28/07/2011

Entenda as medidas para segurar o dólar e as operações feitas por empresas

As novas medidas do governo para tentar segurar a queda do dólar vão
atuar sobre o mercado futuro, com o objetivo de diminuir a especulação
dos investidores.

Para entender melhor como funciona esse mercado, o ideal é imaginar
uma negociação entre duas empresas, segundo o professor de economia
internacional do Ibmec, Reginaldo Nogueira.

No mercado à vista, por exemplo, uma empresa A tem uma dívida de US$ 1
milhão com a empresa B. Para pagar essa dívida, a empresa A vai
comprar US$ 1 milhão pela taxa de câmbio do dia e acertar a conta em
reais.

Já no mercado futuro a empresa A está preocupada com uma dívida que
terá que pagar em quatro meses. A empresa A não sabe se o dólar vai
subir muito e tem medo de não conseguir honrar o compromisso. Uma
solução encontrada é fechar um acordo com a empresa B,
comprometendo-se a comprar US$ 1 milhão daqui a quatro meses por um
valor determinado hoje em reais.

Nesse caso, a empresa B aposta que o dólar vai cair e que ela vai
conseguir lucrar mais com a venda no futuro, pois lá na frente vai
poder ganhar com a valorização da moeda (vai precisar de menos reais
para comprar e revender a mesma quantidade de dólares).

Já a empresa A quer evitar essa alta para sua dívida não subir. Para
se proteger de variações muito grandes no câmbio, as empresas fazem
uma espécie de seguro, que é chamado de "hedge".

O hedge é uma forma de proteção que as empresas têm contra a variação
do câmbio. Por exemplo, se uma companhia possui uma dívida de US$ 1
milhão e, hoje, a cotação do dólar está em R$ 1,54, a dívida é de R$
1,54 milhão.

Caso não pague à vista e tenha um prazo de quatro meses para quitar o
débito, a cotação do dólar pode variar até lá. Se subir para R$ 2,00
no final dos quatro meses, a dívida aumentaria de R$ 1,54 milhão para
R$ 2 milhões.
Empresas usam truques para especular com seguro

Existem "truques" que podem fazer os lucros das empresas se
multiplicarem nessas operações de hedge. Essa aposta no futuro é
classificada como especulação.

Voltando ao exemplo das duas empresas: a empresa A fechou um acordo
com a empresa B em que irá comprar US$ 1 milhão em quatro meses.
Porém, a empresa B não precisa ter esses dólares agora, porque só vai
vendê-los lá na frente.

Para tentar lucrar ainda mais com a negociação, a empresa B fecha o
negócio sem ter esse dinheiro no cofre. Com isso, ela aposta que a
cotação da moeda vai cair nesse intervalo de tempo e poderá lucrar
ainda mais no acordo com a empresa A, pois precisaria de menos reais
para comprar e revender a mesma quantidade de dólares.

Quando uma empresa faz isso, ela acredita nas previsões dos analistas.
Porém nem sempre as previsões são certeiras.

Se muitas empresas resolvem acreditar nas previsões e acontece algum
problema no meio do caminho, elas poderão até mesmo quebrar, trazendo
grandes problemas para a economia.
Tirando a pressão do dólar futuro

Para o professor Reginaldo Nogueira, a medida do governo busca tirar a
pressão sobre o dólar futuro, diminuindo a especulação e, com isso,
ajudando a desvalorizar o real.

"O governo quer taxar com IOF exatamente as empresas que estão
especulando para ver se isso aumenta a demanda por dólares no câmbio à
vista, desvalorizando a moeda brasileira", disse.

Na opinião de Nogueira, para a medida funcionar realmente, o governo
precisa estar atento às "manobras" do mercado e também aos juros.

"São dois problemas: o primeiro é que o mercado sempre encontra uma
forma de fugir da tributação; o segundo ponto são os altos juros
praticados no país, que continuam atraindo volumes obscenos de
dólares", afirmou.

Fonte: Uol

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