28/07/2011

Retomada da siderurgia deve demorar

Retomada da siderurgia deve demorar

Valor Econômico - 28/07/2011

 

 

Apesar de certa melhora no ambiente de negócios da siderurgia no segundo trimestre, levando analistas a prever uma tímida recuperação nos resultados, a perspectiva é que uma retomada do setor vai levar ainda algum tempo.

Entre as boas notícias destaca-se a redução do volume de aço importado, segundo o Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (Inda). O fato propiciou ligeiro aumento do produto vendido no mercado interno. Mas as siderúrgicas continuam sofrendo pressão de custos dada a alta das matérias-primas: o minério de ferro aumentou 20% no segundo trimestre e deve manter o mesmo preço no terceiro, enquanto o carvão deve subir entre 25% e 30% a tonelada.

Entre as três maiores siderúrgicas brasileiras, a Usiminas é a mais exposta a pressão de custos, pois é a mais dependente de insumos. Isso vem limitando o crescimento da empresa, cuja margem Ebitda, que era de 38% antes da crise de 2008, encolheu e, segundo as estimativas, pode ficar em 11,2% no trimestre.

Na média das projeções a que o Valor teve acesso, a receita líquida da Usiminas deve situar-se em R$ 3,2 bilhões. O Ebitda é estimado em R$ 371 milhões, ante R$ 826 milhões no mesmo período de 2010, o que explica a baixa rentabilidade. O lucro líquido deve ficar em R$ 143 milhões. A Ativa é mais pessimista e trabalha com um ganho líquido de R$ 69 milhões.

Os analistas não veem espaço para uma recuperação mais significativa da Usiminas no terceiro trimestre. A tendência da indústria de aço local, prejudicada pelo real valorizado, que trava as exportações e inibe a alta de preços no mercado doméstico face a concorrência das importações, pode levar as siderúrgicas a uma disputa por participação dentro do mercado interno, principalmente no setor de aços planos, com consequente redução de preços. O quadro pode ser agravado pelo processo de desestocagem dos distribuidores de aço, iniciado em julho. A pressão de custos piora o cenário.

Nesse ambiente pouco favorável, a CSN e a Gerdau estarão menos expostas que a Usiminas. A CSN dispõe de minério para consumo próprio e para exportação e a Gerdau é produtora de aços longos, consumidora de sucata, cujo preço tem ficado estável.

A Gerdau deve apresentar lucro de R$ 623 milhões, segundo a Ativa, e de R$ 583 milhões, de acordo com o Credit Suisse. O ganho, se confirmado, é favorecido pela maior receita financeira e pelo efeito da depreciação do dólar sobre a dívida. A projeção é inferior aos R$ 733 milhões do mesmo período de 2010. A receita líquida deve ficar em torno de R$ 8,7 bilhões. O Ebitda pode chegar a R$ 1,3 bilhão, inferior ao R$ 1,7 bilhão do segundo trimestre de 2010.

O mercado aguarda um bom resultado para a CSN, dada a atividade mineradora da empresa. A receita líquida deve ficar em R$ 4,2 bilhões, contra R$ 3,8 bilhões em 2010. O Ebitda esperado é de cerca de R$ 1,8 bilhão. A margem Ebitda da companhia é superior a de suas concorrentes, estimada em 42,4%. O lucro líquido é projetado pelos analistas em R$ 1,2 bilhão (Credit) e R$ 858 milhões (Ativa). O lucro foi engordado por R$ 600 milhões oriundos da venda da participação na australiana Riversdale.

 

 

 

 

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