31/05/2011

Vale se prepara para explorar os metais de terras raras

Segundo o ministro da Ciência e da Tecnologia brasileiro, Aloizio
Mercadante, a Vale, a maior produtora de minério de ferro do mundo,
está se preparando para explorar os metais de terras raras, em um
momento em que o Brasil tenta competir com a China para fornecer estes
que são alguns dos elementos metálicos mais procurados no planeta.

O governo fez contato com várias companhias industriais para obter
compradores para os metais de terras raras, um grupo de 17 elementos
que são utilizados principalmente para a fabricação de componentes de
produtos como turbinas eólicas, carros elétricos e telas de
computadores.

"A Vale trará grandes benefícios para o Brasil ao entrar neste mercado
de metais de terras raras, e eu creio que isso se constitui em um
fator importante para todo o Ocidente. E é algo que também
beneficiaria a Vale como companhia", declarou Mercadante.

A Vale confirmou que está pretendendo investir na produção desses
elementos metálicos, e acrescentou que o projeto ainda se encontra em
um "estágio preliminar".

Os preços dos metais de terras raras, como o óxido de cério,
quintuplicaram desde janeiro, depois que a China, que produz 97%
desses elementos, começou a reduzir as suas exportações.

O Brasil conta com amplas reservas de metais de terras raras, o que
possibilita que o país venha a se tornar um exportador importante no
futuro, bem como um fornecedor para a sua incipiente indústria
tecnológica, afirmou Mercadante. "Nós ganharemos competitividade na
área de energia elétrica e na produção de automóveis elétricos". Ele
acrescentou que esses elementos poderiam ser fundamentais para os
planos brasileiros de desenvolver uma rede completa de produção de
aparelhos como smartphones e computadores tablet.

Após obter um possível investimento de US$ 12 bilhões (R$ 19,1
bilhões) por parte da Foxconn, a fabricante do iPhone, em abril, o
Brasil tem se apressado para desenvolver a sua indústria tecnológica,
instituindo benefícios fiscais para companhias estrangeiras e criando
as bases para a produção de semicondutores.

Os analistas dizem que o papel da Vale em tudo isso faz sentido porque
os metais de terra rara são encontrados nas áreas em que a companhia
atua. Mas depois que as pressões do governo culminaram no afastamento
do diretor executivo da Vale, Roger Agnelli, no mês passado,
aumentaram os temores de que o Estado deseje retomar o controle
gerencial sobre a companhia, que foi privatizada em 1997. "Se a Vale
começar a seguir uma nova rota por causa do governo, isso confirmará
de certa forma as suspeitas relativas à interferência estatal e a
ideia de que o governo está dizendo à companhia onde ela pode ou não
investir", adverte Felipe Reis, analista do Santander no Brasil.

A produção de metais de terras raras será provavelmente um processo
longo e caro, já que o único motivo pelo qual estes elementos são
chamados de "raros" é o fato de eles serem de difícil extração, afirma
Pedro Galdi, analista de mineração da SWL Corretora, em São Paulo.

"Isso sem dúvida faria bastante sentido, e eu não tenho dúvida de que
a Vale está seguindo essa rota", disse ele. "Mas os metais de terras
raras são encontrados na companhia de outros mentais, de forma que é
necessário desenvolver uma tecnologia para separá-los. E isso pode
levar algum tempo".

Fonte: Uol

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