12/07/2007

Como driblar a inflação

Diante da incrível variedade de indicadores utilizados para medir a inflação, é natural confundirmos e não ter a menor idéia de qual indicador realmente mede a inflação da economia...

Diante da incrível variedade de indicadores utilizados para medir a inflação, é natural que o consumidor confunda-se e não tenha a menor idéia de qual indicador realmente mede a inflação da economia. O problema está no fato de que cada indicador serve para medir a inflação para objetivos diferentes. IGP-M, IGP-DI, IPC, IPC-A, são alguns dos indicadores que, para muitos, não passam de uma sopa de letrinhas que só servem para compor notícias assustadoras nos jornais.

Por que tantos indicadores? Faz sentido utilizar índices diferentes para diferentes finalidades? Qual o objetivo do índice de inflação? O índice de inflação deveria servir para medir a variação no custo de vida do cidadão. Em outras palavras, deveria mostrar o quão mais caros ficaram todos os itens que você consome regularmente. Se você tem um padrão de consumo diferente de seu vizinho, provavelmente sua inflação será diferente da dele.

Veja um exemplo dentro de uma mesma categoria sindical. Porteiros e zeladores de prédios fazem parte do mesmo sindicato. Porém, o porteiro mora em outro bairro e o zelador mora no prédio. O porteiro toma ônibus todos os dias, enquanto o zelador trabalha no mesmo local onde mora. O porteiro fuma um cigarrinho enquanto espera o ônibus, mas o zelador não pode fumar no trabalho nem em casa (é praticamente o mesmo lugar). Na data-base do dissídio da categoria, ambos terão aumento de salário. Porém, o reajuste do porteiro apenas servirá para cobrir o aumento de preço do aluguel da casa, da tarifa do ônibus e do maço de cigarros, permitindo a ele continuar morando onde mora, andando de ônibus como sempre e fumando seu cigarrinho. Já o zelador estará com mais recursos do que antes, porque não gastava dinheiro com estes itens. Isto acontecia não somente nesta categoria profissional, mas em toda economia quanto todos os preços eram corrigidos por um único índice de inflação.

Não há muita coerência em utilizar um único índice de inflação para diferentes indivíduos. Cada um tem seu índice de inflação próprio. Por isso, esqueça o índice de inflação anunciado nos jornais. A melhor forma de medir sua inflação real é anotar todos os gastos do mês - todos mesmo, incluindo escola, a cervejinha com os amigos, os gastos com o jornaleiro, com a farmácia, com a igreja - e comparar mês a mês o valor total de gastos. Se no mês passado você gastou R$ 200 para manter a família e neste mês gastou R$ 220, sua inflação foi de 10% (R$ 20 são dez por cento de R$ 200). Somos nós que fazemos nosso índice de inflação.

O problema é que nosso salário é extremamente controlado, os reajustes são anuais, mas os aumentos de preços vão ocorrendo ao longo do ano. Muitas vezes, o aumento da gasolina de hoje só será levado em consideração no aumento de nosso salário daqui a alguns meses. Até lá, estaremos gastando mais e ganhando a mesma coisa. Nessas horas, é preciso tomar cuidado para não cair no temido cheque especial. É quando o dinheiro que ganhamos não dá para pagar as contas do mês, e começamos a "empurrar com a barriga", jogando para os meses seguintes nossas dívidas, agora acompanhadas de juros.

Para que isso não aconteça, temos que driblar a inflação, buscando ter o mesmo nível de consumo gastando o mesmo que nos meses anteriores. E, para isso, valem algumas dicas preciosas:

- O preço do alimento aumentou? Deixe de comprar. Compre alimentos com as mesmas qualidades alimentares, porém mais baratos. Troque a carne por frango, a banana prata por banana nanica. Pesquise, compre apenas nos locais com menores preços;
- Não se apegue a marcas, há muitos produtos de qualidade equivalente a preço mais baixo;
- Compre com maior freqüência e em menor quantidade, evite promoções que o obrigam a levar grandes quantidades;
- Compre mais produtos naturais no lugar dos industrializados - molhos prontos, sucos e outras bebidas de caixinha, alimentos congelados, saladas lavadas embutem em seu preço um custo maior da mão de obra;
- Prefira produtos a granel do que embalagens fechadas, onde a perda é muito maior por não se poder escolher os produtos;
- Cuide melhor de suas roupas para que tenha que trocá-las com menor freqüência;
- Reduza os gastos com contas de consumo - água, luz, telefone. É apenas uma questão de disciplina;
- Valorize seu dinheiro: pechinche, pechinche e pechinche.

Muitas destas práticas são úteis a qualquer momento para que possamos ter uma boa saúde financeira. Mas vale a pena lembrá-las na hora do aperto.

Fonte: MaisDinheiro.com.br - Gustavo Cerbasi

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