28/07/2011

Mercado especula com novo polo de escritórios na Chucri Zaidan, em SP

 

Mercado especula com novo polo de escritórios na Chucri Zaidan, em SP

Plano apresentado à prefeitura prevê 872 mil m² até 2016, o dobro de toda a avenida Paulista

Empreiteiras têm projetos prontos e fila de clientes; estimativa é de R$ 700 milhões em aluguéis por ano

Gabo Morales/Folhapress

Continuação da avenida Berrini, Chucri Zaidan tem galpões e velhas fábricas

NATÁLIA PAIVA
TATIANA RESENDE

DE SÃO PAULO

A extensão da avenida Chucri Zaidan, na zona sul de São Paulo, pode se tornar o maior polo de escritórios da cidade: os 872 mil m² existentes até 2016 serão o dobro da oferta da av. Paulista e 40% superiores à da Faria Lima.
A projeção é da consultoria imobiliária Jones Lang LaSalle. Serão ao menos R$ 700 milhões de aluguel ao ano, pagos por bancos, seguradoras, farmacêuticas, teles, eletrônicas, montadoras e grupos de óleo e gás, que já indicaram interesse no local.
As maiores construtoras do país já apresentaram propostas à prefeitura, que está a um passo de aprovar o novo distrito, segundo a Folha apurou, na área hoje ocupada por galpões e velhas fábricas.
A demanda é forte: a taxa de vacância do mercado de escritórios de alto padrão em São Paulo encerrou junho em 5%, um dos patamares mais baixos desde 1988, segundo a CB Richard Ellis.
A concentração financeira já migrou do centro histórico para a av. Paulista nos anos 1970; de lá para a Faria Lima nos anos 1990; e depois para a av. Berrini, da qual a Chucri Zaidan é uma extensão.
Incorporadoras e prefeitura prometem ruptura com o "modelo Faria Lima", que vinha dando o tom da expansão dos escritórios AAA.
O modelo, criticado por urbanistas, engloba calçadas estreitas e longos quarteirões, térreos fechados ao público e poucas áreas verdes, e prédios de um só uso, o que inviabiliza circulação aos finais de semana e à noite.
No atual Código de Obras, aprovado nos anos 1970, edifícios têm de ter recuo de cinco metros da rua, e o uso misto é desencorajado, o que transformou lojas e bares no térreo de torres de escritórios uma raridade.
Incorporadoras e prefeitura afirmaram à Folha a intenção de que o novo polo tenha mais multiuso, mais áreas verdes e calçadas mais largas.

MULTIUSO
Um dos projetos principais é o complexo de residências, escritórios e comércio da Odebrecht Realizações Imobiliárias, que vai ocupar terreno de 82 mil m² na ex-fábrica de bicicletas Monark. Segundo Paulo Melo, diretor de incorporação, projetos de uso misto são mais valorizados.
Odair Senra, do SindusCon-SP (sindicato da construção), diz que produtos desse tipo se tornam mais viáveis com o mercado aquecido. "As coisas mais complexas acabam acontecendo, saindo um pouco do feijão com arroz."
A Yuny Incorporadora tem dois projetos de uso misto na região. O mais adiantado deve começar a ser construído em 2012 num terreno de 13 mil m² e VGV (Valor Geral de Vendas) de R$ 500 milhões.
Os seis primeiros andares terão salas comerciais de 35 m². Nessa base comum serão erguidas duas torres de 27 andares, uma comercial e outra residencial, com apartamentos de 50 m² a 100 m².
"As salas comerciais atraem investidores e pequenas empresas, e o prédio corporativo, grandes empresas. O residencial também é atraente para executivos jovens, que procuram apartamento na região onde trabalham", diz Fábio Romano, diretor da Yuny.
Para valorizar o passeio e o pedestre, a prefeitura obrigou as construtoras a doar uma faixa de dois metros de largura na frente dos prédios.
Mas um dos problemas na Operação Urbana Faria Lima, por exemplo, segundo urbanistas, é que a legislação exigia até a criação de bulevares --o que jamais foi feito.

 

 

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