28/07/2011

Após novas medidas do BC, dólar tem sua maior valorização diária desde maio

SÃO PAULO – O dólar comercial interrompeu sua sequência de seis quedas
com uma forte alta de 1,24% nessa quarta-feira (27), fechando cotado a
R$ 1,557, maior oscilação positiva desde 5 de maio, quando a moeda
fechou em alta de 1,25%. Já o dólar Ptax, que referencia os contratos
futuros na BM&F Bovespa, fechou cotado a R$ 1,5639 na venda, alta de
1,92% frente ao último fechamento.

Esse movimento refletiu a forte atuação do governo brasileiro no
mercado cambial, seja por meio de novas medidas, seja por conta da
intervenção direta ao comprar dólares, através de leilões de compra no
mercado à vista ou leilões de swap cambial reverso.

Nesta sesão, o Banco Central realizou dois leilões de compra de
dólares no mercado cambial à vista. A primeira operação ocorreu entre
às 11h07 (horário de Brasília) e às 11h12 e teve uma taxa de corte
aceita em R$ 1,566, enquanto a segunda contou com taxa de R$ 1,5572,
tendo ocorrido das 16h00 às 16h05.

O Banco Central vendeu 38% dos contratos que ofertou em leilão de swap
cambial reverso. A operação equivale a uma compra de dólares no
mercado futuro. A autoridade monetária vendeu 10 mil dos 26 mil swaps
ofertados, em operação que movimentou US$ 499,2 milhões.

Novas medidas para o câmbio
Governo brasileiro publicou no Diário Oficial nesta quarta decreto
impondo taxação de 1% sobre as operações de derivativos cambiais
feitas por investidores brasileiros e estrangeiros no país.

A medida provisória autoriza o Conselho Monetário Nacional, para fins
da política monetária e cambial, estabelecer condições específicas
para negociação de contratos de derivativos. Além disso, o decreto
prevê de que no caso de operações relativas a títulos ou valores
mobiliários envolvendo contratos de derivativos de uma forma geral, a
alíquota máxima de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) é de 25%
sobre o valor da operação.

"O mercado está totalmente paralisado diante das novas medidas
anunciadas", disse João Ferreira, diretor da Corretora Futura. "Com
relação ao fluxo de dólares, é muito difícil o Governo controlá-lo, já
que os juros no Brasil é um dos maiores do mundo", afirma.

"O que precisamos esclarecer neste momento, é se as medidas do Governo
levarão a uma maior intervenção do Estado sobre o mercado, ou se isso
é somente ajuste? Quem sabe os próximos passos serão a proibição de
viagens e gastos no exterior", completa Ferreira.

Estados Unidos e Grécia
O mercado continua a avaliar a situação norte-americana, onde o
impasse do teto da dívida publica do país continua, e pressiona os
mercados globais. Congressistas democratas e republicanos acreditam
que o aumento do limite de endividamento do país precisa ser ampliado
para permitir a rolagem da dívida, entretanto, discordam quanto à
reestruturação fiscal do país, que viria junto no pacote.

Além disso, o mercado também avaliou a divulgação do Livro Bege do
Federal Reserve, divulgado nessa sessão, revelando uma diminuição no
ritmo de crescimento da economia dos EUA na maioria dos 12 distritos
analisados até 15 de julho. Ainda por lá, o indicador Durable Good
Orders exibiu recuo de 2,1% no referido mês, frente à projeção de alta
de 0,50%.

Por sua vez, a agência de classificação de risco S&P rebaixou a nota
de risco grega novamente, desta vez para CC, com perspectiva negativa.

Dólar comercial e futuro
O dólar comercial fechou cotado a R$ 1,5550 na compra e R$ 1,5570 na
venda, forte alta de 1,24% em relação ao fechamento anterior. Apesar
desta alta, o dólar acumula desvalorização de 0,32% em julho, frente à
baixa de 1,14% registrada no mês passado. No ano a desvalorização
acumulada da moeda norte-americana já chega a 6,55%.

Na BM&F, o contrato futuro com vencimento em agosto segue o dia cotado
a R$ 1,560, forte alta de 1,33% em relação ao fechamento de R$ 1,540
da última terça-feira. O contrato com vencimento em setembro, por sua
vez, opera em forte alta de 1,42%, atingindo R$ 1,573 frente à R$
1,551 do fechamento de ontem.

O dólar pronto, que é a referência para a moeda norte-americana na
BM&F Bovespa, registrava R$ 1,5635000.

FRA de cupom cambial
Por fim, o FRA de cupom cambial, Forward Rate Agreement, referência
para o juro em dólar no Brasil, fechou a 3,71 para setembro de 2011,
0,89 ponto percentual abaixo do que foi registrado na sessão anterior.

Fonte: InfoMoney

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