12/07/2011

Diniz pode levar decisão para minoritários do Pão de Açúcar

Autor(es): Graziella Valenti e Ana Paula Ragazzi | De São Paulo

Valor Econômico - 12/07/2011

 

A disputa entre os sócios Abilio Diniz e Casino, pelo controle do Pão de Açúcar, caminha para um impasse dentro da holding Wilkes, veículo pelo qual eles controlam a empresa. A reunião do conselho está marcada para 2 de agosto.

A expectativa é que Diniz tente levar o tema para ser discutido em assembleia do Pão de Açúcar, mesmo sem uma definição em Wilkes. Pela Lei das Sociedades por Ações, a responsabilidade pela convocação da assembleia é do presidente do conselho de administração - na varejista, o próprio Diniz.

O acordo assinado com o Casino em 2006 abre brecha para essa estratégia, porém regula o comportamento dos sócios nesse cenário. O documento também deixa espaço para que a solução fique na mão dos minoritários.

Por isso, a estratégia de Diniz passa por convencer os acionistas de mercado de que a combinação com o Carrefour é boa para o Pão de Açúcar.

Em caso de impasse entre os controladores, em Wilkes, o acordo de 2006 determina que na primeira tentativa de uma assembleia do Pão de Açúcar tanto Diniz quanto Casino devem se recusar a votar. Se houver novas tentativas de assembleia, eles ficariam obrigados sempre a votar contra a pauta proposta.

Ambos os sócios estão trabalhando na definição de estratégias para o momento da assembleia, embora nenhum deles queira expor antecipadamente sua interpretação sobre o acordo.

Na tentativa de abrir uma negociação, Diniz afirma que se o Casino não quiser, a operação não se concretiza. Por outro lado, afirma que não acredita em outro fim para essa discussão além da realização da operação com o Carrefour.

O Casino também alega que sem seu voto, por conta do impasse em Wilkes, nada pode acontecer. Mas aposta que a história terá desdobramentos.

A disputa deve se acirrar ainda mais no caso de uma negativa do grupo francês sócio de Diniz, justamente porque a discussão iria para assembleia do Pão de Açúcar.

O debate sobre o encontro de acionistas do Pão de Açúcar envolve não só a interpretação do acordo de Wilkes, mas também a polêmica sobre qual espécie de ação poderá votar e quais acionistas.

Tudo isso porque a combinação com o Carrefour envolve a conversão das ações preferenciais do Pão de Açúcar em ordinárias, com deságio de 5% para os preferencialistas. Como essa etapa beneficia os ordinaristas, eles poderiam ficar impedidos de votar com esses papéis - tanto Diniz quanto Casino.

O que os assessores de Diniz gostariam de conseguir é uma forma de evitar que o Casino vote com as preferenciais que possui. O grupo francês possui 10% dessa espécie de ações.

A ideia de levar o debate para os minoritários também visa buscar o fortalecimento de um outro argumento de Diniz.

O acordo de acionistas determina que os sócios devem sempre votar em defesa dos interesses do Pão de Açúcar, e não em benefício próprio. E um dos argumentos do empresário é justamente que o Casino está apenas atuando em defesa da sua posição de controlador, mas sem pensar no futuro da companhia.

Assim, um apoio do mercado funcionaria como um aval ao projeto de Diniz e um sinal de que ele seria bom para a empresa.

A discussão em torno desse ponto é um dos motivos pelo qual o Casino, até o momento, ainda não admitiu publicamente que deve votar contra a transação. A ideia é se posicionar apenas no conselho de Wilkes, com os devidos argumentos.

A administração do próprio Pão de Açúcar contratou estudos para se posicionar a respeito da operação. O objetivo é que a gestão da empresa forneça sua opinião aos sócios.

Caso a conclusão seja de que a combinação seria positiva, nas condições financeiras propostas, servirá para fortalecer os argumentos de Diniz.

 

 Fonte: Um Investimentos

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