário, o Copom continuará "vigilante". O colegiado do Banco Central lembrou que as decisões de política monetária terão efeitos limitados sobre 2007 --devido ao tempo que levam para chegar à economia real--, influenciando mais no ano que vem.

"Tendo em vista os estímulos já existentes para a expansão da demanda agregada, as incertezas que cercam os mecanismos de transmissão da política monetária, a aproximação progressiva entre a taxa básica de juros corrente e as taxas de juros que deverão vigorar em equilíbrio no médio prazo e os cortes já implementados, os membros do Copom entendem que, a partir de um determinado ponto, a flexibilização da política monetária passe a ser conduzida com maior parcimônia."

O BC elevou sua previsão para a inflação pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2007, sob o cenário de referência, que engloba dólar a R$ 1,90 e Selic de 12%. Apesar disso, o prognóstico segue abaixo do centro da meta, de 4,5%.

Os membros dissidentes viram que um corte menor contribuiria para estender o processo de flexibilização monetária, dadas as incertezas sobre a transmissão das reduções passadas sobre o crescimento da renda e da demanda doméstica.

Fonte: UOL Economia

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