28/07/2011

Quem se beneficia e quem perde com a desvalorização do dólar?

SÃO PAULO – O dólar tem atingido níveis historicamente baixos em
relação ao real. Na última segunda-feira (25), a moeda norte-americana
terminou cotada a R$ 1,543, menor nível desde desde janeiro de 1999,
levando o governo a anunciar, nesta quarta-feira (27), novas medidas
para conter a desvalorização da divisa norte-americana.

Mas você sabe como esta valorização do real ante o dólar pode
influenciar na sua vida? O professor de Microeconomia e Finanças do
Ibmec-RJ, Luiz Filipe Rossi, aponta que, ao mesmo tempo que o dólar
barato beneficia parte da população, principalmente aqueles que fazem
viagens ao exterior ou que consomem produtos importados (ou itens que
tenham matéria-prima importada), existem setores da economia que são
negativamente influenciados pela desvalorização da moeda
norte-americana.

"O setor de exportação no Brasil, a quem nós devemos boa parte do
nosso crescimento, está sendo duramente atingido com esta
desvalorização", afirma Rossi.

De acordo com o professor, esta queda nas exportações pode prejudicar
as empresas por um longo período de tempo. "Estas empresas
[exportadoras] estão perdendo muitos negócios. E esta perda de
exportações sempre nos custa muito caro. Retomar é difícil, leva
tempo, exige muito investimento", ressalta.

E não são apenas os grandes empresários que perdem com a queda das
importações e a diminuição do faturamento das empresas voltadas para
este tipo de negócio. "Pode ser que tenha gente desempregada por conta
disso", aponta o professor.

Concorrência dos importados e queda da inflação
E não são apenas as empresas exportadoras que sofrem com a queda do
dólar. As empresas que têm a produção voltada para o consumo local
também se prejudicam com o aumento das importações.

"Você tem um concorrente importado antes que tinha o preço equiparado
ao seu. Com esta desvalorização do dólar, o produto dele fica mais
barato. Então, fica mais interessante importar do que produzir aqui",
aponta o professor.

Ao mesmo tempo, o diretor da corretora da Câmbio Pionner, João
Medeiros, aponta que o dólar desvalorizado ante o real também ajudou a
conter o avanço dos preços no País. "Se o dólar estivesse mais caro, a
R$ 1,60 ou R$ 1,70, a inflação seria maior", diz Medeiros.

Isto porque, com o preço dos importados mais baratos, muitos produtos
acabam tendo o preço final reduzido, o que ajuda a manter a inflação
sob controle.

Medidas
O Governo brasileiro anunciou nesta quarta-feira (27) a taxação de 1%
sobre as operações de derivativos cambiais feitas por investidores
brasileiros e estrangeiros no País.

A medida provisória autoriza o CMN (Conselho Monetário Nacional), para
fins da política monetária e cambial, a estabelecer condições
específicas para negociação de contratos de derivativos. Além disso, o
decreto prevê que, no caso de operações relativas a títulos ou valores
mobiliários envolvendo contratos de derivativos de uma forma geral, a
alíquota máxima de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) é de 25%
sobre o valor da operação.

De acordo com os especialistas, as medidas são paliativas. "O Brasil
recebe muito dinheiro especulativo, em função desta taxa de juros. O
que o governo está tentando fazer é diminuir o ganho destas operações
para ver se diminui um pouco este fluxo", aponta Rossi, do Ibmec-RJ.

O diretor da Pionner concorda. "O governo ataca o efeito, não a causa.
Quando o governo diminuir a taxa de juros, aí sim será tirado
efetivamente o atrativo do investimento especulativo aqui no brasil",
acredita Medeiros.

Fonte: InfoMoney

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