conhecidos como Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul)
protestaram nesta terça-feira contra a intenção da Europa de manter o
cargo de diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional após a
renúncia do francês Dominique Strauss-Kahn.
O protesto está em um comunicado conjunto firmado pelos cinco membros
do Conselho de Administração que representam os Brics: o brasileiro
Paulo Nogueira Batista, o russo Alexe¯ Mojine, o indiano Arvind
Virmani, o chinês Jianxiong He e o sul-africano Moeketsi Majoro.
"Estamos preocupados com as declarações públicas feitas recentemente
pelos responsáveis europeus de alto nível sobre a manutenção de um
europeu no cargo de diretor-gerente" do Fundo, destaca o comunicado.
Strauss-Kahn, 62 anos, renunciou ao cargo de diretor-gerente do Fundo
no dia 18 de maio, após ser acusado por uma camareira de hotel de
agressão sexual, tentativa de estupro e cárcere privado.
Segundo o comunicado, vários acordos internacionais pedem um
procedimento (de seleção) verdadeiramente transparente, fundamentado
no mérito e não na nacionalidade, como acontece com o FMI e com o
Banco Mundial (Bird) desde sua criação, em 1944. "Isto exige abandonar
a convenção não-escrita e obsoleta de que o dirigente do FMI seja
europeu".
O México foi um dos primeiros países a pleitear uma candidatura
oficial, com o diretor do Banco Central mexicano, Agustín Cartens.
Contudo, todos os olhos estão voltados para a atual ministra de
Finanças francesa, Christine Lagarde, considerada a pessoa ideal na
Europa para suceder a Dominique Strauss-Kahn.
Uma das razões justificadas por alguns governos europeus para apoiar
Lagarde é seu conhecimento da atual crise na Grécia, Irlanda e
Portugal, todos países sob ajuda do Fundo.
"Este é o momento de chamar pessoas capazes de manejar crises
financeiras e os membros de países emergentes têm mais capacidade que
os europeus, devido a sua experiência", disse Claudio Loser, que foi
diretor para América Latina do FMI.
"O que nos preocupa é o conflito de interesses", destacou Arturo
Porzecanski, economista e analista do Centro de Estudos Estratégicos e
Internacionais (CSIS). "O Fundo poderia perder sua objetividade e se
tornar uma fonte fácil de financiamento com um europeu à frente",
explicou.
Já para Moisés Naim, economista do Fundo Carnegie para a Paz e
colunista do jornal "El País", de Madri, não seria muito pedir aos
candidatos que prometam permanecer no cargo durante todo seu período.
"Os últimos três chefes do FMI - todos europeus, naturalmente -
renunciaram antes do tempo".
Fonte: Uol
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