17/08/2011

Após pânico, ressaca nas mesas de operação

Eduardo Campos

17/08/2011

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A terça-feira teve típica cara de ressaca, com baixos volumes negociados e oscilações poucos expressivas.

Depois das duas semanas de pânico, que devem ter deixado muita gente machucada, os investidores esperam.

Até o VIX, que mede a volatilidade das opções na bolsa americana e é visto com um termômetro do medo do mercado, variou pouco.

Depois de saltos de 50% na duas primeiras semanas do mês, para a linha dos 48 pontos, ontem o índice fechou com leve alta de 3,07%, aos 32,85 pontos. Entre máxima e mínima variou apenas 2,81 pontos.

Em cima do muro investidor aguarda novo empurrão

Conforme notou o gerente de operações da Banif Corretora, Arnaldo Puccinelli, o mercado parece "sentado em cima do muro" depois da forte instabilidade observada recentemente.

Na visão do especialista, quem estava preparado para uma piora realizou lucros, e quem estava comprado zerou suas posições no desespero.

Fica a expectativa, agora, sobre qual será o próximo evento a "derrubar" os agentes do muro e para que lado eles vão cair.

O ponto alto do dia foi o encontro entre França e Alemanha que abordaria a crise das dívidas soberanas. Mas como sempre, as reuniões ordinárias na zona do euro não produzem novidades. Todos se perguntam quando será a próxima reunião de emergência. Essa sim produz efeito prático.

A reunião entre os dois países terminou com uma proposta de adoção de um tipo de CPMF na zona do euro e frustrou as expectativas quanto à criação de um eurobônus garantido pela região e não por um país específico.

O mercado, que já não tinha gostado do fraco crescimento da Alemanha no segundo trimestre, ameaçou uma piora mais consistente após as declarações de Nicolas Sarkozy e Angela Merkel, mas isso não colou.

No câmbio local e lançando mão de um jargão de mercado, o dólar "andou de lado" durante todo o pregão até encerrar com leve alta de 0,06%, a R$ 1,592 na venda. Ante disso, a moeda tinha subido a R$ 1,605 e caído a R$ 1,586.

Na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), o dólar para setembro registrava leve baixa de 0,03%, a R$ 1,5975, antes do ajuste final de posições.

Pouca movimentação, também, no câmbio externo, o Dollar Index, que mede o desempenho da divisa americana ante uma cesta de moedas, subiu 0,10%, enquanto o euro recuou cerca de 0,20%, mas defendeu a linha de US$ 1,44.

A exceção foi o franco suíço, que apontou firme queda ante o dólar. O governo suíço "está avaliando um grande número de opções" (frase familiar para nós aqui no Brasil) para conter o fortalecimento da moeda. Desde a semana passada circulam rumores de que o governo poderia até atrelar o franco ao euro.

Mas há quem acredite que melhor do que uma ação é uma ameaça, repetida diversas vezes, por membros do governo e poderosos não identificados. Por aqui, sabe-se que tal estratégia não funcionou, vai que lá na Suíça esse tipo de coisa dá certo.

O fato é que o país sempre neutro está firme na "guerra cambial", na qual ingressou depois de ver sua moeda subir mais de 20% no ano.

 

No front local, os contratos de juros futuros ensaiaram um repique de alta, mas o viés de baixa voltou a prevalecer do vencimento janeiro de 2013 em diante.

O sócio-gestor da Leme Investimentos, Paulo Petrassi, nota uma "briga" entre operadores e economistas. Enquanto as taxas sugerem corte da Selic ainda em 2011, os economistas mantêm a visão de estabilidade do juro básico em 12,50% ao ano. E o Focus da segunda-feira foi sinal claro disso, mostrando Selic como está tanto no fim de 2011 quanto no encerramento de 2012. Claro que tudo muda se, de fato, a crise na Europa ganhar novos capítulos.

Eduardo Campos é repórter

 

 

 

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