13/05/2011

Bolsa: redução de custos e educação financeira podem atrair mais investidores

O número de pessoas físicas que investem em ações por meio da Bolsa de Valores de São Paulo registrou, no mês de abril, a sua sétima queda consecutiva. Desde setembro do ano passado, quando a quantidade de investidores de varejo na Bolsa atingiu o seu auge (630.895 investidores), a queda já é de 5,44%, para 596.571 investidores.

Apesar de parecer pequena, esta diminuição vai na contramão dos planos da BM&FBovespa de aumentar o número de investidores de varejo e atingir a marca de 5 milhões até o final de 2014 e reflete o momento de instabilidade do mercado acionário nacional, que acumula quedas nos últimos meses e tem na renda fixa um forte concorrente por conta do aumento da Selic (taxa básica de juro).

Educação financeira e redução de custos
Segundo o analista da corretora Socopa, Osmar Camilo, para atingir a meta de 5 milhões de investidores nos próximos anos, a Bolsa precisa investir em educação financeira e promover uma redução nos custos para os pequenos investidores.

"Estamos ouvindo notícias de que a Bolsa deve reduzir as taxas, o que pode ser uma boa medida para atrair mais investidores", acredita o profissional. "Mas, além disso, também é preciso que os investidores tenham mais educação financeira. Quanto mais as pessoas se sentirem familiarizadas, mais à vontade elas ficam para aplicar nesse tipo de investimento", completa Camilo.

De acordo com ele, as quedas da bolsa podem, inclusive, ser uma boa oportunidade de entrada e de ganhos no longo prazo. "Por isso a educação financeira é importante, para que os investidores saibam aproveitar as oportunidades".

O operador de mercado da WinTrade, Gustavo Migliano, concorda. "É preciso ter uma cultura de investimento em bolsa, é preciso fomentar isso. Não é de um dia para o outro que vai acontecer", aponta.

Concorrência com a renda fixa
Migliano lembra que a bolsa tem encontrado no aumento da taxa de juros um concorrente importante. "A taxa de juros brasileira está muito alta. Com isso e a baixa rentabilidade da bolsa nos últimos tempos, fica difícil atrair novos investidores para este mercado", diz.

E a opinião é compartilhada com os especialistas. "A Selic em alta acaba pesando muito na decisão do investidor. A expectativa de ganhos na Bolsa tem que ser maior do que a renda fixa está proporcionando para valer a pena, e isso não tem acontecido", afirma Camilo.

5 milhões de investidores
Para o analista da Socopa, a meta de chegar a 5 milhões de investidores pode ser alcançada, mas além das questões apontadas por ele, como maior educação financeira e redução de custos, vai depender de outros fatores.

Até 2014 ainda tem muito tempo. Mas esse aumento do número de investidores vai depender também de muitos outros fatores que ainda não podemos prever", aponta.

Para Migliano, alcançar este número é difícil, mas não impossível. "Sou bastante esperançoso em relação ao mercado. Com taxas de juros menores nos próximos anos, mais próximas daquelas que vemos em países de primeiro mundo, com o Governo conseguindo segurar a inflação de outras maneiras, acho que o mercado pode melhorar", acredita o operador.

Hábito de poupar em bolsa
Para o gerente do INI (Instituto Nacional de Investidores), Paulo Portinho, a participação dos investidores pessoa física na bolsa só deve aumentar significativamente quando os brasileiros começarem a ter a cultura de poupar mensalmente através de investimentos em ações.

"Fora do País, a renda fixa não tem uma rentabilidade tão grande e as pessoas têm por hábito poupar em bolsa. No Brasil, quando se fala em poupança, não se pensa em renda variável. Existem cerca de 30 milhões de contas com investimentos em renda fixa e parte delas poderia migrar para a bolsa. Mas, para isso, o investidor precisa entender que a bolsa também é um veículo de poupança", diz Portinho.

Para o especialista, o importante é que seja criado o hábito de poupar todos os meses, mesmo com quantias pequenas. "Na nossa visão, essa meta da BM&F Bovespa de atingir 5 milhões de investidores até o final de 2014 só vai dar certo quando começar a atingir o poupador que destina R$ 100, R$ 150 por mês ao investimento", acredita.

Fonte: InfoMoney

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