30/05/2011

Culpa não é só de estrangeiro: investidor brasileiro derruba bolsa!

SÃO PAULO – A bolsa brasileira tem caído desde o início do ano e a
fuga de investidores estrangeiros é apontada como maior causa. Com o
cenário econômico mundial mais duvidoso – quanto à recuperação
econômica dos EUA, ao futuro das dívidas fiscais dos países da Zona do
Euro e a medidas restritivas em emergentes como a China e o próprio
Brasil para conter a inflação – é de se esperar que aplicadores
procurem locais mais seguros, o que penaliza o mercado acionário
doméstico. Mas será que só isso justifica a queda do Ibovespa?

De acordo com o gestor de renda variável do Paraná Banco Asset
Management, Leonardo Deeke Boguszewski, grande parte da queda da bolsa
é devida ao investidor estrangeiro – que chega a representar 40% da
posição líquida vendida no mercado futuro de Índice Bovespa -, mas o
brasileiro também tem sua parcela de culpa. "A gente tem um cenário de
dois a três meses turbulento e a bolsa vai ficando de lado", afirmou
ele, para quem o brasileiro está mais com o "pé no chão" quanto ao que
pode ocorrer na bolsa de valores, tomando uma posição mais defensiva.

Já o analista-chefe da Walpires, Leandro Martins, acredita que a
conjuntura macroeconômica, com a inflação em alta, justifica uma fuga
que está havendo no mercado de renda variável, principalmente por
parte do brasileiro. "Ele está indo para a renda fixa em virtude da
inflação e da alta na taxa de juro. É comum essa migração. Tenho
percebido isso ao longo deste ano: o investidor está se protegendo
mais".

Os analistas do Deutsche Bank, Frederick Searby e Francisco
Schumacher, acreditam que as bolsas latino-americanas estão sofrente
diante da persistente saída do capital estrangeiro, da deterioração do
problema da inflação, da persistente preocupação com a bolha de
consumo e da potencial queda no preço das commodities.

Estrangeiros no Brasil
A saída de investidores estrangeiros na bolsa penaliza mais algumas
ações. De acordo com Boguszewski, do Paraná Banco, é natural que a
maior parte deles seja de grande porte e, portanto, precisam de
liquidez, o que faz com que escolham blue chips e small caps com uma
liquidez maior. "Por exemplo o setor de construção civil, no qual nem
todas as ações são blue chips, mas que tem uma liquidez razoável".

O analista-chege da Walpires concorda: "Tenho verificado que no setor
de construção é que o estrangeiro especula bastante. Quando as ações
do setor estão subindo forte, cruzo os dados e vejo que foi um dia
positivo de entrada de estrangeiros. Em dias que algumas delas caem
forte são dias que, coincidentemente, os estrangeiros saíram".

Em relação às blue chips, de acordo com Martins, este ano elas foram
jogadas um pouco de lado, sem grande interesse dos estrangeiros, o que
justifica a alta que elas têm apresentado neste ano. "As ações que têm
tido melhores movimentos são as de segundo escalão", afirmou ele, para
quem a interferência do governo, o risco estatal, prejudicou as ações
de Vale (VALE3, VALE5) e Petrobras (PETR3, PETR4). "São fatos que
geram incerteza".

Fonte: InfoMoney

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