15/05/2011

Grécia, petróleo e inflação dividem as atenções do mercado semana que vem

O esforço para conter a inflação, o aperto monetário chinês, a volatilidade das commodities nos mercados internacionais e um noticiário corporativo permeado de balanços corporativos por aqui levaram o Ibovespa a terminar a segunda semana de maio com queda acumulada de 1,84%, aos 63.235 pontos.

Os fluxos modestos da bolsa local impediram que o índice deixasse o pólo negativo, enquanto a participação de estrangeiros seguiu concentrada na ponta vendedora. O benchmark operou descolado de Wall Street, com o Dow Jones, o principal benchmark da bolsa norte-americana, fechando a semana em baixa de apenas 0,34%. No ano, enquanto o principal índice da bolsa paulista acumula perdas de 8,8%, o Dow mostra ganhos na mesma porcentagem.

Grécia de volta ao noticiário
Durante a semana, cresceram especulações sobre a necessidade de uma nova ajuda financeira à Grécia, que poderia estar preparando a reestruturação da sua dívida. A especulação fez com que a agência de classificação de risco Standard & Poor's rebaixasse o rating do crédito soberano grego de longo prazo de “BB-” para “B”. Já a Moody's colocou a nota do país em revisão para um possível corte.

Na sexta-feira, o presidente do Eurogrupo, Jean-Claude Juncker, afirmou que o plano de auxílio financeiro ao país, que previa uma arrecadação de € 27 bilhões no mercado em 2012, é inviável e não deve ser cumprido. "Para mim é claro que a Grécia não conseguirá regressar aos mercados financeiros em 2012", disse ao jornal Muenchner Merkur.

Por sua vez, o jornal alemão Die Welt afirmou em sua edição online que a Comissão Europeia e o FMI (Fundo Monetário Internacional) seriam favoráveis à uma reestruturação da dívida grega, enquanto o BCE (Banco Central Europeu) e a França continuariam a opor-se à ideia.

Zona do Euro polariza as atenções da semana
O economista da Senso Corretora, Antônio Carlos Amarante, projeta uma semana com a Europa no centro do noticiário externo, principalmente por conta da possível reestruturação da economia grega. Ele ainda destaca outros focos de preocupação com o bloco, como uma nova alta da taxa de juros após o PIB (Produto Interno Bruto) da Zona do Euro ter crescido acima do esperado no primeiro trimestre, além da forte cotação do euro.

A principais preocupações econômicas no mercado interno ficam com a expectativa pelas medidas macroeconômicas ou monetárias do governo para conter a inflação. "A bolsa precisa da perspectiva de um cenário sólido", diz o economista, que ressalta que o mercado acionário enfrenta a concorrência 'desleal' dos rendimentos em renda fixa.

Commodities e Petrobras dividem a cena
O analista da Solidus Corretora, Christian Klemt, também considera importante o cenário europeu, assim como a necessidade de assegurar ao investidor o controle da inflação interna, mas defende que o principal balizador do curto prazo ainda é a queda das commodities, principalmente devido ao grande peso das companhias relacionadas ao setor na bolsa brasileira.

Klemt e Amarante apontam também que o resultado da Petrobras (PETR3, PETR4), divulgado na noite de sexta-feira, repercute no início da semana. A estatal registrou lucro líquido atribuível aos acionistas de R$ 10,985 bilhões no primeiro trimestre de 2011, montante 3,61% superior ao reportado no quarto trimestre e 42,18% acima do apurado nos primeiros três meses de 2010.

Resultados
Ao lado do desempenho das matérias-primas, o economista da Senso Corretora ainda destaca a temporada de resultados. Na próxima semana, por aqui e nos Estados Unidos, as divulgações perdem força e caminham para seu final. Ainda assim, as pequenas empresas continuam a ser uma grata surpresa. "Os papéis de segunda ou terceira linha, que não representam commodities, têm apresentado resultados maravilhosos", frisa Amarante.

Os resultados da TAM (TAMM3), Cemig (CMIG4) e dos bancos Sofisa (SFSA3) e PanAmericano (BPNM4) iniciam a temporada corporativa da próxima semana.

Agenda
Os indicadores domésticos serão escassos, com índices de preços e vendas no varejo. Pelo mundo, as balanças comerciais dos Estados Unidos, Alemanha e Reino Unido, relativos a março, e da China, em abril, também permeiam a semana.

Fonte: InfoMoney

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