01/07/2011

Crise grega não afetará o Brasil, afirma diretor do FMI

RIO - O diretor-executivo para o Brasil no Fundo Monetário
Internacional (FMI), Paulo Nogueira Batista Junior, acredita que a
crise econômica grega não atingirá o Brasil, apesar de considerar que
a situação continua "periclitante".

"Não é de se esperar que apenas a aprovação das medidas (do pacote de
austeridade) alterasse esse quadro", disse.

Nogueira Batista afirmou que, por enquanto, não há nenhum sinal de que
o Brasil poderia ser afetado pela crise grega. Ele acredita que os
primeiros países a serem afetados seriam aqueles da periferia
europeia, começando por Portugal e Irlanda. Depois, em um segundo
grupo, Espanha e Itália.

"Só se a crise viesse a afetar outros países e outros continentes fora
da Europa é que o Brasil sentiria os efeitos. Por enquanto, não",
opina.

O diretor do FMI acredita que a crise da Grécia não vai ser resolvida
rapidamente, porque eles acumularam muitos problemas, durante muitos
anos.

"A política fiscal grega foi irresponsável nos anos que antecederam a
crise, inclusive não se tinha ideia do grau de irresponsabilidade
porque os dados estavam sendo mascarados pelo governo anterior",
disse.

Outro problema da economia grega que dificulta sua recuperação é o
acúmulo de perda de competitividade internacional, com preços e
salários muito acima do necessário para que a economia competisse com
outros países.

Uma das dificuldades da Grécia para contornar a crise é o fato de não
ter moeda própria, o que a impede de realizar uma depreciação cambial,
ou adotar uma política monetária independente.

"Vai ter que fazer ou uma deflação interna, que é extremamente
doloroso, ou obter ganhos de produtividade da economia muito
superiores aos dos parceiros comerciais, mas isso exigiria um esforço
difícil de produzir em pouco tempo e na escala necessária para
compensar o acúmulo de perda de competitividade", disse.

Ele está no Rio de Janeiro, participando do seminário promovido pelo
Banco Central e pelo G-20 sobre Política Monetária e Regulação
Macroprudencial. Nogueira Batista frisou que se tratam de opiniões
pessoais, e não do FMI.

(Juliana Ennes | Valor)

Fonte: Uol

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