21/10/2011

BTG Pactual diminui ritmo no varejo

 

Autor(es): Por Adriana Mattos | De São Paulo

Valor Econômico - 21/10/2011

 

Os negócios do BTG Pactual na área de varejo perderam força nos últimos tempos, numa visível mudança de rumo. O banco não fechou a compra da rede Casa & Vídeo e com a BR Pharma, a holding de farmácias do grupo e principal negócio no setor, o banco fez tímidas movimentações de fusões e aquisições no último ano. Desde a oferta inicial de ações (IPO), há quatro meses, a BR Pharma não fechou novas associações com redes varejistas na área de farmácias. A palavra de ordem agora é integrar o que já foi comprado.

Com a Casa & Video, as partes não se entenderam em relação às pendências financeiras da cadeia. E em relação às farmácias, só têm avançado conversas em que a parte vendedora aceita o formato de gestão proposto pelo BTG: o dono fica por tempo, mas depois a BR Pharma assume. Apesar do momento de consolidação do varejo, o BTG adotou postura comedida pois não quer tomar risco desnecessário, segundo fontes próximas ao banco.

"Eles não vão fazer qualquer negócio a qualquer preço porque têm caixa ou porque está todo mundo se unindo", diz uma fonte ligada ao banco. Além disso, segundo a fonte, "nem sempre o que é bom para eles, pode ser negociado e, muitas vezes, o que está longe de ser bom, é oferecido dia e noite", conta. Um bom exemplo é a rede Panvel, da família Mottin, que tem como acionista minoritário um gestor de fundos, a Investidor Profissional. O negócio é bem avaliado pelo setor, mas as partes não aceitam novos parceiros.

A BR Pharma chegou a analisar alguns negócios na área de farmácias neste ano, mas até o momento nada foi adiante. Ainda há possibilidade de uma associação com uma rede de drogarias, a ser anunciada até dezembro, apurou o Valor.

O banco tem consciência de que, com a união de Drogasil e DrogaRaia e da Drogarias Pacheco com a Drogaria São Paulo, o jogo mudou. No ranking geral de número de lojas, a BR Pharma passou da primeira posição para a terceira em apenas dois meses.

"Ficamos menores e com as últimas fusões, passamos a ter mais dificuldade de tentar qualquer coisa no Sudeste. Mas isso abriu espaço para focarmos parte do nosso tempo em integrar nossas operações adquiridas", conta um executivo ligado à BR Pharma.

A rede contratou o executivo Flavio Sanchez, que coordenou, a integração entre a Brahma e a Antarctica, para liderar esse projeto na empresa.

Um dos pontos mais delicados nesse processo é a padronização dos sistemas de informática das lojas e a união de estruturas com formatos de operação diferentes: há franquias e lojas próprias no portfólio da BR Phamra. São mais de 660 pontos em operação.

Um cartão de fidelidade já foi lançado para todas as lojas e a empresa estuda a hipótese de lançar, até o Natal, uma marca própria para ser vendida nas farmácias. Desde 2009, a BR Pharma se uniu ou comprou quatro redes: Farmais, Guararapes, Rosário Distrital e Mais Econômica. Essa última foi a única negociação da empresa neste ano.

"Eles [o BTG] sempre quiserem estar entre os principais consolidadores. Mas com as últimas associações no varejo de drogarias, ficaram pequenos. A dúvida é se não podem acabar se tornando vendedores a curto prazo", diz um analista. Não é algo que esteja na mesa de discussão do banco. A BR Pharma descarta a ideia de se desfazer de suas operações no curto e médio prazos. "Esse não é o plano, mas se eles não ganharam musculatura, não sei até que ponto, sendo um "private equity", [o BTG] não pode mudar de lado", pondera esse analista.

 

 

 

 

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