28/07/2011

Mercado avalia impacto de nova medida cambial

O governo publicou nesta quarta-feira (27) medida provisória no Diário
Oficial que permite a taxação em operações de derivativos feitas por
investidores brasileiros e estrangeiros no país.

A medida tem como alvo as operações com derivativos cambiais, que
possuem influência na formação da taxa de câmbio. No mercado futuro,
por exemplo, os investidores estrangeiros sustentam fortes apostas na
valorização do real.

A seguir comentários de profissionais do mercado sobre a medida:
Reginaldo Gualhardo, gerente de câmbio, Treviso Corretora

"Pode ser que não tenha tanta eficiência, mas a notícia em si, a
confusão que isso gera faz o mercado ficar mais receoso. Ninguém vai
querer arriscar hoje. O pessoal prefere se resguardar. É bem provável
que as posições vendidas deem uma estancada, porque o alcance dessa
medida ainda é confuso.

A tendência do real vai seguir de queda. No passado, não vimos nenhuma
medida que pudesse reverter essa tendência, apenas altas pontuais,
após as medidas e também pelo exterior. Num primeiro instante, o
tumulto vai dar força ao dólar, mas depois a gente deve ver alguma
estabilização."

Flávio Serrano, Economista sênior, Espírito Santo Investment Bank

"É pontual. Essas medidas não mudam tudo. Agora pode ter um impacto,
mas é pontual, porque boa parte do processo é fraqueza do dólar
norte-americano. É só você ver o euro forte; o dólar está fraco no
mundo. Tem que esperar a reversão da política monetária dos Estados
Unidos."
Felipe Pianetti e Fabio Akira, economistas para o Brasil, JP Morgan Securites

"A taxação de 1% reduz o 'carry' em posições compradas em real
(principalmente em posições no curto prazo), o que deve inicialmente
puxar os futuros para cima. O impacto sobre o mercado à vista por si
só é difícil de quantificar, mas o ruído criado por esse novo IOF e o
caminho aberto para novas medidas devem enfraquecer a moeda (real) ao
menos temporariamente."
David Rees, economista, consultoria Capital Economics, em Londres

"Controles de capital, taxação, etc., podem ajudar a alterar a
composição dos fluxos de capital, mas não vão resolver o problema. A
pressão sobre o real vai permanecer. O problema não vai embora com um
pouco de taxação sobre derivativos. Pode ajudar na margem, mas não vai
resolver o problema.

No médio e longo prazos, eles (governo) precisam reduzir as taxas de
juros, e isso vai levar muito mais tempo e demandar reformas
estruturais."
Luciano Rostagno, estrategista-chefe, CM Capital Markets

"Até pode fazer o dólar dar uma ajustada para cima, mas com a ajuda do
movimento externo, onde o euro está se desvalorizando contra o dólar.
Talvez essa forte queda que o dólar teve nos últimos dias pode ter
sido porque o mercado estava se antecipando a essa medida. O real
tende a cair no curtíssimo prazo.

Mas, de novo, acho que a tendência de apreciação do real prevalece no
médio prazo. Apesar de hoje provavelmente podermos ver um ajuste para
cima (do dólar), a tendência de apreciação (do real) persiste, já que,
na nossa visão, o Banco Central deve aumentar o juro mais uma vez e a
economia segue em ritmo de crescimento.

Também tem a questão do juro lá fora, que vai continuar baixo por algum tempo."

Fonte: Uol

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