01/07/2011

BNDES defende presença na união Pão de Açúcar-Carrefour

RIO DE JANEIRO (Reuters) - O Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social (BNDES) defendeu nesta quinta-feira sua
participação na proposta de união entre o Pão de Açúcar e o Carrefour
no Brasil, que pode criar uma gigante com cerca de um terço do varejo
nacional.

"O projeto que os empresários estão apresentando visa a criação e a
geração de valor para todos... A fusão vai gerar valor para nós",
afirmou o vice-presidente do BNDES, João Carlos Ferraz, a jornalistas
em evento no Rio.

"Isso vai gerar valor para nós e você sabe que metade do lucro do
BNDES é derivado do BNDESPar, e nós vimos aqui uma bela oportunidade
de geração de valor e empregos, que é a nossa missão", acrescentou.

O BNDESPar, braço de participações do banco de fomento, entraria com
3,9 bilhões de reais na complexa operação de aliança entre Pão de
Açúcar e Carrefour, pela qual o grupo liderado pelo empresário Abílio
Diniz incorporaria a operação brasileira da companhia francesa.

Graças ao aporte, o BNDESPar se tornaria sócio da empresa resultante
do negócio, que foi apresentado na terça-feira.

Ainda há uma série de dúvidas sobre o desfecho da operação, já que
hoje um dos principais acionistas do Pão de Açúcar é o também francês
Casino, principal rival do Carrefour na Europa.

Em meio ao imbróglio entre Diniz e Casino, o BNDES informou, em nota à
imprensa no início da noite, que "tem como premissa que esta oferta é
de caráter não hostil e confia no entendimento entre as partes
envolvidas".

"O BNDES reitera seu compromisso com a estrita observância das leis e
dos contratos, baseado em rigorosos princípios de ética nos negócios e
de nenhuma forma compactua com expedientes que os contrariem", afirmou
o banco de fomento.

BANDEIRA VERDE E AMARELA

Questionado se a participação do BNDES no negócio tinha motivação
técnica ou política, o vice-presidente do banco respondeu que "a
bandeira verde e amarela sempre é importante", sem se aprofundar no
tema.

Integrantes do governo brasileiro também se manifestaram favoráveis à
presença do BNDES, de controle federal, na operação empresarial.

O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando
Pimentel, disse na quarta-feira que a união de Pão de Açúcar e
Carrefour tem importância estratégica, por representar uma porta de
entrada de produtos brasileiros no exterior.

"Nos nossos supermercados temos produtos de outros países. Seria (um
passo) para internacionalização. A indústria de alimentos,
agronegócios, moda, bens de consumo é muito boa. Nós temos que ter
mais (grandes grupos nacionais)", corroborou o vice-presidente do
BNDES.

"Nós não queremos uma economia internacionalizada? Então temos que ter
mais bens mundo afora", completou.

(Reportagem de Rodrigo Viga Gaier)

Fonte: Uol

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