31/05/2011

Moody's anuncia revisão do rating Aa2 do Japão para possível corte

SÃO PAULO - A agência de classificação de risco Moody's anunciou
nesta terça-feira (31) ter colocado o rating soberano do Japão em
revisão para possível corte, em reflexo à perspectiva desfavorável
para crescimento econômico e dificuldades por parte da política
econômica em cortar o déficit.

"Sem uma estratégia efetiva, a dívida pública vai crescer
inexoravelmente de um nível que já está muito acima de outras
economias avançadas", destacaram os responsáveis pelo rating da
agência, Thomas J. Byrne e Bart Oosterveld.

Na avaliação da Moody's, existem três aspectos cruciais para a
decisão: (1) o impacto econômico maior que o inicialmente esperado do
terremoto de 11 de março, (2) dúvidas sobre a capacidade da política
econômica do país em atingir suas metas de redução do saldo negativo
nas contas públicas e a (3) vulnerabilidade do país ao envelhecimento
da população e ao cenário pós-crise econômica global.

Endividamento
O colapso do crescimento econômico desde o início da década de 1990,
aliado à manutenção de amplos déficits fiscais, levou o país a manter
uma relação entre dívida e PIB (Produto interno bruto) maior que a de
outros países desenvolvidos, estimada pelo FMI (Fundo Monetário
Internacional) em 226% no ano de 2010.

"Embora não vejamos uma crise de financiamento no curto e médio
prazos, nenhum país pode registrar amplos déficits fiscais para
sempre", apontaram Byrne e Oosteveld.

Entretanto, a Moody's pondera que o Japão é favorecido por uma
importante penetração nos mercados de crédito, contando ainda com um
importante financiamento doméstico de sua dívida. "O governo [japonês]
consegue se financiar a um custo nominal inferior ao de qualquer outro
país avançado", ressaltou a nota sobre a dívida do país.

O cenário foi agravado no início deste ano pelos desastres natural e
nuclear enfrentados pelo país desde meados de março, os quais
dificultaram a produção e logística no noroeste do país e ampliaram a
necessidade de gastos públicos. No entanto, a decisão da Moody's não
chega a surpreender o mercado, já que a Fitch Ratings também colocou o
rating do país em perspectiva negativa na última sexta-feira,
utilizando-se de argumentos semelhantes.

Fonte: InfoMoney

Nenhum comentário: