31/05/2011

Braskem é multada em R$ 583 mil por vazamentos de gás em Alagoas, 9 continuam internados

Aliny Gama
Especial para UOL Notícias
Em Maceió
Dez dias após o primeiro dos dois vazamentos de gás cloro-soda da unidade industrial da Braskem em Maceió, nos últimos dias 21 e 23 de maio, a empresa foi multada em R$ 583.333,28 e ainda não descobriu a causa dos acidentes que atingiram dezenas de pessoas.
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“Definimos o valor da multa de acordo com os danos levantados nos laudos preliminares entregues pela Braskem e das análises da investigação de nossos técnicos. Esse valor pode permanecer ou mudar, a depender do laudo final que ainda será entregue. Poderemos definir ainda outras penalidades”, disse o presidente do Instituto do Meio Ambiente (IMA), Adriano Augusto de Araújo.
Nove pessoas seguem internadas em hospitais de Alagoas e São Paulo, sete delas ainda por intoxicação. Segundo boletim médico divulgado nesta terça-feira (31), cinco moradores do Trapiche da Barra e dois funcionários da Braskem estão internados no Hospital Memorial Arthur Ramos, em Maceió, ainda tratando da intoxicação causada pela nuvem de fumaça.
Além deles, dois funcionários da empresa Mills, atingidos por um segundo rompimento de tubulação, no dia 23, também estão internados – um deles foi transferido para São Paulo nesta segunda-feira (30). A Braskem está custeando todas as despesas médicas e hospitalares.
Ainda segundo o boletim, um funcionário da Mills permanece internado em estado grave na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do hospital Arthur Ramos.
Já os dois funcionários da Braskem e as cinco pessoas da comunidade estão internados em apartamentos, com quadro estável e previsão de alta para os próximos dias.
O boletim informou que outro ferido no segundo vazamento foi transferido para São Paulo na tarde desta segunda-feira (30). Segundo o hospital, a decisão de transferir o paciente veio após avaliação de um médico contratado pela Braskem.
“O paciente estava internado na UTI, respirando espontaneamente, lúcido e se alimentando normalmente”, diz a nota assinada pelo médico José Roberto Rodrigues Cavalcante. Os nomes dos pacientes não foram informados.
O presidente do IMA informou que aguarda para esta terça-feira (31) a entrega do relatório conclusivo da Braskem, no qual devem ser apontadas as causas dos acidentes.
Na quarta-feira passada, técnicos do IMA anteciparam que foram detectados problemas de refrigeração no setor em que ocorreram os dois rompimentos de tubulação, num deles com vazamento de gás de cloro.
Os motivos dessas falhas no processo de resfriamento é que ainda não teriam sido informadas pela empresa. “Os relatórios da Braskem entregues ao IMA ainda não apontam as causas. Esperamos que as investigações mostrem o que realmente ocorreu para romper as tubulações”, disse Araújo.
O UOL Notícias entrou em contato com a assessoria de imprensa da Braskem, ainda pela manhã, mas até às 14h30 não tinha obtido resposta.
Os acidentes
O primeiro acidente ocorreu na noite do dia 21, após o rompimento de uma tubulação do setor 225, responsável pelo processo de resfriamento do gás de cloro, que ocasionou uma nuvem de gás tóxico que atingiu o bairro do Trapiche da Barra, vizinho à indústria.
Ao todo, 152 pessoas (130 adultos e 22 crianças) deram entrada no Hospital Geral do Estado e na clínica infantil Dayse Breda, apresentando quadro de intoxicação.
O segundo acidente ocorreu na madrugada do dia 23, quando uma tubulação rompeu e atingiu cinco prestadores de serviço da Braskem, que se preparavam para instalar andaimes na petroquímica.
Segundo a Braskem, as vítimas foram atingidas por estilhaços da tubulação e arrastadas pelo chão com a força do deslocamento do ar.
A empresa negou que houve explosão nos dois acidentes e enfatizou que no segundo não ocorreu vazamento de gás de cloro por estar com a produção paralisada após o primeiro rompimento de tubulação.

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