28/07/2011

Vale deve quebrar recordes em resultado do segundo trimestre, dizem analistas

SÃO PAULO - Mais um trimestre de recordes. Esta é a percepção dos analistas em relação aos resultados da Vale (VALE3, VALE5) no segundo trimestre deste ano, os quais devem ser beneficiados pelos maiores preços das commodities. A mineradora brasileira vai reportar seu balanço nesta quinta-feira (28), após o fechamento do mercado.

De acordo com o analista Jonathan Brandt, do HSBC, a companhia deve apresentar um Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) recorde no 2T11 de US$ 10,8 bilhões, o que configura uma alta de 18% em relação ao montante reportado pela empresa no segundo trimestre do ano passado. Para Brandt, esse recorde será atingido graças aos maiores preços das commodities e a um pequeno aumento na produção de minério de ferro.

"Embora os resultados do 1T11 tenham sido impactados por um ganho de US$ 1,5 bilhão pela venda dos ativos de alumínio da Vale, esperamos que a empresa registre um LPA (lucro por ação) de US$ 1,34, alta de 4% na variação trimestral e US$ 16,8 bilhões em receita, alta de 27% na mesma base de comparação", afirmou Brandt em relatório.

Em linha com o HSBC, o analista Pedro Galdi, da SLW Corretora, acredita que o resultado da mineradora no segundo trimestre deverá surpreender pelo bom momento que a empresa opera. A corretora estima um lucro líquido de R$ 9 bilhões para a companhia no 2T11, 18% menor do que o valor apurado nos três primeiros meses deste ano, visto que entre janeiro e março o lucro da mineradora foi impactado pela venda de ativos de alumínio, como disse o HSBC anteriormente.

Em relação ao Ebitda, a SLW prevê melhora tanto na base de comparação anual quanto trimestral, totalizando R$ 15,84 bilhões no 2T11. "A sinalização de melhora na geração operacional de caixa e lucratividade sempre são importantes sinalizadores de que o cenário para a Vale continua muito confortável", afirmou Galdi em relatório.

"No entanto, nem sempre o preço de sua ação reflete esse tipo de evento, já que estamos num período importante da divulgação do final das negociações nos EUA para elevar o limite de endividamento do governo, que caso demore pode impactar o mercado acionário global", completou.

Minério de ferro deve impulsionar margens
Apontado como principal driver positivo para o incremento esperado nas margens da Vale no 2T11, o minério de ferro será novamente destaque no balanço da mineradora, segundo analistas. Cristiane Viana, da Ágora Corretora, aposta que a companhia apresentará expressiva evolução de seu faturamento no período, para algo em torno dos R$ 28,5 bilhões, "refletindo o cenário positivo para o segmento de minério de ferro". 

Segundo dados do Ministério do Comércio Exterior, o volume das exportações brasileiras de minério de ferro expandiu 8,2% no segundo trimestre deste ano em relação ao 2T10, com preço médio por tonelada exportada apresentando crescimento em torno de 16%. Segundo as estimativas da Ágora, a Vale deverá apresentar incremento no volume de venda de minério de ferro de 11,5% no segundo trimestre deste ano, com preço médio evoluindo em torno de 21,5% no período.

A maior parte destas vendas deverá continuar sendo para a China, segundo a SLW. Para Galdi, a Vale deverá apresentar um volume de vendas físicas de minério de ferro de 60 milhões de toneladas, o qual deverá representar uma evolução de 8% sobre o primeiro trimestre deste ano e alta de 6% frente ao 2T10.

"Já no caso do níquel esperamos que os volumes voltem a mostrar evolução, por conta do fim da greve em suas unidades no Canadá e pela própria dinâmica de evolução de sua atividades com este produto", ponderou Galdi. Segundo o analista, é esperada uma forte evolução no segmento de minerais não ferrosos e um bom volume de ferrosos, mesmo considerando o momento desfavorável que passa a siderurgia global.

Pressão de custos e preços das commodities
Apesar das expectativas otimistas dos analistas sobre os resultados da Vale no segundo trimestre, bancos e corretoras chamam atenção para o impacto de uma pressão de custos sobre os números da companhia no período. Segundo a SLW, as projeções para o balanço da mineradora no 2T11 refletem uma pressão adicional de custos de produção no trimestre, decorrente de um aumento na folha de pagamento, assim como o preço dos combustíveis e dos equipamentos.

"Mas mesmo assim, a Vale irá apresentar uma evolução em sua geração operacional de caixa, que é medida pelo Ebitda, estimamos que seja da ordem de R$ 16 bilhões, o que se confirmado representará uma margem Ebitda (relação percentual entre receita líquida e geração operacional de caixa) de 61%, muito acima da registrada no mesmo período do ano anterior, mas inferior ao do 1T11", disse Galdi. 

A analista da Ágora, por sua vez, destaca que apesar dos preços das commodities em geral ter aumentado no 2T11, os preços das commodities metálicas caiu, em especial o do níquel. Entretanto, segundo Cristiane, o forte desempenho do segmento de minério de ferro e o maior volume de venda dos produtos ofertados pela mineradora brasileira mais do que compensarão a queda vista nas principais commodities metálicas entre abril e junho deste ano.

Confira a prévia de resultados da Vale:

(em R$ milhões)

  2T11E*

1T11

2T10

2T11E*/1T11

2T11E*/ 2T10

Receita líquida

27.266

23.573

18.981

+15,67%

+43,65%

Ebitda**

16.762

13.025

10.434

+28,69%

+60,65%

Margem Ebitda***

61,45%

68%

41%

-6,55 p.p.

+20,45 p.p.

Lucro líquido

9.524

11.291

6.635

-15,65%

+43,54%

* Média obtida entre as expectativas de Ágora e SLW
** Geração operacional de caixa ou lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização
*** Relação percentual entre receita líquida e geração operacional de caixa

(em US$ milhões)

  2T11E*

1T11

2T10

2T11E*/1T11

2T11E*/ 2T10

Receita líquida

16.091

13.213

9.658

+21,78%

+66,61%

Ebitda**

10.142

9.176

5.577

+10,53%

+81,85%

Margem Ebitda***

62,90%

69%

58%

-6,10 p.p.

+4,90 p.p.

Lucro líquido

6.674

6.826

3.705

-2,23%

+80,14%

Recomendações
Esperando por números bastante otimistas no segundo trimestre deste ano, a Ágora manteve sua recomendação de compra para as ações da mineradora, apesar de afirmar que vai "ficar de olho" na conferência que a empresa fará com o mercado na sexta-feira para discutir os principais pontos de seu balanço financeiro do 2T11.

O HSBC, por sua vez, manteve sua recomendação overweight (acima da média do mercado) para a Vale, com preço-alvo de R$ 67,00 aos papéis ordinários da mineradora e de R$ 57,50 às ações preferenciais classe A, ambos em 12 meses. Estes targets configuram potenciais de valorização de 32,18% e 25,41%, respectivamente, em relação ao fechamento da última quarta-feira (27). 

Fonte: Um Investimentos

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