28/07/2011

WEG desenvolve sistemas para veículos elétricos

WEG desenvolve sistemas para veículos elétricos

WEG investe no desenvolvimento de motor híbrido totalmente brasileiro

Autor(es): Francisco Góes | Do Rio

Valor Econômico - 28/07/2011

 

 

A WEG está apostando no desenvolvimento do mercado de carros elétricos no Brasil. A empresa vai montar laboratório em Jaraguá do Sul (SC) com o objetivo de capacitar-se como fornecedora de sistemas de tração elétrica para veículos de passeio puramente elétricos e híbridos. Para isso, obteve financiamento de R$ 7,5 milhões do BNDES. O custo total do projeto é de R$ 12 milhões.

 

A catarinense WEG, fabricante de motores e equipamentos para o setor de energia, está apostando no desenvolvimento do mercado de carros elétricos no Brasil. A empresa faz pesquisas e vai montar laboratório em Jaraguá do Sul (SC), onde fica sua matriz, com o objetivo de capacitar-se como fornecedora de sistemas de tração elétrica para veículos de passeio puramente elétricos e híbridos, aqueles equipados com dois motores: um elétrico e outro a combustão.

Para dar fôlego ao projeto que pode contribuir para o desenvolvimento da indústria nacional de carros elétricos, a WEG conseguiu apoio financeiro do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O banco aprovou financiamento de R$ 7,5 milhões, por meio da linha de inovação tecnológica, para a empresa fazer pesquisa e desenvolvimento (P&D) na área de tração elétrica veicular. O sistema de tração elétrica inclui motores, geradores e inversores de frequência.

O financiamento do banco corresponde a 62,3% do investimento total da WEG no projeto, que é de R$ 12 milhões. Leonardo Guimarães, gerente da área industrial do BNDES, disse que o financiamento à WEG tem juros de 4% ao ano e prazo total de 84 meses (sete anos), incluindo o período de carência para início dos pagamentos e a amortização. As atividades de pesquisa serão desenvolvidas em Jaraguá do Sul, mas segundo o BNDES também poderão ser executadas por parceiros tecnológicos como consultores, universidades ou institutos de pesquisa. A conclusão do projeto está prevista para dezembro de 2013.

A WEG decidiu investir nesse mercado apesar das incertezas do carro elétrico no país, que vai concorrer com o flex

Segundo o banco, entre os méritos do projeto está o alto potencial de crescimento do mercado de veículos elétricos, com demanda nacional em nichos específicos. É a primeira vez que o BNDES financia projeto de pesquisa e desenvolvimento aplicado a um sistema nacional de tração elétrica para veículos.

A WEG decidiu investir nesse mercado apesar das incertezas que cercam o carro elétrico no país, onde existe um forte concorrente: o carro flex, o qual ganhou espaço nos últimos anos na indústria automobilística e também em termos ambientais uma vez que o etanol é uma fonte de energia renovável.

"A WEG decidiu apostar nesse mercado e aproveitar as oportunidades para introduzir uma tecnologia nacional de tração elétrica", disse ao Valor o diretor-superintendente da WEG Automação, Umberto Gobbato. O setor de automação é uma das cinco unidades de negócios da WEG. Gobbato afirmou que foi o desenvolvimento da tração elétrica para carros de passeio que motivou o pedido de financiamento ao BNDES. O empréstimo está em fase de contratação.

De acordo com o executivo, a WEG tem procurado as montadoras de veículos instaladas no Brasil com o intuito de tornar-se uma fornecedora do sistema de tração elétrica para carros híbridos ou elétricos puros. Além das montadoras tradicionais, esse é um negócio que tende a atrair novos investidores interessados em instalar fábricas no país. "Conversamos com vários investidores", disse Gobbato. A WEG trabalha em alguns protótipos em nichos de mercado.

A empresa já forneceu o sistema de tração elétrica para um triciclo em forma de carro em fase de projeto. Há também trabalhos envolvendo um quadriciclo com capacidade para duas pessoas. Ambos são projetos que poderiam ser usados em pequena escala, mas a meta da WEG é ambiciosa: quer operar em larga escala comercial nesse setor. Segundo Gobbato, o sistema de tração elétrica para carros de passeio teria alto conteúdo nacional uma vez que só seriam importados componentes como chips. A engenharia, o projeto, o motor elétrico, entre outros itens, seriam produzidos no país. Na visão dele, a WEG é a primeira indústria nacional a investir em um projeto de grande porte nessa área.

Se a aposta der certo - há especialistas que consideram esse um negócio de risco -, a WEG poderia vir a adaptar linhas de produção para atender a demanda dos sistemas de tração elétrica para carros leves. Mas de acordo com Gobbato esse não seria um problema já que a empresa tem flexibilidade operacional em seu parque industrial.

A WEG tem tradição no segmento de tração elétrica. A empresa fornece sistemas de propulsão elétrica para navios de apoio às plataformas de petróleo e também tem experiência no setor na área de transporte urbano, incluindo trólebus. A WEG também trabalhou com projeto de ônibus híbrido dentro de um conceito chamado "série", segundo o qual o motor elétrico é o motor principal de tração sendo acompanhado de um grupo gerador a combustão. É esse mesmo conceito que a WEG defende para os carros de passeio híbridos no Brasil.

Ele difere do conceito "paralelo" segundo o qual o motor a combustão é o principal, e o motor elétrico, auxiliar. "O conceito série tem maior eficiência energética e polui menos", disse Gobbato. Ele disse que a empresa forneceu o sistema de tração elétrica para um ônibus híbrido utilizado na usina de Itaipu que tem chassi feito pela Tutto e carroceria da Mascarello.

 

 

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