31/10/2011

O silêncio dos banqueiros

 

Após três semanas de protestos nas capitais do mundo contra o sistema financeiro, bancos internacionais aceitam tomar um calote de E 100 bilhões da Grécia. Coincidência?

Por Denize BACCOCINA

Na madrugada da quinta-feira 27, enquanto manifestantes protestavam contra a ganância dos banqueiros e de Wall Street e acampavam em centros de cidades como Nova York, Oakland, Chicago e Londres, presidentes e primeiros-ministros da zona do euro se congratularam mutuamente, depois de dez horas de reunião para decidir o futuro da dívida grega. Eles se comprometeram a capitalizar e adotar regras mais rigorosas para o sistema financeiro e jogaram para os bancos privados parte da fatura da crise que paralisa o Velho Mundo: credores de boa parte da dívida grega, os bancos serão obrigados a aceitar um calote de E 100 bilhões (R$ 240 bilhões) ou metade do que deveriam receber.  As vozes das ruas foram ouvidas? Pode ser. O resultado, sem dúvida, foi influenciado pelo desorganizado e barulhento movimento global contra o socorro dos governos ao sistema financeiro desde 2008, num momento em que a população dos países em crise paga o alto preço do desemprego e do desalento. Os bancos, afinal, tiveram de dar sua cota de sacrifício nesta segunda etapa da crise. "Os credores privados farão um esforço voluntário de 50%", anunciou, animado, o presidente francês Nicolas Sarkozy ao fim da reunião em Bruxelas.

 

"Não chamamos os bancos para negociar, mas para informar nossa posição." A alternativa para os banqueiros seria o calote de 100%, acrescentou o presidente francês. "É uma nova era que se abre para a Grécia", afirmou o primeiro-ministro, Georges Papandreou, que sinalizou com a estatização temporária de bancos gregos. Com a medida, a dívida grega, estimada em € 350 bilhões, cai para € 250 bilhões e deve diminuir dos atuais 165,6% em relação ao PIB para 120% em 2020. "Ficamos à altura das expectativas e fizemos o que era preciso pelo euro",

 

 

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