31/10/2011

As renegadas podem brilhar no fim do ano

 

 

Autor(es): Daniele Camba

Valor Econômico - 31/10/2011

 

O mercado dos últimos dois dias da semana passada mais parece uma repetição do comportamento da bolsa no ano, só que de cabeça para baixo. Entre as ações que mais subiram desde quinta-feira, após o anúncio do novo pacote de salvamento dos países europeus, boa parte delas está entre as maiores quedas do ano. Alguns analistas acreditam que várias dessas ações, que foram renegadas durante quase 2011 inteiro, devem brilhar no possível rali de fim de ano, que tem grandes chances de ocorrer.

Para se ter ideia da interseção entre as duas listas (a das altas recentes e a de queda do ano), entre as 20 ações que mais subiram só na quinta-feira - dia em que o Índice Bovespa teve alta de 3,72%, refletindo o anúncio das medidas europeias -, nada menos do que 14 delas (70%) estão também no rol das 20 maiores quedas do ano.

A lista das ações que mais caem no ano está de ponta cabeça

A primeira conclusão que se tira disso é puramente matemática: as ações que caíram muito nos últimos meses possuem um bom espaço para valorizações. Portanto, devem ser as primeiras a se beneficiar num novo processo de recuperação dos mercados. "Mesmo sem sequer olhar um fundamento, os investidores sabem que o que está muito depreciado pode tirar a barriga da miséria na hora da virada", lembra um gestor de recursos.

Observando os dois ranking, conclui-se também que a maior parte das ações que caiu no ano e que agora se recupera é do setor de commodities. Existem alguns bons exemplos. As ações ordinárias (ON, com direito a voto) da MMX Mineração subiram 11% só na quinta-feira - a maior alta do Ibovespa no dia -, enquanto no ano registram queda de 29,3%.

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O mesmo ocorre com a Siderúrgica Nacional (CSN) e Gerdau. As ONs da CSN se valorizaram 7,89% no dia do pacote europeu, mas acumulam baixa de 35,13% em 2011. Já as preferenciais (PN, sem direito a voto) da Gerdau subiram 7,62% no dia D para a Europa. Em contrapartida, caem 31,21% no ano.

Alguns analistas acreditam que os fundamentos dos setores de commodities devem melhorar, juntamente com o cenário internacional - reflexo direto do novo pacote de socorro europeu.

O sócio da Cultinvest Asset Management Walter Mendes é um dos que apostam nessa recuperação dos papéis de commodities. Além do alívio na Europa, Mendes lembra que a temida possibilidade de uma desaceleração abrupta da economia chinesa (o chamado "hard landing") se mostra cada vez menos provável. "Com a China crescendo apenas um pouco menos e não muito menos, a demanda por commodities, especialmente por minério, deve continuar aquecida", completa ele.

 

 

 

 

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