27/10/2011

Grécia ganha desconto de 50% na sua dívida

Foto: YVES HERMAN/Reuters

O presidente francês, Nicolas Sarkozy, anuncia também aumento da capacidade de resposta do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira para 1,440 trilhão de euros. Será o suficiente para estancar a hemorragia da crise?

27 de Outubro de 2011 às 07:38

Roberta Namour – correspondente do 247 em Paris – Eram quase 4 horas da manhã em Paris (0h no horário de Brasília) quando o presidente Nicolas Sarkozy veio a público para anunciar o saldo de uma reunião entre líderes europeus que durou quase 10 horas. Após meses de discordâncias e intensas negociações, a França, a Alemanha e os países da Zona do Euro aceitaram em perdoar a dívida da Grécia em 50%. «A cúpula nos permitiu adotar elementos para uma resposta global, ambiciosas e credível à crise que atravessa a zona do Euro », declarou Sarkozy.

Para que o perdão parcial à Grécia pudesse acontecer, Nicolas Sarkozy, Angela Merkel e a diretora geral do FMI, Christine Lagarde, fizeram um verdadeiro trabalho braçal frente às instituições financeiras. Eles tiveram de intervir pessoalmente junto aos bancos para obter essa redução substancial da dívida grega. O abandono de 50% do déficit representa 100 bilhões de euros de um total de endividamento de 350 bilhões de euros. « A noite de hoje viu uma negociação de pessoas que sabiam que uma catástrofe pesava sobre seus ombros », sintetizou Nicolas Sarkozy. A contribuição do setor privado, associada a um esforço dos membros da Zona do Euro de 130 bilhões de euros, deve permitir a redução da dívida da Grécia de mais de 160% do PIB hoje para 120% em 2020. « Uma nova era se abre à Grécia », comemorou o primeiro-ministro grego, Georges Papandreou.

Além disso, o Fundo Europeu de Estabilidade Financeira receberá um aporte de 1 trilhão de euros, que será somado aos 440 bilhões de euros já em caixa – saldo considerado até então insuficiente para socorrer Estados do porte da Itália e da Espanha, por exemplo. A cúpula de Bruxelas também acertou elevar os fundos de capital próprio dos bancos para 9% do total de seus ativos até 30 de junho de 2012, contra os 5% atuais. Em troca, se comprometeu a recapitalizar os bancos europeus com o dinheiro necessário para reduzir o impacto do prejuízo. A Autoridade Bancária Europeia (EBA, da sigla em inglês) calculou na quarta-feira que os bancos europeus necessitam de 106 bilhões de euros, sendo 30 bilhões para os gregos, 26,161 bilhões para as instituições espanholas, 14,770 bilhões para os italianos e 8,840 bilhões de euros para os bancos franceses.

O impasse da dívida grega era o último grande obstáculo para impedir o contágio da crise a outros países da zona do euro com economias maiores. A diretora geral do FMI, Christine Lagarde, elogiou os « progresso substancial » realizado pela cúpula europeia em Bruxelas. «No presente momento, tenho a intenção de solicitar ao conselho de administração do FMI a transferência do próximo pacote de empréstimo à Grécia », declarou Lagarde. O presidente do Banco Central Europeu, Jean-Claude Trichet, também saudou as decisões extremamente importantes que foram tomadas.

Nos próximos dias, o mercado financeiro poderá servir de termômetro para mostrar se os esforços feitos nessa madrugada serão ou não suficientes para demonstrar ao resto do mundo a boa vontade dos europeus em sair da crise. Mesmo assim, eles já aunciaram que vão precisar muito da ajuda dos emergentes.

 

 

 

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