26/10/2011

Sem pressa, Robert Mangels começa a avaliar sucessão

Por Marina Falcão | De São Paulo

A palestra do presidente da Mangels ontem durante o 12º Congresso Internacional de Governança Corporativa (IBGC) terminou antes que o executivo tivesse tempo para responder a uma última pergunta da plateia. Afinal, não fosse pela exigência da BM&FBovespa para as empresas que estão nos níveis de governança, Robert Mangels abriria mão de ocupar, simultaneamente, os cargos de principal executivo e presidente do conselho de administração da companhia?

"Sim", disse Robert Mangels ao Valor, após a apresentação. "Em termos de governança, é preciso haver pessoas diferentes nesses dois postos", justificou.

Apesar da convicção, o executivo - que está a frente da Mangels há 22 anos - não deve sair do cargo antes de três anos, prazo imposto pela bolsa para a adaptação das companhias. "Precisamos ainda desse tempo para buscar o meu sucessor."

Segundo Mangels, o novo presidente da empresa, que produz equipamentos de ferro e aço, não será membro da família. "Até porque não há mais ninguém na linha sucessória dentro da empresa em condições de assumir o cargo", diz. O novo executivo também não deverá ser trazido de fora. A escolha será feita dentre os atuais diretores que tiveram suas carreiras construídas na companhia.

Aos 60 anos, Robert Mangels considera que já adentrou a faixa etária "boa para se aposentar". Mas mesmo depois de deixar o comando da empresa, ele quer permanecer no conselho de administração.

Até lá, ele não descarta comandar a migração da Mangels para o Novo Mercado, degrau mais alto em governança da bolsa brasileira. "Há alguns anos temos estudado essa possibilidade, mas ainda sem uma definição."

O principal empecilho para a companhia dar esse salto é o baixo valor relativo das suas ações. "A preocupação com a perda de controle é secundária, pois seria recompensada pelos ganhos em governança e pela valorização da empresa no mercado. Por isso, o caminho natural, no longo prazo, é o Novo Mercado", disse.

A Mangels estreou na bolsa em 1971 e integrou a leva de empresa que abriu capital na época do chamado "Milagre Econômico". Seu controle é exercido por uma holding familiar, que tem 100% das ações ordinárias (com direito a voto) e 35% do capital total. "Nossos papéis recebem um desconto muito grande porque têm baixa liquidez, mas também estão num patamar historicamente mais baixo porque estamos apresentando rentabilidade menor", explica.

Ontem, as ações preferenciais (sem direito a voto) da Mangels encerraram cotadas a R$ 5,6, negociadas a apenas 40% do seu valor patrimonial. No ano, caem 47%. Nesse patamar de preços, a companhia descarta a possibilidade de, no médio prazo, acessar o mercado por meio de uma oferta pública de ações.

Atualmente, a empresa está em fase de conclusão da incorporação de algumas de suas controladas de capital fechado. "A ideia é reduzir as despesas administrativas reunindo todas as operações na empresa de capital aberto", afirma.

 

 

 

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