01/07/2011

Concentração de supermercados sobe e chega a 46% no país

As cinco maiores redes de supermercados do país têm aumentado a
participação no setor durante os últimos anos. Juntos, esses grupos
faturaram R$ 93,46 bilhões em 2010 --o equivalente a 46% das receitas
das empresas que atuam no segmento.

Em 2004, o percentual era de 40%. Os dados foram elaborados pela
Felisoni Consultores e Provar/Ibevar, a partir de informações da Abras
(Associação Brasileira de Supermercados).

O estudo mostra que a concentração no setor de supermercados é uma
tendência que deve se acentuar no país --principalmente se a fusão
entre o Grupo Pão de Açúcar e o Carrefour de fato ocorrer.

Caso a união seja aprovada, as duas redes terão, juntas, 2.386 pontos
de venda em 178 municípios, com receita anual de R$ 65 bilhões.

No Estado de São Paulo, região de maior consumo do país, a estimativa
é que a participação dos três principais grupos seja ainda maior: 60%
se considerado o faturamento de Pão de Açúcar, Carrefour e Walmart. Os
dois primeiros respondem por 47%.

"O aumento na concentração é uma tendência porque os produtos vendidos
nos supermercados têm margens [de lucro] reduzidas. Para aumentar os
ganhos, os supermercados buscam mais escala com maior participação
nesse mercado. É o que temos visto nos últimos anos", diz Claudio
Felisoni, coordenador do Provar/Ibevar.

Já a Apas (Associação Paulista de Supermercados) considera que a
concentração no setor supermercadista é menor --de cerca de 42%.

"Esse percentual tem se mantido estável nos últimos sete anos se
levado em conta somente o setor alimentar", diz João Galassi,
presidente da associação, ao se referir ao fato de o estudo do Provar
incluir as operações das Casas Bahia e do Ponto Frio nos números do
Pão de Açúcar.

Galassi considera "razoável" o nível de concentração no setor, e
afirma que, em 2000, o percentual era de 29%. "Após a compra de
pequenas e médias empresas, houve estabilidade."

Apesar do aumento na concentração nos últimos anos no Brasil, o
percentual ainda é inferior ao de outros países, como França (70%),
Reino Unido (63%), Portugal (63,2%) e a média da União Europeia
(48,9%).

"O grau de concentração no Brasil é até baixo se comparado ao de
outros países e se for considerada a polarização que existe entre as
redes. Ou seja, as três primeiras detêm percentual expressivo do
mercado. E a quarta e quinta colocadas têm 1,7% (G. Barbosa) e 1,2%
(Bretas)", diz João Carlos Lazarini, diretor do Provar/Ibevar.

CONSUMIDOR

A concentração no setor --e a proposta de fusão de Pão de Açúcar e
Carrefour-- não é benéfica ao consumidor, segundo Maria Inês Dolci,
coordenadora da ProTeste (Associação Brasileira de Defesa do
Consumidor).

"Quanto maior é o mercado, maior é a disputa para atrair o consumidor
com melhores preços, com qualidade de serviços e com investimento em
tecnologia que beneficiem o consumidor", diz.

Para Felisoni, em um primeiro momento a fusão poderá ser prejudicial
aos consumidores. "Mas, com a atuação do Cade [Conselho Administrativo
de Defesa Econômica], os efeitos serão minimizados." Isso porque o
órgão determina a venda de algumas lojas em regiões onde a
concentração supera o permitido pela legislação.

Fonte: Folha.com

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